Júri Popular em novembro para assassinato de ex-vereadora

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A data de 19 de novembro foi estabelecida para o júri popular dos três homens acusados pelo assassinato de Madalena Leite, a primeira ex-vereadora travesti de Piracicaba, São Paulo. O crime, ocorrido em 7 de abril de 2021, ceifou a vida da figura política aos 64 anos e chocou a comunidade local, que agora busca por justiça.

O corpo de Madalena foi descoberto por volta das 12h30 na residência dela, localizada no bairro Vila Sônia, apresentando ferimentos visíveis no rosto. Um vizinho, que possuía uma chave do imóvel devido à proximidade com a vítima, foi quem fez a triste descoberta e alertou as autoridades. Ele narrou à Polícia Militar que encontrou o portão da frente da casa apenas encostado ao chegar ao local. Durante o levantamento da EPTV, afiliada da TV Globo, que teve acesso autorizado pela família à cena do crime, foram encontrados papéis dispersos pelo chão e um quadro com a fotografia de Madalena, datada de seu período como vereadora, completamente destruído.

Júri Popular em novembro para assassinato de ex-vereadora

A investigação policial avançou rapidamente. Nove dias após o falecimento da ex-vereadora, a Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba elucidou os fatos. Conforme testemunhos colhidos, um dos réus teria uma desavença com Madalena por almejar ocupar o posto dela na liderança comunitária do bairro, apontando um possível motivo para o crime. Os três envolvidos no assassinato de Madalena foram detidos e, segundo a corporação, dois deles também eram suspeitos de outro homicídio, que vitimou Marcos Henrique Baldasin, conhecido como Marquinhos, espancado e esfaqueado em 9 de abril de 2021.

A polícia detalhou que ambos os homicídios ocorreram no bairro Boa Esperança. O trio foi preso em 10 de abril com 92 porções de cocaína e R$ 430 em dinheiro. Dois dos suspeitos confessaram ter matado Marquinhos, alegando legítima defesa. Na ocasião da prisão, as equipes localizaram com dois dos acusados pertences de Madalena, como um paletó, gravata, lenço e um molho de chaves, todos reconhecidos pelos familiares dela. Detalhes sobre a identidade dos três acusados, no entanto, não foram divulgados.

Detalhes Cruéis do Assassinato

A apuração policial descreveu a brutalidade do crime contra Madalena Leite. No dia do homicídio, um dos acusados chamou a ex-vereadora. Assim que ela abriu o portão, foi imediatamente agarrada pelo pescoço por outro réu, enquanto o terceiro vasculhava a residência em busca de dinheiro e outros itens de valor. Em dado momento, Madalena teria conseguido se desvencilhar, mas foi atingida por diversos golpes de facão na cabeça desferidos por um dos agressores, resultando em sua morte imediata.

A Deic também investigou, à época, uma denúncia informal de que Marquinhos teria sido executado porque supostamente espalhava pelo bairro a informação de que dois dos indivíduos presos eram os responsáveis pela morte de Madalena. Entretanto, nenhuma atualização sobre a investigação desse desdobramento específico foi oficialmente divulgada. A comunidade e os familiares de Madalena aguardam ansiosamente o desfecho judicial, visando a responsabilização dos culpados pelo trágico evento.

Clamor por Justiça e Legado de Madalena

A família de Madalena Leite, em um comovente ato de reivindicação, encomendou camisetas estampadas com a imagem dela e uma mensagem de clamor por justiça. A intenção é que estas sejam usadas no dia do júri popular, marcado para iniciar às 9h, no Fórum de Piracicaba, conforme confirmado pelo promotor Aluísio Antônio Maciel Neto. A comunidade espera que o evento resulte na devida aplicação da lei.

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Imagem: g1.globo.com

Madalena Leite foi uma figura icônica em Piracicaba. Eleita vereadora em 2012, ela obteve 3.035 votos, representando o segundo melhor desempenho do PSDB na eleição e consolidando 25 anos de dedicação como líder comunitária. Nascida em um corpo masculino, ela usava roupas femininas desde a adolescência e sempre prezou por seu trabalho social, optando por usar terno em sua posse como vereadora, uma demonstração de sua coragem e compromisso, sem deixar de ser quem era. Para entender melhor o funcionamento do sistema judicial em casos como este, o Conselho Nacional de Justiça oferece informações sobre o Tribunal do Júri e como ele opera no Brasil.

Sua trajetória incluiu anos de trabalho como cozinheira e faxineira, antes de sua eleição, após quatro tentativas. Em 2016, afastou-se da Câmara Municipal por questões de saúde, sendo diagnosticada com câncer de próstata. Naquele mesmo ano, desistiu da reeleição, citando problemas de saúde e agressões racistas e homofóbicas sofridas nas redes sociais durante seu mandato. O impacto de Madalena é tão grande que sua vida será tema de um documentário, com produção retomada em 2026. As redes sociais @madalenaodocumentario podem ser consultadas para novidades sobre o projeto.

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A memória de Madalena Leite e sua incansável luta por justiça continuam vivas. O aguardado júri popular em novembro representa um marco na busca pela reparação deste crime que silenciou uma voz importante na política e comunidade piracicabana. Para mais notícias e análises sobre questões locais e regionais, explore nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: Fernanda Zanetti/G1/Arquivo

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