O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou recentemente o processo referente à **tentativa de golpe de Estado**, um tema de grande interesse tanto no cenário nacional quanto no internacional. O primeiro dia deste julgamento, que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus, foi extensamente noticiado por veículos de comunicação de renome mundial, os quais ofereceram diferentes perspectivas e análises sobre os desdobramentos iniciais e suas possíveis implicações. As acusações e as defesas dos envolvidos marcaram a abertura de uma sessão considerada histórica para a democracia brasileira.
A repercussão da imprensa internacional destacou, de modo particular, as nuances das manifestações do Ministro Alexandre de Moraes e as interconexões com eventos políticos em outras nações, evidenciando a complexidade do contexto político brasileiro no cenário global. A atenção midiática sublinha a importância deste julgamento, não apenas para o Brasil, mas também como um caso exemplar de como sistemas democráticos lidam com desafios à sua ordem.
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## O Destaque do Washington Post e a “Provocação a Trump”
Um dos veículos que mais repercutiu o acontecimento foi o jornal americano The Washington Post, um dos principais da capital dos Estados Unidos. Em seu título, a publicação salientou: “Juiz brasileiro abre julgamento de Bolsonaro com provocação a Trump”. Esta manchete faz uma clara referência ao então presidente americano, Donald Trump, contextualizando o início do processo em Brasília com a política dos EUA.
O jornal aprofundou-se nas declarações do Ministro Alexandre de Moraes, mencionando que, embora ele não tenha feito citações diretas a Trump ou aos Estados Unidos, fez menção a uma tentativa de “outro Estado estrangeiro” de influenciar o processo democrático brasileiro. Essa fala foi interpretada como uma alusão indireta aos EUA. O veículo americano ressaltou que Moraes, visto como um dos alvos principais de Trump, enfatizou a soberania e a independência do Poder Judiciário brasileiro, reiterando a intransigência da corte diante de pressões externas.
Além disso, The Washington Post sublinhou a coincidência de que o julgamento ocorre no mesmo “prédio modernista que foi danificado pelos apoiadores [de Bolsonaro] que invadiram a capital em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula”. O jornal traçou um paralelo evidente com os eventos nos Estados Unidos, onde apoiadores de Trump tentaram interferir na certificação da vitória do presidente Joe Biden no Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Essa comparação busca contextualizar os eventos brasileiros dentro de um fenômeno global de desafios à estabilidade democrática.
## A Agência Reuters e a Resposta do Supremo
A agência de notícias Reuters também dedicou sua cobertura ao julgamento, destacando a postura do Supremo Tribunal Federal diante das pressões. A manchete da agência capturou a essência de sua abordagem: “Supremo Tribunal Federal rejeita pressão de Trump enquanto julgamento de golpe de Bolsonaro se aproxima do veredito”. A Reuters enfatizou as falas de Moraes que aludiam, de maneira indireta, aos Estados Unidos, interpretando-as como um repúdio à interferência estrangeira.
Segundo a agência, “a fase final do julgamento histórico do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Suprema Corte, acusado de planejar um golpe, começou na terça-feira, quando o juiz principal considerou o caso uma defesa da democracia diante dos ataques do presidente dos EUA, Donald Trump”. Essa descrição reforça a ideia de que o processo é visto como uma batalha pela manutenção das instituições democráticas do Brasil, colocando-o em um patamar de alta relevância internacional. A Reuters destacou a aproximação da fase de veredicto, indicando que o julgamento entrava em uma de suas etapas mais decisivas.
## New York Times: Ausência de Bolsonaro e a Crise Diplomática
O influente The New York Times focou sua reportagem em dois aspectos centrais: a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro no tribunal e a suposta crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos. O jornal americano informou que Bolsonaro não compareceu à corte por motivos de saúde, detalhando que “sua equipe de defesa informou a repórteres do lado de fora do tribunal” que ele “vinha sofrendo de soluços debilitantes, que o ex-presidente atribui a complicações de um ataque a faca durante a campanha eleitoral em 2018”.
