Lula critica ações dos EUA e se retrata sobre fala de traficantes

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva **criticou ações dos Estados Unidos** dirigidas a embarcações suspeitas de envolvimento com o tráfico de entorpecentes nas águas do Caribe e do Pacífico. No entanto, em um momento subsequente, o chefe de estado sentiu a necessidade de realizar uma retratação pública em relação a declarações prévias em que ele havia afirmado que traficantes de drogas seriam, de fato, “vítimas dos usuários”. A sequência de eventos ocorreu enquanto o presidente se encontrava em missão oficial pela Ásia.

A jornada do presidente começou com compromissos em Jacarta, capital da Indonésia. O primeiro compromisso do dia incluiu uma visita de cortesia ao secretário-geral da ASEAN, a Associação das Nações do Sudeste Asiático, realizada na sede da influente organização. Após o término deste encontro protocolar, Lula concedeu uma entrevista coletiva a jornalistas que o aguardavam.

Lula Critica EUA e se Retrata sobre Fala de Traficantes

Durante a coletiva em Jacarta, o correspondente Felippe Coaglio abordou o presidente, questionando-o sobre as expectativas em relação ao encontro planejado com Donald Trump, agendado para o domingo seguinte, dia 26. Lula expressou sua total disposição em salvaguardar os interesses brasileiros e enfatizar que as taxações aplicadas ao Brasil eram indevidas. “Eu quero provar isso com números, de que houve equívoco das taxações. E, também, eu quero discutir um pouco a punição que foi dada a ministros brasileiros da Suprema Corte, que não têm nenhuma explicação, nenhum entendimento”, afirmou o presidente, delineando seus objetivos diplomáticos.

Este aguardado encontro bilateral entre os dois líderes começou a ser articulado em finais de setembro, após um breve cumprimento entre Trump e Lula durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. O governo brasileiro tem como principal objetivo nas negociações a anulação das sobretaxas de 40% impostas sobre diversos produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, medidas que vigoram desde agosto do ano anterior. Na ocasião da imposição dessas tarifas, Donald Trump associou diretamente o aumento tarifário ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Posteriormente, emitiu sanções a determinadas autoridades brasileiras sob a égide da Lei Magnitsky e implementou a suspensão de vistos para entrada nos EUA a essas mesmas personalidades, intensificando a pressão diplomática.

Adicionalmente, o presidente Lula condenou veementemente as ameaças recentes feitas por Donald Trump, que indicavam a possibilidade de invasão a nações soberanas para o combate ao narcotráfico internacional. Lula enfatizou a importância da observância da lei e da soberania das nações, argumentando que as abordagens devem focar na prisão e julgamento dos indivíduos, conforme a legislação vigente, e não em atos de guerra declarados sem provas cabais. “Você não fala que vai matar as pessoas. Você tem que prender as pessoas, julgar as pessoas, saber se a pessoa estava ou não traficando. Aí você pune a pessoa de acordo com a lei”, ressaltou o presidente. Ele sublinhou a importância do respeito à Constituição e à autodeterminação dos povos: “Você não pode simplesmente dizer que vai invadir, que vai combater o narcotráfico na terra dos outros, sem levar em conta a Constituição dos outros países, a autodeterminação dos povos, sem levar em conta a soberania territorial de cada país. Porque, se o mundo ficar uma terra sem lei, sem respeitabilidade, vai ficar muito difícil viver”.

Durante suas colocações sobre a questão do combate às drogas ilícitas, o presidente teceu uma analogia entre os usuários e os traficantes. Em sua fala, Lula asseverou que os consumidores de entorpecentes carregam a responsabilidade pela existência dos traficantes, os quais, paradoxalmente, seriam “vítimas dos usuários”. Esta linha de raciocínio gerou amplo debate, buscando-se compreender a complexa relação entre oferta e demanda no cenário do crime organizado. O presidente ponderou: “Toda vez que a gente fala de combater drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também. Ou seja, você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, de gente como que tem gente que vende. Então, é preciso que a gente tenha mais cuidado no combate à droga”.

No decorrer do mesmo dia, percebendo a repercussão de suas declarações, Lula utilizou uma de suas redes sociais para se retratar. Em sua postagem, ele declarou: “Fiz uma frase mal colocada e quero dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime organizado”. A declaração foi uma tentativa de esclarecer seu posicionamento e dissipar quaisquer interpretações equivocadas de sua fala original.

Para reiterar o compromisso de sua administração no combate ao narcotráfico e ao crime organizado, o presidente complementou sua retratação, afirmando: “Mais importante do que as palavras são as ações que o meu governo vem realizando, como é o caso da maior operação da história contra o crime organizado, o encaminhamento ao Congresso da PEC da Segurança Pública e os recordes na apreensão de drogas no país. Continuaremos firmes no enfrentamento ao tráfico de drogas e ao crime organizado”. Essas ações demonstram a seriedade do governo em atacar a criminalidade em múltiplas frentes.

Concluída a etapa em Jacarta e o subsequente episódio de retratação, o presidente Lula deu seguimento à sua agenda diplomática na Ásia. Na parte inicial da tarde, ele embarcou com destino à Malásia. Lá, tanto ele quanto Donald Trump estão previstos para participar da cúpula de nações do Sudeste Asiático, além de cumprirem uma série de reuniões paralelas com outros líderes mundiais. Os encontros devem abranger discussões cruciais sobre cooperação econômica, segurança regional e os desafios globais do narcotráfico, em um contexto de intensa diplomacia internacional.

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Este artigo detalhou as posições e o contexto das declarações do presidente Lula, incluindo suas críticas à atuação externa dos Estados Unidos e a subsequente retratação de sua polêmica frase sobre traficantes de drogas. Fique por dentro de mais notícias e análises sobre a política brasileira e as relações internacionais visitando nossa seção de Política para compreender melhor os desdobramentos governamentais e diplomáticos do Brasil.

Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

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