Na tarde da última terça-feira, 28 de outubro de 2025, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, esclareceu que não houve nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, para o apoio federal à recente Operação Contenção. A operação, desencadeada nos complexos do Alemão e da Penha, já contabiliza mais de 60 óbitos, confirmados pelo estado, ressaltando a gravidade dos confrontos na capital fluminense.
Em declaração à imprensa, Lewandowski foi enfático ao afirmar: “Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, para esta operação. Nem ontem, nem hoje, absolutamente nada.” A fala veio à tona em meio à repercussão dos incidentes e ao debate sobre a participação de forças federais em ações de segurança estaduais. Este esclarecimento sublinha uma potencial falha de comunicação ou de planejamento entre os entes federativos.
Lewandowski Nega Pedido de Apoio à Operação Rio
O ministro ainda adicionou que a ausência de um pedido prévio significa que nenhuma solicitação do governador Cláudio Castro para esta específica intervenção foi sequer analisada ou negada pelo seu ministério. Ricardo Lewandowski qualificou a ação como “cruenta”, um termo forte que denota a violência e o elevado número de baixas, tanto entre agentes de segurança pública quanto de civis considerados inocentes.
Recordando fatos recentes, Lewandowski mencionou que, no início do corrente ano, o governador do Rio de Janeiro havia comparecido ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Na ocasião, Cláudio Castro solicitou a transferência de importantes líderes de facções criminosas para penitenciárias federais de segurança máxima. O ministro fez questão de reforçar que, nessa circunstância, o pedido foi prontamente atendido, enfatizando que nenhuma solicitação do governador foi negada, quando formalmente apresentada e em conformidade com os protocolos. Este histórico evidencia uma abertura anterior para colaboração entre os governos federal e estadual em matéria de segurança pública, tornando a falta de um pedido para a atual operação um ponto de destaque.
Ministro se Absten de Julgamento, Expressa Solidariedade
Durante a coletiva de imprensa realizada na mesma tarde, Ricardo Lewandowski preferiu não tecer análises críticas sobre o mérito da operação. “Não posso julgar porque não estou sentado na cadeira do governador”, afirmou o ministro, ao ponderar sobre as responsabilidades e decisões inerentes ao cargo executivo estadual. Contudo, demonstrou profundo lamento pelas vidas perdidas, evidenciando uma preocupação com o custo humano da Operação Contenção.
Lewandowski fez questão de apresentar sua “solidariedade às famílias dos policiais mortos” e estendeu o sentimento às “famílias dos inocentes que também pereceram nesta operação”. Adicionalmente, reafirmou a disposição do Ministério da Justiça em prestar “qualquer auxílio que for necessário” às autoridades fluminenses, caso solicitado oficialmente, demonstrando um canal aberto para futuras colaborações, desde que baseadas em solicitações formais e contextualizadas.
A Cobrança de Cláudio Castro por Apoio Federal
Em contraste com a posição do ministro, o governador Cláudio Castro, ao se pronunciar sobre a Operação Contenção, externou sua insatisfação e fez uma cobrança explícita por mais suporte do governo federal no combate às organizações criminosas que atuam no território carioca. Segundo Castro, o estado está agindo isoladamente nesta “guerra” contra o crime organizado, o que, em sua visão, sobrecarrega os recursos e as forças de segurança locais.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
A percepção de isolamento, apresentada pelo governador, acende o debate sobre a coordenação entre as esferas de governo no enfrentamento à criminalidade, especialmente em regiões metropolitanas densamente povoadas e com altos índices de violência como o Rio de Janeiro. A tensão entre a alegação de “atuação sozinha” e a afirmação do ministro sobre a ausência de um pedido formal, destaca uma divergência na narrativa sobre o auxílio federal.
Impacto na Esfera Legislativa e a Defesa da PEC da Segurança
Em outro desdobramento político relacionado aos violentos episódios no Rio de Janeiro, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, utilizou as redes sociais para argumentar a urgência da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública no Congresso Nacional. Hoffmann ressaltou que os recentes acontecimentos deixam evidente a premente necessidade de uma articulação mais efetiva entre as forças de segurança para um combate mais coeso e bem-sucedido ao crime organizado em segurança pública no Brasil.
Para a ministra, ficou clara a indispensabilidade de que as ações policiais e de inteligência sejam antecedidas e fundamentadas em operações de inteligência, que englobem inclusive a inteligência financeira. Segundo Gleisi Hoffmann, tal estratégia é crucial para garantir o sucesso das incursões, citando a Operação Carbono Oculto como exemplo de ação bem-sucedida, pautada por esses princípios. A defesa da PEC reforça a visão de que a legislação atual pode ser insuficiente para enfrentar a complexidade das facções criminosas modernas, exigindo uma reestruturação nas políticas e nos mecanismos de segurança pública.
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Em resumo, as declarações de Ricardo Lewandowski geram um novo ponto de discussão sobre a comunicação e a colaboração entre as esferas de governo em momentos de crise, enquanto as repercussões da Operação Contenção continuam a mobilizar o debate político nacional sobre segurança pública. Para se aprofundar nas discussões e atualizações sobre o cenário político-social, clique aqui e explore nossa categoria de Política, mantendo-se sempre bem-informado.
Crédito da Imagem: MJSP/Reprodução



