Em um cenário empresarial cada vez mais dinâmico, a busca por uma liderança com modo founder tem se mostrado crucial para o sucesso duradouro de organizações de todos os portes. Quando companhias experimentam um crescimento acentuado, seus dirigentes frequentemente se veem distanciados do que verdadeiramente sustenta o negócio: o contato direto com a operação e, sobretudo, com os consumidores.
Este distanciamento, muitas vezes, resulta em deliberações estratégicas que falham em considerar a realidade intrínseca da atividade. A desconexão entre a alta cúpula e o chão de fábrica ou o atendimento ao cliente pode levar a decisões que não apenas carecem de aplicabilidade, mas também comprometem a eficácia e a agilidade organizacional.
Liderança: Adote o Modo Founder para Sucesso Duradouro
É precisamente para combater esse fenômeno que se populariza o conceito da mentalidade de fundador. O livro The Founders Mentality, escrito por Chris Zook e James Allen da renomada consultoria Bain & Company, elucida que as corporações de excelência são aquelas que conseguem preservar o pensamento e a paixão de seu criador, mesmo quando escalam significativamente. Esse mindset envolve uma proximidade genuína com os clientes, uma simplificação dos processos de execução e a capacidade inestimável de tomar decisões rápidas e assertivas, um tripé essencial para manter a relevância no mercado.
Willian Crizostimo, CEO da BW8, reforça a necessidade dessa abordagem. Para ele, ser um fundador transcende a mera ocupação de um cargo; é, antes de tudo, uma questão de atitude e coragem. Significa estar pronto para “ligar o modo founder” sempre que a situação assim exigir. “É ir para a linha de frente, assumir riscos e não deixar que os foguetes explodam sem resultado”, afirma Crizostimo, ressaltando a urgência de uma postura ativa e engajada por parte da liderança. Sem essa dedicação prática, a performance e a inovação tendem a declinar.
“Skin in the Game”: Liderança que Compartilha Riscos
A filosofia de liderança que preconiza o envolvimento direto e a partilha de riscos não é nova, mas ganhou notoriedade com pensadores como Nassim Nicholas Taleb. Em sua obra Skin in the Game (Apostando a Própria Pele), Taleb apresenta um princípio elementar: líderes autênticos devem dividir os mesmos riscos que esperam de seus liderados. Tal princípio é a antítese de uma gestão meramente hierárquica.
A falta dessa participação ativa da liderança – ou seja, quando um CEO se limita a emitir diretrizes de cima para baixo sem vivenciar as consequências diretas da execução – pode ser catastrófica. Crizostimo salienta que, nesse cenário, a organização perde tanto em legitimidade quanto em velocidade, minando a confiança da equipe e atrasando a implementação de projetos. A legitimidade da gestão é diretamente proporcional ao grau de envolvimento dos líderes nas frentes de trabalho. Um founder que se joga no campo de batalha, por assim dizer, demonstra disposição em assumir os riscos em conjunto com sua equipe, sem a blindagem da alta gerência. Esta abordagem é um contraponto direto àqueles que preferem observar os acontecimentos de uma zona de conforto estratégica, dissociada da realidade.
Para Crizostimo, uma gestão eficaz vai muito além da análise de indicadores em dashboards ou da leitura de relatórios produzidos por consultorias. “A estratégia só faz sentido se a execução acontece. E, para isso, o líder precisa estar presente”, pontua ele. Essa presença se manifesta de múltiplas formas: seja participando ativamente de uma reunião decisiva com um cliente importante, testando minuciosamente um novo processo de vendas junto à equipe, ou colaborando diretamente na implantação de um sistema complexo com o time técnico. Este envolvimento garante que a estratégia se traduza em ações concretas e resultados mensuráveis. A falta dessa participação na linha de frente não só retarda o processo, como também isola a liderança da verdade operativa do negócio. Para entender melhor os conceitos de gestão, consulte estudos de gestão da Bain & Company.

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“Barriga no Balcão”: Onde as Decisões Ganham Forma
No vasto ecossistema de negócios, existe uma expressão particular que encapsula perfeitamente essa ideia de envolvimento direto: “barriga no balcão”. Ela simboliza a necessidade de o líder estar lado a lado com sua equipe e seus clientes, experienciando em primeira mão o que realmente acontece na ponta da operação. É neste contato com a realidade – no “balcão” – que os desafios se tornam evidentes, as dores dos clientes são compreendidas e as oportunidades genuínas para inovação e aprimoramento surgem.
Muitas empresas se habituam a delegar aos seus líderes unicamente a tarefa de tomar decisões estratégicas macro, esquecendo-se da verdade fundamental de qualquer negócio: ele é feito de clientes, de entregas eficientes e de resultados palpáveis. É vital entender que somente quem está com a “barriga no balcão”, imerso no dia a dia da operação, é capaz de dimensionar o impacto real de cada deliberação, por menor que seja. Crizostimo compartilha sua própria experiência para ilustrar a relevância desse engajamento: “Já estive em reuniões de conselho em um dia e, no outro, estava revisando cadência de outbound junto com SDR”. Longe de diminuir a figura do CEO, essa prática, segundo ele, impulsiona a organização. “Isso não diminui um CEO, pelo contrário: dá velocidade, confiança e clareza para toda a organização”, explica, demonstrando que a agilidade e a inteligência das decisões aumentam exponencialmente quando baseadas na experiência concreta.
A ausência dessa vivência no dia a dia pode gerar planos mirabolantes que se descolam da realidade, tornando a execução um verdadeiro suplício e o alcance dos objetivos, uma quimera. A mentalidade do founder, em contrapartida, permite que o líder seja um vetor de mudança, um catalisador de soluções e um elemento de coesão, unindo estratégia e operação.
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O futuro do mundo dos negócios exige líderes que possuam a sabedoria para expandir empresas sem, contudo, negligenciar a essencial mentalidade de fundador. Essa é a liderança que não se escuda em complexos relatórios ou em métricas abstratas, mas que compreende que o verdadeiro sucesso de uma corporação reside na eficácia de sua operação, na satisfação do seu cliente e na concretização de resultados. Ações como coragem, entrega e busca por resultados, na visão de Willian Crizostimo, não podem ser meros chavões, mas sim práticas rotineiras e fundamentais. Para atingir esse nível, o founder deve estar permanentemente disposto a ativar seu modo mais elementar: o daquele que constrói, arrisca e lidera sempre a partir da linha de frente. Para continuar explorando debates e análises sobre o ambiente empresarial, convidamos você a acessar nossa editoria de Análises, onde o pensamento estratégico se encontra com a prática do mercado.
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