Lula na Indonésia: Protecionismo e ‘Sul Global’ em pauta

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Em sua mais recente viagem oficial, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula na Indonésia destacou a relevância do “Sul Global” e expressou forte desaprovação às políticas protecionistas globais. A fala ocorreu durante sua visita a Jacarta, na capital indonésia, antecedendo um aguardado encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A presença de Lula no país asiático marca uma visita de Estado de grande importância, representando uma retribuição ao encontro ocorrido em julho deste ano, quando o líder indonésio, Prabowo Subianto, esteve no Brasil. Esta etapa constitui a primeira parada no continente asiático de um giro diplomático que se estenderá até Kuala Lumpur, na Malásia, onde o presidente brasileiro participará da cúpula da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático, um bloco estratégico para as relações comerciais e geopolíticas.

Lula na Indonésia: Protecionismo e ‘Sul Global’ em pauta

No centro do discurso presidencial, a defesa de um alinhamento entre as nações do “Sul Global” para reduzir a dependência de potências estabelecidas ganhou destaque. Embora não tenha feito menção nominal, o presidente Lula direcionou suas críticas a políticas unilaterais, ecoando as restrições tarifárias impostas por Donald Trump a diversos parceiros comerciais, incluindo o Brasil. “Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo, nós queremos democracia comercial e não protecionismo”, declarou o chefe de Estado brasileiro, reiterando o compromisso de sua administração com uma agenda de colaboração internacional e mercados abertos. Em um cenário de discussões sobre a governança global, o multilateralismo é tema recorrente e debatido por organismos internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), sublinhando a posição do Brasil neste cenário.

A retórica do líder petista reflete a convicção de que os países do hemisfério sul precisam unir forças para discutir suas afinidades e encontrar soluções conjuntas para os desafios econômicos e políticos da atualidade. Lula ressaltou que “o que está acontecendo nesse momento na política e na economia demonstra cada vez mais que nós precisamos discutir as similaridades que existem entre os dois países”, referindo-se a Brasil e Indonésia, mas estendendo a ideia a todo o “Sul Global”.

A região asiática ocupa um papel estratégico fundamental na agenda externa de Lula. O presidente enfatizou que os países do continente são uma das prioridades de sua gestão. Em 2025, o Brasil já foi anfitrião de visitas dos líderes da Indonésia e da Índia. No mesmo período, Lula realizou viagens significativas à China, ao Japão e ao Vietnã, demonstrando o empenho em fortalecer os laços com economias e nações asiáticas para fomentar o comércio e a cooperação mútua.

No encerramento de sua apresentação em Jacarta, Lula surpreendeu ao anunciar sua intenção de concorrer novamente à presidência da República em 2026. “Eu vou disputar um quarto mandato no Brasil. Então, estou lhe dizendo que ainda vamos nos encontrar muitas vezes. Esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano. Mas estou preparado para disputar outras eleições”, afirmou o presidente ao seu colega Prabowo Subianto, indicando que a viagem atual faz parte de uma visão de longo prazo para a política externa brasileira.

A agenda da visita de Estado na Indonésia teve como meta principal a concretização de parcerias estratégicas em diversas áreas de interesse para o governo brasileiro. Entre os acordos firmados bilateralmente, destacam-se aqueles nas esferas de estatística, agricultura, energia, ciência, tecnologia e promoção comercial. Tais iniciativas visam aprofundar o intercâmbio entre as duas nações, buscando benefícios econômicos e desenvolvimento em setores-chave.

Além dos compromissos protocolares da visita oficial, a estadia de Lula incluiu encontros programados com empresários locais. Essas reuniões facilitam um importante intercâmbio comercial e de investimentos, contando com a participação de empreendedores brasileiros que acompanham a comitiva presidencial. A iniciativa sublinha o objetivo de expandir as relações comerciais e explorar novas oportunidades de negócios entre os dois países.

A delegação que acompanha o presidente brasileiro nesta importante jornada inclui os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação). Complementam a comitiva o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, evidenciando a amplitude e a seriedade dos temas em discussão.

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Imagem: www1.folha.uol.com.br

Um dos propósitos subjacentes nas discussões com líderes da região é buscar e formular alternativas às tarifas comerciais impostas pela administração Trump, tanto ao Brasil quanto a uma vasta gama de países ao redor do mundo, notavelmente aqueles do sudeste asiático. A busca por um alinhamento econômico e diplomático representa uma estratégia para mitigar os impactos de barreiras comerciais unilaterais.

Na subsequente etapa da viagem asiática, que acontecerá na Malásia, o presidente brasileiro tem agendada uma reunião bilateral direta com o presidente Donald Trump, prevista para o domingo, dia 26. Este encontro se configura como um dos pontos altos do giro de Lula pela Ásia, dada a expectativa em torno dos tópicos que serão debatidos pelos dois líderes globais.

A pauta esperada para o diálogo entre os presidentes do Brasil e dos EUA é abrangente e crítica. Deverão ser discutidas as tarifas aplicadas por Trump sobre produtos brasileiros, além de outras medidas americanas direcionadas a autoridades do Brasil. Entre estas, figuram a possível aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e as restrições de circulação impostas ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e a seus familiares, em uma planejada visita para eventos relacionados à Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Espera-se também que temas paralelos, mas de grande relevância regional e geopolítica, sejam abordados. Dentre eles, os recentes ataques promovidos pelos Estados Unidos contra embarcações venezuelanas e a iminência de uma incursão militar norte-americana na Venezuela serão discutidos. Na perspectiva do governo brasileiro, tais ações poderiam desestabilizar significativamente a região sul-americana, com repercussões diretas para o Brasil.

A passagem de Lula pela Indonésia reforça a prioridade do governo brasileiro em solidificar alianças no “Sul Global” e advogar por uma economia multilateral e democrática. Os acordos firmados e os diálogos abertos indicam uma estratégia clara de reposicionamento do Brasil no cenário internacional, visando a superação de desafios protecionistas e a promoção de uma agenda de desenvolvimento colaborativo.

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Crédito da imagem: Yasuyoshi Chiba/AFP

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