O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou hoje, dia 23 de setembro de 2025, com destino a Roma, capital italiana, para participar de um encontro crucial na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A expectativa predominante, no entanto, é que o foco político interno ganhe força imediatamente após o seu retorno ao Brasil, momento em que o chefe do executivo deverá anunciar o nome que ocupará a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso, que oficializou sua aposentadoria na última quinta-feira, 9 de setembro. A movimentação internacional de Lula é observada de perto não apenas pela sua agenda diplomática, mas pelas implicações políticas que se desdobrarão no cenário nacional em seu retorno.
O voo presidencial partiu da Base Aérea de Brasília por volta das 17 horas, levando uma comitiva ministerial que acompanhará o presidente durante os compromissos na Itália. Integram o grupo de apoio os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome). A presença desses titulares sinaliza a relevância dos temas a serem debatidos e dos acordos a serem articulados no âmbito das discussões sobre segurança alimentar e estratégias de combate à pobreza global, pautas centrais na agenda internacional do governo.
Lula decide novo ministro do STF após viagem a Roma
A agenda em Roma é densa e multifacetada, centrada principalmente em questões ligadas à alimentação e ao clima. Na próxima segunda-feira, 13 de setembro, Lula participará do Fórum Mundial de Alimentação. Durante o evento, está prevista a reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, além da inauguração do Mecanismo de Apoio da Aliança. Este novo órgão terá um secretariado e escritórios estrategicamente distribuídos em importantes capitais mundiais: Brasília, Adis Abeba, Bangkok e Washington, solidificando o engajamento do Brasil na luta global contra a fome e a pobreza. Para mais informações sobre o trabalho da instituição, é possível consultar o site oficial da FAO.
Outro ponto significativo da visita presidencial a Roma é a discussão sobre a Declaração de Belém, um documento que deve ser assinado durante a COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, a ser realizada em Belém do Pará em novembro. Os debates em solo italiano visarão definir os termos desta declaração, focada em Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas. Essa articulação é vista como uma etapa preparatória vital para os compromissos que o Brasil pretende assumir e propor globalmente no evento de novembro, reafirmando seu protagonismo nas pautas socioambientais.
Além dos compromissos oficiais e institucionais, o presidente Lula tem um encontro de grande repercussão diplomática. Segundo Jamil Chade, colunista do portal UOL, na próxima segunda-feira, 13 de setembro, o presidente terá uma audiência privada com o Papa Leão XIV. Será a primeira vez que os dois chefes de Estado se encontrarão, e a expectativa é que abordem temas como paz, justiça social e solidariedade internacional, dada a reconhecida postura humanitária de ambos os líderes globais. A reunião simboliza um marco na relação entre o governo brasileiro e o Vaticano, podendo abrir portas para futuras colaborações em pautas sociais e humanitárias.
No cenário interno, a expectativa que cerca o retorno de Lula ao Brasil se concentra em dois eixos principais: a definição do substituto de Barroso no STF e o desenrolar das propostas econômicas para um pacote fiscal robusto. O presidente manifestou a necessidade de propostas fiscais após a viagem. “Eu volto na quarta-feira e aí, sim, eu vou reunir o governo para discutir como é que a gente vai propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, que têm fintechs maiores do que banco, que elas paguem o imposto devido a esse país”, afirmou Lula, ecoando a necessidade de revisão do sistema tributário, especialmente após uma recente derrota no Congresso.
Essa declaração vem em um contexto delicado para a economia governamental. Na quarta-feira, 8 de setembro, uma Medida Provisória que visava tributar rendimentos de aplicações financeiras e apostas esportivas foi derrubada na Câmara dos Deputados por 251 votos a 193. A consequência direta dessa rejeição é uma projeção de arrecadação governamental de R$ 17 bilhões a menos para o ano de 2026. A derrota forçou o governo a reposicionar suas estratégias, e o Ministro da Fazenda, segundo relatos, será o principal articulador para a redefinição de caminhos após o revés no Legislativo.

Imagem: noticias.uol.com.br
Apesar de já prever a possibilidade de derrota, o governo insistiu na votação da MP para “mostrar a digital” dos parlamentares contrários à proposta, evidenciando as forças políticas envolvidas. Partidos como União Brasil, PP, PL e Republicanos votaram contra a medida, justificando sua oposição por serem “contra o aumento de impostos”. Essa frente é composta por siglas que, nos bastidores, já indicam apoio a uma possível candidatura de centro-direita para concorrer contra Lula nas eleições de 2026. A retórica utilizada pela oposição na época, inclusive, ressuscitou o apelido pejorativo “Taxad”, em referência ao ministro Fernando Haddad, utilizado como instrumento para mobilizar o eleitorado conservador contra as propostas governamentais de aumento de impostos.
A vacância na Suprema Corte também se tornou um componente ativo do debate eleitoral, especialmente para 2026. Conforme destacado pela colunista Letícia Casado, do UOL, a oposição ao governo pretende explorar a iminente indicação de um novo ministro por Lula na próxima campanha presidencial, transformando a nomeação em um tema relevante para questionar as escolhas do atual governo. Nos círculos políticos, diversos nomes são ventilados para a vaga. O atual Advogado-Geral da União, Jorge Messias, é amplamente apontado como o favorito para ser o sucessor de Barroso. Contudo, outros candidatos de peso, como o senador Rodrigo Pacheco, o ministro Bruno Dantas e o jurista Vinícius Marques de Carvalho, também aparecem nos bastidores com chances de serem escolhidos, segundo informações apuradas pela colunista Daniela Lima, do UOL.
Apesar das turbulências políticas e econômicas recentes, a popularidade do presidente Lula permanece estável. Uma pesquisa recente da Genial/Quaest, divulgada na quinta-feira, 9 de setembro, apontou o presidente na liderança em todos os cenários eleitorais projetados. O levantamento indicou que Lula detém 35% ou mais das intenções de voto no primeiro turno contra diferentes adversários. Em simulações de segundo turno, a liderança é ainda mais robusta, com o presidente atingindo mais de 41% nas disputas contra vários concorrentes, solidificando sua posição na corrida eleitoral que se aproxima, apesar dos desafios.
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Esta complexa teia de eventos, envolvendo diplomacia internacional e intensas manobras políticas domésticas, destaca um período de significativas decisões para o governo brasileiro. O retorno de Lula ao país abrirá, sem dúvida, um novo capítulo na gestão e na política nacional. Para continuar acompanhando de perto os desdobramentos desta e de outras notícias sobre o cenário político do Brasil, siga nossa editoria de Política e mantenha-se informado sobre os principais acontecimentos.
Crédito da imagem: Kylie Cooper/Reuters
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