Jornalista Marceu Vieira Morre no Rio aos 63 Anos. O cenário cultural e jornalístico do Brasil perdeu um de seus talentos mais multifacetados nesta segunda-feira (29). Marceu Vieira, um renomado profissional que se destacou como jornalista, escritor, compositor e redator, faleceu na capital fluminense aos 63 anos de idade, deixando um vasto legado e saudades em seus familiares e colegas de profissão.
A causa da morte de Marceu Vieira foi um câncer de pulmão, doença que ele tratava desde o ano passado. Ele estava internado há aproximadamente um mês no Hospital Quinta D’Or, na zona norte do Rio de Janeiro, onde recebia cuidados médicos intensivos. A notícia de seu falecimento reverberou entre seus muitos amigos e ex-colegas, que lamentam a partida de uma figura tão querida e influente no meio.
Ao longo de sua vida, o jornalista, escritor e compositor, Marceu Vieira, forjou uma carreira sólida, transpondo as barreiras de diversas áreas e marcando presença em importantes veículos de comunicação do país. Seu comprometimento e paixão pelas palavras o fizeram um profissional respeitado, cujo legado será lembrado por gerações. Os amigos e familiares, ainda consternados, se preparam para as despedidas.
Trajetória Marcada no Jornalismo Brasileiro
Nascido em Morro Agudo, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Marceu Vieira era jornalista por formação, graduado pela prestigiada Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua trajetória profissional foi rica e diversificada, percorrendo as redações dos maiores e mais influentes jornais e emissoras de televisão do Brasil. Ele deixou sua marca em veículos como o tradicional Jornal do Brasil, os populares Extra e O Dia, além de ter contribuído significativamente para O Globo e a TV Globo.
Mais recentemente, o renomado Marceu Vieira atuava como redator no programa Conversa com Bial, da TV Globo, contribuindo para um dos programas de entrevistas mais respeitados da televisão brasileira. Sua experiência e sensibilidade na construção de narrativas foram cruciais para o sucesso da atração. Em cada redação por onde passou, o jornalista construiu um círculo vasto de amizades, sendo sempre lembrado por seu profissionalismo e carisma.
Um Compositor Apaixonado pelo Samba e Carnaval
Além de seu brilhantismo no jornalismo, Marceu Vieira era uma alma vibrante do samba e do carnaval carioca, revelando-se um compositor talentoso e apaixonado. Sua contribuição para a música brasileira se materializou em parcerias notáveis e canções que ecoaram na voz de grandes artistas. Entre suas composições, destacam-se “O que é meu”, criada em colaboração com Tuninho Galante e imortalizada na voz de Nilze Carvalho. Outra joia musical foi “Samba do Esquecimento”, composta com João Pimentel e Teresa Cristina, gravada com maestria por Ernesto Pires. A canção “E vai que dá”, também em parceria com Tuninho Galante, ganhou vida na interpretação de Ana Costa.
Sua ligação com o carnaval de rua do Rio de Janeiro era profunda. Marceu Vieira não era apenas um observador; ele participava ativamente da efervescência cultural dos blocos de rua, sendo membro e compositor de agremiações icônicas como o “Imprensa que eu Gamo”, formado por colegas jornalistas, e o histórico “Simpatia é Quase Amor”. Seu entusiasmo e alegria nesses espaços culturais eram contagiantes, consolidando-o como uma figura emblemática da cultura popular carioca. A morte de Marceu Vieira, certamente, deixa um vazio na folia e na música, doena que, conforme dados do Ministério da Saúde, representa um grave desafio de saúde pública no Brasil.
O Legado de um Homem Querido
Marceu Vieira deixa três filhos — Maria, Mateus e Vitória —, além de uma legião de amigos e admiradores que construiu ao longo de sua notável vida. Em um comovente comunicado divulgado nas redes sociais, os filhos expressaram sua gratidão e admiração pelo pai, revelando a coragem com que ele enfrentou a enfermidade até o fim. “É com o coração apertado, mas cheio de gratidão, que nos despedimos do nosso amado Marceuzinho. Ele lutou com coragem até o fim, mas chegou a hora do seu descanso”, afirmaram.
Na mensagem, eles ressaltaram o lado humano e extraordinário do jornalista, cronista, compositor e sambista, reforçando a imagem de um pai excepcional, um amigo leal e um profissional brilhante. A espiritualidade e a crença em que “tudo acontece no tempo certo” marcaram a despedida dos filhos, que pediram que amigos e familiares vibrassem amor, paz e gratidão pela oportunidade de terem convivido com uma pessoa tão especial.
A Homenagem de Ancelmo Gois: “Meu Irmão Carioca”
A perda de Marceu Vieira comoveu profundamente o jornalista Ancelmo Gois, seu colega e amigo de longa data. Gois, em um texto emocionante, referiu-se a Marceu como seu “irmão carioca”, evidenciando a profunda ligação que compartilhavam desde os anos 80. Embora Gois seja natural de Frei Paulo (SE) e Marceu de Morro Agudo, Nova Iguaçu (RJ), a parceria e a cumplicidade os uniram.
A relação profissional entre eles floresceu ainda no antigo Jornal do Brasil. Em 2001, quando Ancelmo Gois chegou a O Globo para chefiar sua coluna, o primeiro convite para auxiliar na produção foi feito a Marceu. Durante cerca de uma década, juntos produziram mais de 70 mil notinhas, marcando um período de grande produtividade e celebração do Rio de Janeiro. Marceu Vieira foi fundamental para a coluna destacar as belezas e particularidades da cidade, mesmo em meio às suas mazelas. Foi ele quem trouxe à tona o renascimento cultural da Lapa, dando voz à efervescência musical de casas como “Carioca da Gema” e “Rio Scenarium”, além de inúmeros outros pontos de encontro da boemia carioca.
O resurgimento do carnaval de rua também foi pauta frequente, impulsionado pela dedicação de Marceu, que ajudou a registrar o surgimento de dezenas de novos blocos, inclusive sendo coautor de alguns sambas do “Imprensa que eu Gamo”. A ligação de Marceu com o bloco “Simpatia é Quase Amor”, no qual ele brincava pertencer à “velha guarda”, e o seu carinho pelo botequim Bip Bip, reduto de rodas de samba e choro em Copacabana, eram aspectos que Gois frequentemente incluía em suas anotações, evidenciando o amor genuíno do jornalista pela alma carioca. Ancelmo Gois lamentou a perda de um grande amigo e reconheceu que o jornalismo brasileiro se despede de um dos mais notáveis profissionais de sua geração, ressaltando a generosidade e o sentimento de Marceu Vieira, qualidades cada vez mais raras na sociedade atual.
A sensibilidade de Marceu em captar a essência da cidade e sua habilidade em transformar essa percepção em textos jornalísticos, canções e ações culturais deixam um legado que transcende sua passagem por grandes redações. Sua partida é uma perda imensa não apenas para a família e amigos, mas para o jornalismo, a música e a cultura do Brasil. As homenagens e o reconhecimento à sua vasta contribuição são testemunhos de uma vida dedicada à arte de narrar e celebrar.
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Foto: Reprodução
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