A justiça alemã proferiu uma decisão de destaque, definindo que a Justiça alemã decreta despejo da AfD de sua sede em Berlim. O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), reconhecido por sua pauta de extrema direita, deverá desocupar sua principal base na capital do país. Embora a decisão judicial configure uma derrota legal, a legenda soube articular o resultado como uma vitória. A determinação permite que o partido permaneça no imóvel por um período adicional de um ano, algo comemorado por Kay Gottschalk, deputado que representou a sigla no Tribunal Regional de Berlim, descrevendo-o como “um grande dia” para o movimento.
A AfD, apesar da ordem de desocupação, vê na protelação do prazo uma oportunidade, interpretando-a como um resultado positivo diante dos seus simpatizantes. O deputado Gottschalk, ao expressar sua satisfação perante a imprensa, reforçou o discurso de que o partido obteve um ganho significativo no processo judicial desta sexta-feira, 26 de setembro. Essa percepção do revés como avanço tem sido uma constante na comunicação política da legenda.
Justiça alemã decreta despejo da AfD de sua sede em Berlim
Conforme explicado pelo juiz Burkhard Niebisch, a ação de despejo foi motivada por uma quebra de contrato. A AfD promoveu uma festa sem autorização prévia no pátio do prédio, no distrito de Reinickendorf, em 23 de fevereiro. O evento celebrava os resultados expressivos alcançados nas eleições parlamentares, nas quais a AfD obteve a segunda maior bancada no Bundestag, com pouco mais de 20% dos votos totais. Esse desempenho representou o melhor resultado para a extrema direita alemã em 90 anos, desde o período nazista, que precedeu a Segunda Guerra Mundial, consolidando o partido como uma força política relevante.
Com esse histórico de crescimento e impulsionado por resultados semelhantes de grupos ultraconservadores em outras nações europeias, o projeto da AfD é ambicioso: alcançar a maioria no Bundestag e eleger um chanceler nas próximas eleições federais, agendadas para 2029. Essa ascensão é constantemente monitorada por analistas políticos. Para um panorama mais amplo sobre o fenômeno da direita radical no continente, é possível consultar análises aprofundadas sobre o avanço da ultradireita na Europa, que contextualizam a atuação da AfD.
Motivação da Ação e Reação da AfD
A celebração irregular na sede de Berlim levou Lukas Hufnagl, um investidor austríaco e proprietário do imóvel, a iniciar a ação judicial para despejar o partido. A AfD, por sua vez, aproveitou a investida legal para reforçar a narrativa de um suposto “boicote generalizado” que alegam sofrer no cenário político alemão. Essa narrativa é amparada em elementos como a classificação da legenda como de extrema direita pelos serviços de segurança e o chamado “Brandmauer” (cordão sanitário), onde outras agremiações políticas recusam-se a colaborar com seus votos e apoio em projetos.
A decisão do juiz Burkhard Niebisch, ao conceder mais um ano para a saída da AfD, reconheceu um ponto levantado pelo partido: o proprietário não havia emitido uma advertência formal sobre a proibição do evento. Essa ponderação evitou um despejo imediato e potencialmente “vexatório” para a sigla, alinhando-se à estratégia de comunicação do partido, que pôde capitalizar a decisão como um sucesso tático, permitindo que continue utilizando a maior parte do prédio no distrito de Reinickendorf até o final do próximo ano, embora o contrato original previsse a ocupação até o fim de 2027.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Cenário Político e Futuro do Partido
Ainda assim, a direção da AfD já estuda a possibilidade de se mudar antes do prazo estabelecido pela justiça. Kay Gottschalk mencionou a consideração de transferir o escritório para uma localização mais central em Berlim, próxima ao Bundestag e ao Portão de Brandemburgo, que se encontra no coração político da capital. Uma das opções que não está descartada é a aquisição de um imóvel próprio, dada a relutância de diversas empresas em fazer negócios com a legenda, algo que o atual proprietário, Lukas Hufnagl, representou uma rara exceção. Além do processo de despejo, Hufnagl acusou dois integrantes do partido de ameaça e extorsão. O Ministério Público ainda irá determinar se abrirá um processo separado contra os políticos envolvidos nestas acusações adicionais.
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Em suma, a decisão judicial que concede à AfD mais um ano em sua sede de Berlim é um reflexo das complexas dinâmicas políticas alemãs e da habilidade do partido em reverter contratempos em narrativa favorável. As futuras movimentações do partido, incluindo a possível aquisição de um novo imóvel e as consequências das acusações adicionais, continuarão a ser observadas. Para mais notícias e análises sobre o cenário político na Alemanha e outros países, continue acompanhando nossa editoria de Política e mantenha-se informado sobre os desdobramentos internacionais.
Crédito da Imagem: Ralf Hirschberger/AFP
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