A disputa pelo consumidor no promissor, porém desafiador, segmento de veículos compactos com estilo SUV se intensifica com a presença de dois modelos notáveis: o **Renault Kardian e o Volkswagen Tera**. Ambos buscam conquistar uma fatia de mercado ainda em desenvolvimento, com estratégias distintas e desempenho que gera comparações. As versões mais equipadas de cada modelo foram submetidas a testes detalhados, revelando qualidades e pontos a serem aprimorados para a expansão desse nicho no Brasil.
Recentemente, a linha 2026 do Renault Kardian apresentou novidades em sua versão Iconic, um modelo fabricado no Paraná que, apesar de contar com apenas um ano e meio de mercado, recebeu atualizações precoces. As modificações, focadas no interior, incluem uma central multimídia avançada com tela de 10 polegadas e um acabamento aprimorado. Estas alterações sublinham a importância de manter o produto competitivo em um cenário em constante mudança, antecipando-se à concorrência.
Kardian e Tera: Competição Acirrada e Desafios de Mercado
O cenário competitivo ficou mais evidente com a introdução do Volkswagen Tera no mercado nacional. Sua apresentação ocorreu em maio, acompanhada de uma expressiva campanha de marketing que buscou posicioná-lo firmemente na mente dos consumidores. Este lançamento agitou o segmento, levando os dois concorrentes, o Kardian e o Tera, a serem avaliados em suas configurações topo de linha pelo teste Folha Mauá, resultando em um confronto equilibrado com leves vantagens para o modelo da Renault em aspectos como o consumo de combustível.
A versão Iconic do Renault Kardian, avaliada em R$ 149.990 em setembro de 2025, esbanja requinte interior. Ela incorpora forrações que remetem a couro, tingidas em marrom e preto, e apliques macios ao toque no painel e nas portas. Detalhes como costuras aparentes e luzes internas que percorrem a cabine reforçam a intenção de proporcionar um caráter premium ao veículo, marcando um distanciamento da imagem mais simplória do seu predecessor, o Sandero Stepway. O Kardian, de fato, demonstra superioridade em quase todos os aspectos quando comparado ao seu antepassado, com exceção do espaço disponível no banco traseiro, embora isso não comprometa o conforto geral dos passageiros.
Ao ser conduzido, o Renault Kardian, que assume uma identidade de hatch com elementos de SUV compacto, revela um conjunto motriz digno de elogios. A posição de dirigir, aliada a um eficiente isolamento acústico, favorece viagens prolongadas sem fadiga excessiva. Um bônus adicional é o baixo consumo de combustível. Conforme medições conduzidas pelo Instituto Mauá de Tecnologia, o Kardian é capaz de registrar uma média de 21 quilômetros por litro de gasolina em estrada, mantendo uma velocidade constante de 90 km/h. Com etanol, essa média se estabelece em 16,5 km/l nas mesmas condições. Esses números de consumo, inclusive, representam uma vantagem quando confrontados com os resultados obtidos pelo Volkswagen Tera High.
A motorização flex turbo de 999 cm³ do Kardian Iconic entrega 125 cv com etanol e 120 cv com gasolina a 5.000 rpm, gerando torque de 22,4 kgfm e 20,4 kgfm, respectivamente. Sua transmissão é um câmbio automatizado de dupla embreagem com seis marchas. Pesando 1.186 kg e com porta-malas de 358 litros, o modelo alcança de 0 a 100 km/h em 11,3 segundos, tanto com etanol quanto com gasolina. Sua autonomia rodoviária a 90 km/h pode atingir 825 km com etanol e 1.050 km com gasolina, números aferidos em condições controladas.
Por outro lado, o Volkswagen Tera High, que chega ao mercado por R$ 141.890 em setembro de 2025, posiciona-se como um concorrente direto no segmento de hatches compactos com estética SUV. Ele apresenta um apelo esportivo e um preço de entrada mais acessível que o Kardian em sua versão Iconic. Durante os testes, o Tera se mostrou ligeiramente mais rápido nas retomadas e sua suspensão exibia uma firmeza notável. Equipado com um motor flex turbo de 999 cm³, o Tera desenvolve 116 cv com etanol e 109 cv com gasolina a 5.000 rpm, oferecendo torque de 16,8 kgfm em ambas as combustíveis a 1.750 rpm, e conta com câmbio automático de seis marchas. Seu peso é de 1.169 kg, com um porta-malas de 350 litros. A aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em 11,9 segundos (etanol/gasolina), e sua autonomia rodoviária a 90 km/h é de 755 km com etanol e 951 km com gasolina, ligeiramente menor que a do rival francês.
No quesito tecnologia e segurança, ambos os veículos oferecem um pacote robusto. Eles são equipados com recursos avançados como frenagem autônoma de emergência, leitores de faixa e seis airbags. Além disso, contam com o ACC (controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, que ajusta automaticamente o ritmo ao trânsito). Confortos como ar-condicionado digital e direção com assistência elétrica também são características compartilhadas, assim como sistemas de conectividade eficientes. O Tera se sobressai nesse aspecto pela inclusão do Otto, um assistente de inteligência artificial que eleva a experiência de interação dentro do veículo.
Imagem: www1.folha.uol.com.br
Apesar de suas qualidades individuais, **Kardian e Tera** compartilham um desafio significativo: o segmento em que competem ainda não experimentou o crescimento esperado no mercado brasileiro. A Volkswagen, por exemplo, almeja replicar o sucesso do Gol com o Tera, mirando um elevado volume de vendas. No entanto, o modelo ainda não conseguiu se consolidar entre os mais emplacados do país. Em agosto, o Tera registrou a comercialização de 4.157 unidades no Brasil, posicionando-se em 19º lugar no ranking nacional. Embora seu preço inicial seja atrativo, a partir de R$ 105.890, veículos mais caros da própria marca, como o T-Cross e o Nivus, apresentam vendas superiores.
Uma das explicações para o desempenho do Tera aponta para o ritmo de produção, que ainda não atingiu as metas estabelecidas pela Volkswagen. Adicionalmente, o lançamento do programa “Carro Sustentável” gerou a necessidade de aumentar a fabricação do hatch Polo na planta de Taubaté (SP), impactando a produção de outros modelos. Outro concorrente direto nesse nicho, o Fiat Pulse, teve um volume ligeiramente maior, com 4.282 unidades vendidas em agosto. O Renault Kardian, por sua vez, registrou 1.929 licenciamentos no mesmo mês, ocupando a 35ª posição no mercado, demonstrando um caminho mais árduo na conquista de espaço.
Os dados atuais do mercado automobilístico brasileiro sugerem uma preferência dos consumidores por SUVs de maior porte, mesmo que estes apresentem um custo superior. Em consequência, modelos cujas proporções se assemelham mais aos hatches, como **Kardian e Tera**, encontram dificuldades em se destacar, mesmo que ofereçam agilidade e bom nível de equipamentos. Contudo, para o uso em centros urbanos, a proposta desses veículos de Renault e Volkswagen combina a praticidade e a dirigibilidade dos carros compactos com a maior altura em relação ao solo dos SUVs, característica extremamente útil para enfrentar a infraestrutura das cidades e os desafios como buracos.
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A disputa entre **Renault Kardian e Volkswagen Tera** é um reflexo das complexidades do mercado automotivo nacional, onde novos segmentos buscam seu espaço. Enquanto o Renault Kardian impressiona pelo conforto e eficiência, e o Volkswagen Tera se destaca pela conectividade e dinamismo, ambos os veículos exemplificam a evolução do setor automotivo, buscando um equilíbrio entre inovação, desempenho e aceitação do público. Para mais informações e análises aprofundadas sobre a evolução da indústria automotiva e suas tendências no Brasil, acesse nossas análises detalhadas do setor automobilístico e fique por dentro de todas as novidades.
Crédito da imagem: Divulgação
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