Levante de Mulheres contra Feminicídio Cobre a Paulista

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Em um domingo, 7 de dezembro de 2025, a Avenida Paulista foi palco do Levante de Mulheres contra Feminicídio, uma imponente mobilização que reuniu milhares de cidadãos em São Paulo. O grande ato visava externar o repúdio generalizado à violência de gênero, exigindo ações concretas para frear a onda de feminicídios no país.

Participantes, compostos por mulheres e homens, uniram-se em faixas e discursos marcados pela veemência. As principais pautas da manifestação convergiam para o término da violência contra as mulheres, a implementação de penas mais rigorosas para delitos motivados por misoginia e um combate assertivo ao crescimento do discurso de ódio que assola as plataformas digitais e a comunicação eletrônica.

O protesto não se limitou à denúncia, mas abarcou uma discussão aprofundada sobre as questões estruturais que continuamente reforçam e perpetuam a violência de gênero. Temáticas como a adequação da legislação, a busca por liberdade e o imperativo do respeito mútuo foram centrais nos debates levantados no evento. Essas pautas buscam fomentar uma transformação social que transcenda a repressão e promova uma cultura de equidade.

Levante de Mulheres contra Feminicídio Cobre a Paulista

A professora Jessica Torres, 39 anos, destacou a importância de sua presença na manifestação. Segundo ela, é fundamental “tornar visível a questão de quanto a misoginia fere o direito da mulher de existir, a nossa verdade de viver”. Torres argumentou que o cerne da questão reside na misoginia, que ela descreveu como “tudo que fere a liberdade da mulher”. Sua fala ressaltou a percepção de que a negação da existência feminina plena é o ponto de partida para as demais formas de violência.

Para a educadora, a abordagem sobre a violência de gênero não deveria ter restrições etárias. Torres trabalha o tema de maneira pedagógica desde o ensino infantil, observando que crianças frequentemente espelham comportamentos observados em seus núcleos familiares, inclusive aqueles que revelam discriminação. Esta observação sublinha a importância de uma educação precoce para a equidade e o respeito.

Torres salientou a responsabilidade dos professores em abordar atitudes misóginas com livros, atividades lúdicas e, acima de tudo, com carinho e cuidado. “É uma coisa que pode ser leve, entende? A gente não está aqui para ser agressivo, a gente só quer poder ser livre”, concluiu a professora, enfatizando que o objetivo é a promoção da liberdade e da conscientização, e não o confronto.

A pedagoga Fernanda Prince, 34 anos, corrobora a perspectiva da professora Torres. Trabalhando com crianças de 6 a 8 anos, Prince descreve como é “muito fácil e interessante trabalhar o tema com esse público”. A recepção das crianças, segundo ela, é bastante positiva, com um entendimento ágil e perspicaz dos conceitos.

Prince defendeu a necessidade fundamental de discutir o feminicídio e a violência contra a mulher desde cedo, mesmo com a potencial resistência de algumas famílias. Ela explicou que os fundamentos para comportamentos saudáveis ou discriminatórios são lançados em aspectos cotidianos e aparentemente ingênuos, como a diferenciação de brinquedos e cores para meninos e meninas. Essas “sementinhas” de categorização podem, de fato, gerar frutos negativos na percepção de gênero.

A pedagoga confessou que sua presença na mobilização derivava de um sentimento de exaustão. “Eu acho que não tem mais como não vir pra rua”, afirmou Prince, em face da quantidade crescente de feminicídios e da facilidade com que pautas e influenciadores de cunho machista disseminam ódio por meio das redes sociais e da comunicação digital, normalizando e exacerbando a misoginia.

Maria das Graças Xavier, 58 anos, preferindo ser chamada de Graça, desempenhou um papel ativo na organização. Ela articulou a participação de um grupo significativo de mulheres e homens engajados no movimento de moradia na região sudeste da capital paulista. A mobilização para o protesto foi descrita por ela como “rápida e potente”, refletindo o senso de urgência entre os ativistas.

Levante de Mulheres contra Feminicídio Cobre a Paulista - Imagem do artigo original

Imagem:  Rovena Rosa via agenciabrasil.ebc.com.br

Graça enfaticou a natureza “machista estrutural” da sociedade e a necessidade imperativa de “quebrar com o patriarcado”. A ativista destacou a magnitude do levante, que se manifestou nacionalmente em diversos estados, incluindo Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, além de São Paulo, numa coordenação realizada em menos de dez dias, sublinhando a força e o alcance da reivindicação feminina.

Para a militante, a discussão acerca do papel do Estado é crucial na formulação de campanhas e políticas públicas efetivas contra a violência. Ela relatou a vivência das periferias, onde mulheres são rotineiramente vistas feridas e histórias de mortes causadas pela incapacidade de homens em aceitar a igualdade ou a submissão feminina são constantemente ouvidas. A ação estatal, portanto, é vista como um pilar essencial para a mudança.

A manifestação foi marcada pela exibição de centenas de cartazes, todos com um clamor uníssono: leis mais severas contra o feminicídio. Essa demanda refletia o sentimento predominante de impunidade e a necessidade de uma resposta jurídica mais contundente à crescente violência de gênero no país.

Lilian Lupino, comerciante de 47 anos, aprofundou essa perspectiva, descrevendo a existência de uma “cultura de opressão às mulheres, uma cultura milenar”. Lupino descreveu as várias formas como as mulheres estão “morrendo aos poucos”, seja por terrorismo psicológico, seja pela ausência de espaços seguros na sociedade, em seus lares ou no ambiente de trabalho. A fala ressalta que o feminicídio não se restringe apenas ao ato final, mas a um processo contínuo de anulação.

Lupino concluiu sua análise com a observação de que “os homens se sentem protegidos por falta de leis severas de punição”, o que intensifica a urgência pela reformulação legislativa e pela aplicação mais rigorosa das normativas existentes. A expectativa é que uma legislação mais forte funcione como um dissuasor e garanta justiça às vítimas.

Para mais dados e informações sobre o combate à violência contra a mulher, consulte a legislação sobre feminicídio no Brasil diretamente na fonte oficial. É essencial compreender o aparato legal que protege e visa coibir esses crimes.

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A expressiva mobilização na Avenida Paulista reflete a crescente urgência e a força do movimento em defesa dos direitos das mulheres. É fundamental que a sociedade e o Estado deem respostas efetivas a esse clamor por vida, liberdade e respeito. Para acompanhar outras notícias sobre direitos humanos e causas sociais, visite o blog na categoria Direitos Humanos.

Crédito da imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

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