Neste domingo, 9 de dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva marca presença em Santa Marta, Colômbia, para a significativa cúpula conjunta da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE). Este encontro de alto nível se propõe a ser um fórum crucial para o diálogo birregional, abordando temas que variam desde a retomada de parcerias econômicas até discussões sobre a estabilidade e a soberania na região do Caribe.
A pauta do presidente brasileiro ganha contornos específicos em meio a preocupações geopolíticas. Durante uma entrevista concedida a agências internacionais na semana anterior, em Belém (PA), Lula sublinhou a importância estratégica do encontro como um espaço ideal para aprofundar as discussões acerca da intensa movimentação militar dos Estados Unidos (EUA) na área do Caribe e na costa da Venezuela. O líder reiterou que a América Latina se posiciona como uma zona de paz, descartando a necessidade de confrontos bélicos na região.
Lula participa de Cúpula da Celac na Colômbia
Segundo o presidente, a relevância da atual reunião da Celac residiria precisamente na abordagem dessas questões delicadas, conforme expressou em suas declarações: “Só tem sentido a reunião da Celac, neste momento, se a gente for discutir essa questão dos navios de guerra americanos aqui nos mares da América Latina”. Lula também rememorou um diálogo prévio com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, enfatizando a identidade da América Latina como um território pacífico e argumentando que quaisquer tensões, como o problema na Venezuela, são de natureza política e, portanto, demandam soluções políticas. Esta perspectiva reforça a busca por alternativas diplomáticas e negociadas para os desafios regionais.
O Contexto de Tensão Regional no Caribe
A cúpula Celac-UE acontece em um momento de acentuada tensão no Caribe, cenário que foi determinante para a posição defendida pelo presidente Lula. Os Estados Unidos intensificaram sua presença militar na área, enviando tropas terrestres, submarinos e navios, justificando a ação como parte do combate a rotas de narcotráfico que supostamente abasteceriam o país norte-americano. Reporta-se, inclusive, bombardeios a embarcações na região sob esta mesma premissa.
No entanto, o governo da Venezuela, liderado pelo presidente Nicolás Maduro, oferece uma interpretação distinta para tal incremento militar. Maduro tem argumentado que as manobras estadunidenses na região têm como principal motivação os interesses nas vastas reservas de petróleo venezuelanas, com o objetivo final de orquestrar a sua remoção do poder. Esse panorama de interesses divergentes e crescentes preocupações com a segurança regional torna a plataforma de diálogo oferecida pela Celac ainda mais crucial para a busca de consenso e a manutenção da paz na América Latina e Caribe.
O Diálogo Birregional e os Acordos Futuros na Cúpula
O encontro em Santa Marta congrega um espectro significativo de líderes internacionais, reunindo representantes dos 27 países membros da União Europeia e das 33 nações que compõem a Celac. O foco central das discussões reside na urgente necessidade de reativar e aprofundar o diálogo birregional, que passou por períodos de menor intensidade. Além disso, as negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia são uma prioridade máxima, visando a construção de uma parceria econômica robusta e mutuamente benéfica que poderia redefinir o panorama comercial global.
Este evento configura a quarta cúpula entre a Celac e a UE, e marca o décimo encontro abrangendo as duas regiões desde o início dessas relações bilaterais em 1999. A expectativa geral é que o evento culmine na formalização de documentos de grande importância estratégica, como a “Declaração de Santa Marta” e o “Mapa do Caminho 2025-2027”. Tais iniciativas têm o propósito ambicioso de traduzir os intensos debates e diálogos birregionais em ações concretas e políticas públicas efetivas, demonstrando o compromisso das partes em gerar resultados tangíveis e duradouros para a cooperação e o desenvolvimento conjunto.
Brasil e seu Papel Estratégico na Celac
A estrutura de liderança rotativa da Celac desempenha um papel importante na dinâmica regional. Atualmente, a Colômbia detém a presidência pro tempore da reunião para o ano de 2025, um posto de responsabilidade que será futuramente assumido pelo Uruguai em 2026. A sequência de presidências teve Honduras como nação precedente à Colômbia. O Brasil, um dos principais articuladores da integração regional, retomou sua participação plena nas cúpulas da Celac em janeiro de 2023, após um período de ausência que se estendeu por três anos.
Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Esse retorno reflete um renovado engajamento do governo brasileiro com as políticas de cooperação Sul-Sul e com o fortalecimento dos laços regionais, reafirmando o compromisso do país com o multilateralismo e a busca por soluções conjuntas para os desafios que afetam a América Latina e o Caribe. A presença do presidente Lula nesta cúpula sublinha a importância que o Brasil atribui à Celac como plataforma de diálogo político e cooperação em temas cruciais para o desenvolvimento e a estabilidade de toda a região, buscando inclusive um maior alinhamento com a União Europeia em diversas frentes. Para entender mais sobre a reintegração do Brasil à comunidade, consulte informações da Agência Brasil sobre a retomada da participação.
A Agenda do Presidente Lula em Duas Frentes Internacionais
A agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstra um intenso calendário internacional, equilibrando compromissos importantes. Apesar de a cúpula Celac-UE ter previsão para se estender até a segunda-feira, dia 10 de dezembro, a participação do líder brasileiro está restrita ao primeiro dia do evento, o domingo, dia 9.
Após cumprir os compromissos agendados em Santa Marta, o presidente empreenderá um retorno direto para Belém, no estado do Pará. Seu deslocamento tem como finalidade participar da abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, um dos eventos ambientais mais relevantes do calendário internacional. Essa dinâmica ressalta a importância conferida pelo governo brasileiro tanto às questões de integração e estabilidade regional quanto aos desafios globais da sustentabilidade ambiental, indicando uma política externa ativa em diversas frentes cruciais.
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A presença de Lula na Cúpula da Celac na Colômbia reforça o compromisso do Brasil com a integração regional e o diálogo político frente a desafios geopolíticos e econômicos. Este encontro birregional é um marco para a articulação de respostas coordenadas e para a construção de um futuro mais estável na América Latina e Caribe. Para aprofundar-se em notícias e análises sobre o cenário político, convidamos você a continuar navegando em nossa editoria de Política e acompanhar as últimas informações.
Crédito da imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil
