A Isa Energia, transmissora de origem colombiana, registrou um lucro líquido regulatório expressivo de R$ 550 milhões durante o terceiro trimestre de 2025. Este resultado notável representa um aumento de 27% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Tal crescimento foi impulsionado significativamente por fatores como a finalização da depreciação acumulada da Rede Básica do Sistema Elétrico (RBSE) e pela dedutibilidade dos juros sobre capital próprio (JCP).
O bom desempenho nos resultados financeiros se deve, em parte, à RBSE, que confere uma receita anual ligada diretamente às instalações de transmissão da empresa, agora com a vantagem de não mais ter a carga da depreciação acumulada. Paralelamente, os JCPs contribuíram para a otimização tributária, fortalecendo a linha de fundo da companhia.
Lucro da Isa Energia Salta 27% no Terceiro Trimestre de 2025
Apesar do expressivo avanço no lucro líquido regulatório, a receita líquida consolidada da Isa Energia apresentou um decréscimo de 9%, totalizando R$ 1,1 bilhão no trimestre analisado, quando comparado ao terceiro trimestre de 2024. Essa diminuição foi majoritariamente decorrente da redução do componente financeiro da RBSE e de impactos da Parcela de Ajuste (PA), refletindo as oscilações do ambiente regulatório e de mercado.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa também viu uma queda de 7%, situando-se em R$ 888 milhões. Contudo, esse índice foi suportado pela inclusão de novos projetos de reforço e melhoria (R&M), bem como pela remuneração associada à Subestação Centro. Esta última teve sua remuneração homologada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) durante o mesmo período, ajudando a mitigar um declínio maior.
Quando analisado sob a ótica contábil internacional (IFRS), o lucro líquido consolidado demonstrou uma retração de 28,4% em base anual, atingindo R$ 802,7 milhões. A gerência da companhia atribuiu essa variação, principalmente, ao forte impacto positivo gerado pela revisão tarifária periódica (RTP) que ocorreu no terceiro trimestre de 2024, estabelecendo uma base de comparação alta para o período subsequente.
Em contraste, a receita líquida da Isa Energia sob o padrão IFRS demonstrou solidez, encerrando o terceiro trimestre em R$ 2,55 bilhões, um crescimento de 41,7% na comparação anual. Os investimentos no período alcançaram R$ 1,2 bilhão, um aumento de 39% frente ao ano anterior, com 64% desse montante direcionado para projetos novos (greenfield). Dentre esses, destaca-se o projeto Serra Dourada, que já obteve licença de instalação para 60% de suas etapas de execução.
Rui Chammas, CEO da empresa, ressaltou o empenho da Isa Energia com projetos futuros, com cinco empreendimentos atualmente em construção e três previstos para serem finalizados em menos de um ano, prometendo adicionar aproximadamente R$ 450 milhões em novas receitas. O executivo reforçou a estratégia de investir continuamente em reforços e melhorias, com a perspectiva de adiantar algumas obras e elevar o investimento total para perto de R$ 1,5 bilhão.
Imagem: valor.globo.com
A Receita Anual Permitida (RAP) potencial total para o ciclo tarifário 2025/2026 está projetada em R$ 6,4 bilhões, registrando um aumento de 1,3% sobre o ciclo anterior. Essa expansão reflete os reajustes inflacionários baseados no IPCA e a energização de novos ativos. A alavancagem da empresa, mensurada pela relação entre dívida líquida e Ebitda, finalizou o trimestre em 3,44 vezes. A dívida, por sua vez, tem um prazo médio de 7,4 anos e um custo médio de IPCA + 7,61% ao ano.
No decorrer do trimestre, a companhia efetivou sua 20ª emissão de debêntures, captando R$ 2 bilhões, com prazos de vencimento variando entre 2037 e 2040, e mantendo o rating AAA (br) atribuído pela Fitch. Silvia Wada, diretora-financeira, explicitou que a comparação com o terceiro trimestre de 2024 é influenciada pelos robustos efeitos da revisão tarifária periódica (RTP) da concessão paulista observados àquela época. Ela frisou que, embora haja uma redução na RBSE na composição da receita, as novas receitas operacionais oriundas de projetos de reforços e melhorias, assim como os projetos licitados em operação e a recomposição inflacionária, geram um resultado positivo. Segundo Wada, a empresa está “substituindo antigas receitas por novas de maior longevidade”.
A política de dividendos da empresa mantém-se em linha com seu histórico, prevendo a distribuição de no mínimo 75% do lucro líquido regulatório em proventos. Três parcelas de Juros sobre Capital Próprio (JCP), totalizando R$ 445 milhões — ou R$ 0,674 por ação —, foram anunciadas, com pagamentos previstos para o final de 2025. Embora a Aneel agende um leilão para 31 de outubro, a Isa Energia não planeja participar. O CEO Rui Chammas, apesar de não confirmar abertamente a ausência, enfatizou que a companhia mantém o foco estratégico em crescimento pautado por disciplina financeira, almejando combinar a expansão orgânica com a entrega de retorno consistente aos acionistas. Além disso, a gestão permanece atenta ao progresso da carteira de projetos, que totaliza aportes de R$ 12,7 bilhões.
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Em suma, os resultados da Isa Energia no terceiro trimestre de 2025 delineiam um panorama de forte crescimento no lucro líquido regulatório, alicerçado por uma gestão eficaz e investimentos estratégicos. Mesmo diante de dinâmicas desafiadoras na receita consolidada, a empresa segue com sua visão de expansão e compromisso com o retorno aos acionistas. Para continuar acompanhando as principais análises e notícias do cenário energético e econômico, explore nossa editoria de Economia.
Torres de transmissão de energia elétrica Foto: MME/Divulgação
