Justiça Absolve Mulher Acusada de Maus-Tratos a Animais em Curitiba

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A Justiça absolveu Maria Inês Demeterco da acusação de manter mais de 200 animais em condições precárias de higiene e alimentação em Curitiba. O veredito, proferido em um caso que capturou a atenção pública e exigiu a intervenção da Polícia Civil, fundamentou-se na ausência de intenção maliciosa por parte da acusada, apesar das adversidades enfrentadas pelos bichos.

O episódio veio à tona em fevereiro de 2023, quando a Polícia Civil deflagrou uma operação de resgate na residência de Maria Inês. A corporação relatou que centenas de cães foram encontrados em uma situação de abandono chocante: sem acesso a água e alimento, aglomerados em espaços confinados, impossibilitados de se movimentar adequadamente devido à superlotação, e vivendo em meio a suas próprias fezes. Alarmantemente, alguns dos animais nem sequer conseguiam andar, um reflexo direto de passarem grande parte de suas vidas aprisionados em caixas de transporte destinadas a viagens, limitando severamente seu desenvolvimento físico.

Justiça Absolve Mulher Acusada de Maus-Tratos a Animais em Curitiba

Na fundamentação da sentença, o juiz substituto Fernando Bardelli Silva Fischer apontou que a ré possuía pleno conhecimento das condições insalubres em que os animais se encontravam. Ele também ressaltou que Maria Inês estava ciente das severas consequências geradas pela superlotação e pela flagrante falta de higiene. Segundo os registros do processo, a Prefeitura de Curitiba monitorava a situação na propriedade desde 2019 e, em várias ocasiões, ofereceu propostas para fornecer auxílio e para viabilizar a adoção dos animais, indicando que houve oportunidades para que o cenário fosse alterado.

No entanto, apesar das evidências das condições deploráveis, o magistrado Fischer determinou que não foi verificada a intenção deliberada de causar maus-tratos aos animais. Pelo contrário, a análise do conjunto probatório conduziu à conclusão de que as ações da ré eram impulsionadas pelo desejo de resgatar os bichos e lhes conceder cuidado. A sentença judicial detalha que, mesmo com essa intenção positiva, Maria Inês se viu sobrecarregada por significativas limitações financeiras, emocionais e estruturais, resultando em um desfecho prático desfavorável e em desacordo com seu propósito original.

A Dedicação e os Sacrifícios Pela Causa Animal

Durante o desenrolar do processo judicial, testemunhas diversas apresentaram relatos que convergiram para uma imagem de dedicação irrestrita de Maria Inês Demeterco à causa animal. Esses depoimentos elucidaram que a mulher chegou a dilapidar grande parte de seu patrimônio pessoal, efetuando a venda de imóveis e enfrentando dificuldades extremas, como a privação de alimento para si mesma, tudo com o intuito de sustentar e manter os cães e gatos sob sua tutela.

As narrativas indicaram ainda que, para garantir a alimentação dos animais, a ré empreendia a árdua tarefa de reciclar latas e coletar materiais, os quais eram subsequentemente trocados por ração. Adicionalmente, era ela quem arcava com os custos dos tratamentos veterinários necessários e, de maneira inequívoca, demonstrava um forte e profundo vínculo afetivo com os seres que cuidava, evidenciando uma ligação que ia além da simples posse de animais.

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Imagem: g1.globo.com

Ana Caroline Montanini, advogada que representou Maria Inês durante todo o processo, enfatizou que a decisão da Justiça valida o empenho e os esforços consideráveis de sua cliente. A defensora argumentou que, apesar das intrincadas dificuldades estruturais e financeiras, Maria Inês jamais visou a praticar maus-tratos. Pelo contrário, Montanini afirmou que sua cliente dedicou integralmente sua vida à proteção animal, sacrificou seu patrimônio e ativamente buscou auxílio junto a inúmeras instituições, sendo a absolvição, para a defesa, a confirmação dessa verdade. Em busca de informações adicionais sobre o caso, o g1 entrou em contato com o Ministério Público do Paraná, porém, não obteve qualquer retorno até a última atualização da reportagem.

O caso de Curitiba reitera a complexidade das leis de proteção animal no Brasil e os desafios em sua aplicação e interpretação, conforme previsto em normativas como a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). A absolvição destaca nuances no julgamento de casos de maus-tratos, onde a intenção do acusado é um fator determinante, além das condições objetivas observadas. Este veredito, embora compreendendo as péssimas condições dos animais, priorizou a análise da subjetividade por trás das ações da ré.

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Em suma, a decisão da Justiça de Curitiba ao absolver Maria Inês Demeterco marca um precedente que ilumina a complexa interface entre a legislação, a compaixão individual e as limitações humanas em cenários de grande escala de resgate animal. O caso enfatiza a necessidade de apoio a protetores individuais e a análise aprofundada das circunstâncias que envolvem cada situação. Fique por dentro de outras notícias sobre Curitiba e a região, e continue acompanhando as atualizações em nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: Divulgação/Polícia Civil