O laudo técnico-científico que confirma veneno em frasco na residência de Ana Paula Veloso Fernandes, figura central de uma complexa investigação por assassinatos em série, foi emitido pelas autoridades de São Paulo. A mulher é investigada por envolvimento em ao menos três mortes ocorridas em Guarulhos e uma adicional no Rio de Janeiro, gerando grande preocupação nas forças de segurança e na população.
A perícia minuciosa, realizada pela Polícia Técnico-Científica paulista, atestou que a substância recolhida do frasco é terbufós, um potente inseticida cujo uso é restrito e altamente tóxico ao organismo humano e animal. Embora destinado exclusivamente à aplicação agrícola, esse composto é notoriamente utilizado de forma ilegal como o principal princípio ativo do “chumbinho”, um veneno clandestino e amplamente perigoso. A comercialização para uso doméstico é expressamente proibida no Brasil, devido ao seu elevado potencial letal. A ingestão ou contato com este tipo de produto pode ser fatal. Para mais informações sobre os perigos de agrotóxicos usados ilegalmente, clique aqui e saiba mais.
Laudo confirma veneno letal em frasco de suposta serial killer
As autoridades agora se empenham em verificar se o terbufós, identificado na casa da suspeita, foi de fato a substância empregada nos crimes pelos quais Ana Paula é investigada. De acordo com as apurações conduzidas, a principal linha de inquérito aponta que a suspeita utilizava alimentos, como bolos, porções de feijão e milkshakes, para ministrar o veneno às suas alegadas vítimas. Esta abordagem estratégica revelou-se um ponto crucial para as equipes de investigação, que buscam ligar as provas científicas aos depoimentos e às cenas dos crimes.
Todos os indivíduos que supostamente teriam sido mortos por Ana Paula apresentaram quadros clínicos e sintomas compatíveis com envenenamento. Relatórios de investigação indicam que as quatro vítimas, identificadas nas apurações preliminares, exibiram sinais de intoxicação e edemas pulmonares severos, levantando forte suspeita sobre a causa das mortes. Um segundo exame, fundamental para a completa elucidação dos casos, está sendo aguardado. Este laudo complementar determinará com precisão se a substância tóxica encontrada na residência da suspeita é a mesma que provocou a morte das vítimas, sendo, portanto, uma evidência decisiva para o desdobramento judicial.
Detalhes das Múltiplas Mortes Sob Investigação
Ana Paula Veloso Fernandes não apenas se tornou o foco de uma intensa investigação, como também fez uma confissão parcial. A mulher admitiu ter tirado a vida de Marcelo Hari Fonseca, o proprietário do imóvel onde ela residia em Guarulhos. O crime ocorreu em 26 de janeiro deste ano. Contudo, em seu depoimento, Ana Paula negou ter envenenado Fonseca, alegando que o assassinato foi cometido com uma facada. Tal versão, porém, contrasta com as descobertas da polícia, que, conforme veiculado por uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, não identificou no corpo da vítima quaisquer ferimentos compatíveis com a alegação de facadas. Surpreendentemente, foi a própria Ana Paula quem acionou a polícia para registrar o óbito de Fonseca, sem revelar sua participação. A confissão formal só viria meses depois, em setembro, quando ela já estava detida por outra suspeita de assassinato.
Além de Marcelo Fonseca, Ana Paula é investigada por outras três mortes com contornos igualmente alarmantes. Em abril, Maria Aparecida Rodrigues teria sido assassinada pela suspeita, após as duas terem se conhecido através de um aplicativo de relacionamentos. A polícia trabalha para conectar os detalhes da interação online à subsequente morte da vítima.
Ainda em abril, Neil Corrêa da Silva foi outra suposta vítima. O crime ocorreu em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e, de acordo com as investigações, teria sido uma “encomenda” feita pela filha do idoso. Silva faleceu depois de consumir uma feijoada que, alegadamente, havia sido envenenada. A filha da vítima encontra-se atualmente detida, reforçando a gravidade da acusação.
Já em maio, a polícia aponta que Ana Paula foi responsável pela morte de Hayder Mhazres, um tunisiano de 21 anos. Tal como no caso de Maria Aparecida, os dois se encontraram por meio de um aplicativo. A investigação indica que a motivação para este assassinato foi de cunho financeiro, com a suspeita chegando a simular uma gravidez de Hayder, provavelmente para consolidar seus interesses materiais. Em todas as ocasiões, os fatos revelam uma complexidade intrigante nos métodos e motivações.
As apurações apontam ainda para um possível envolvimento de sua irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso Fernandes, que teria oferecido apoio na execução dos crimes. Ambas estão atualmente sob custódia, e a defesa delas não se manifestou, embora o espaço permaneça aberto para eventuais esclarecimentos por parte dos advogados.

Imagem: noticias.uol.com.br
O Padrão de Ação e as Táticas da Manipulação
Um dos aspectos mais inquietantes da conduta de Ana Paula Veloso Fernandes, conforme desvendado pelas investigações, reside em seu modus operandi. A mulher sistematicamente reportava seus próprios crimes às autoridades na tentativa de evitar o levantamento de suspeitas sobre si. Após cada ato de assassinato, ela mesma entrava em contato com a polícia para notificar as mortes, agindo com uma aparente dissimulação.
Para as autoridades, essa metodologia era uma estratégia calculada por Ana Paula. O objetivo, segundo os investigadores, era “manipular as investigações”, distanciando qualquer conexão imediata entre ela e os atos criminosos. Essa conduta revela uma faceta fria e calculista da suspeita, que tentava tecer uma narrativa enganosa para escapar das consequências de suas ações, transformando-a em uma figura de alto risco.
Posicionamento Judicial e Classificação da Suspeita
O Ministério Público de São Paulo já apresentou denúncias formais contra Ana Paula Veloso Fernandes pelas mortes de Marcelo Fonseca, Maria Aparecida e Hayder Mhazres. O caso referente ao falecimento de Neil Corrêa da Silva segue sob investigação das autoridades do Rio de Janeiro, aguardando definições processuais pela Justiça fluminense. Enquanto isso, o processo em solo paulista avança, com as acusações sendo sustentadas pelas evidências coletadas até o momento.
A Justiça paulista aceitou a denúncia do Ministério Público, e uma decisão proferida em setembro foi categórica ao classificar Ana Paula Veloso Fernandes como uma “verdadeira serial killer”. O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, da Vara do Júri de Guarulhos, justificou a manutenção da prisão cautelar da suspeita. Segundo o magistrado, a medida é essencial para “resguardar a ordem pública”, pois Ana Paula “evidencia total desprezo com a vida humana e o risco [de sua liberdade] representa [perigo] para a ordem pública”, caracterizando-a como uma perigosa criminosa em série.
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A saga de Ana Paula Veloso Fernandes, marcada pela cruel confirmação do veneno terbufós em sua residência e pela série de mortes investigadas, continua a chocar e demandar atenção redobrada das autoridades. A evolução deste caso, com novos laudos periciais e a apuração da Justiça, promete trazer mais detalhes sobre as motivações e o desenrolar dessas tramas sombrias. Para acompanhar todos os desdobramentos de casos de polícia e justiça, continue em nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Obtido pelo UOL
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