Ainda em sua matéria, o New York Times notou que “a maioria dos analistas, apontando para um conjunto de evidências, espera que a maioria dos cinco membros do painel do Supremo Tribunal condene Bolsonaro”. A publicação adicionou que, no Brasil – país que “viveu uma ditadura militar brutal de 1964 a 1985” –, o “processo criminal de um presidente e seus poderosos aliados militares é visto por muitos como uma vitória da democracia”. Essa contextualização histórica é fundamental para compreender a dimensão do julgamento no imaginário brasileiro e sua importância para o fortalecimento da democracia.
### Implicações Diplomáticas
O New York Times também chamou a atenção para a crise diplomática entre as “duas nações mais populosas do Hemisfério Ocidental”, implicando que “o presidente Trump ajudou Bolsonaro, seu aliado político, e tentou intimidar o Brasil a desistir do caso”. A reportagem ainda citou Moraes condenando os esforços de Bolsonaro e seu filho, Eduardo, em buscar a intervenção de Trump. As ações foram classificadas pelo ministro como “covardes e traiçoeiras” durante o discurso de abertura do julgamento. A publicação americana enfatizou, assim, tanto o caráter doméstico do processo quanto suas ramificações no cenário geopolítico.
## El País e o Fim da Impunidade Militar
Do outro lado do Atlântico, o jornal espanhol El País apresentou a perspectiva de sua colaboradora, a renomada jornalista brasileira Eliane Brum. Em um artigo intitulado “O processo que muda o Brasil”, Brum refletiu sobre o impacto histórico do julgamento.
Em uma de suas passagens mais contundentes, Eliane Brum declarou: “Várias gerações morreram antes de ver um militar de alta patente responder por seus crimes perante a justiça civil”. Essa afirmação ressalta a magnitude do momento atual, considerando o longo histórico de impunidade militar no Brasil. A jornalista ponderou que, embora “os desafios sejam imensos, com a extrema direita se fortalecendo e o Brasil permanecendo um país brutalmente desigual”, é crucial “dar a devida dimensão ao que este momento representa. A democracia demonstrou que nenhum criminoso, mesmo fardado, mesmo com quatro estrelas no peito, ficará impune no Brasil”. A análise de Brum focou não apenas na figura de Bolsonaro, mas também na responsabilização de figuras militares de alto escalão.
A articulista enfatizou que, apesar do grande foco sobre a possível condenação de Bolsonaro, “o mais importante é o julgamento dos generais”. Para ela, o desfecho inicial deste processo marca “o capítulo da impunidade militar, que é imenso em termos históricos”, reconhecendo, porém, que “a disputa dos dias atuais continuará sendo dura, violenta e desigual”.
## La Nación e a Acusação da PGR
Na Argentina, o jornal La Nación salientou a firmeza da acusação apresentada pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet. A manchete da publicação destacou a “dura acusação” do PGR, capturando a gravidade das alegações iniciais contra os réus.
“Gonet declarou na terça-feira que Jair Bolsonaro e seus aliados conspiraram para derrubar a democracia brasileira para permanecer no poder, no início da fase de veredito do julgamento do ex-presidente”, reportou o La Nación. Essa afirmação direta de Gonet delineou o cerne da acusação, focando na premeditação e na intenção de desestabilizar o regime democrático.
O jornal argentino categorizou o julgamento como “histórico”, notando que “é a primeira vez que altos funcionários acusados de uma tentativa de golpe são submetidos a um julgamento criminal”. Tal contexto é vital para compreender a relevância jurídica e política do processo no Brasil. O La Nación também relembrou que “uma ditadura militar governou o Brasil entre 1964 e 1985, uma era pela qual Bolsonaro expressa nostalgia”, e que, após a “abrangente Lei de Anistia em 1979, o Brasil nunca processou nenhum dos militares responsáveis por violações generalizadas de direitos humanos durante esse período”. Essa perspectiva histórica amplifica a significância do julgamento atual.
## The Guardian: Golpes na História do Brasil e Prevenção de Novos Atos
O jornal britânico The Guardian ofereceu uma análise mais aprofundada da história brasileira, colocando o julgamento dentro de um panorama de tentativas de golpes de Estado. O veículo lembrou que “o Brasil sofreu mais de uma dúzia de tentativas de golpe de Estado desde 1889, quando se tornou uma república após a deposição de seu último imperador, D. Pedro 2º”. A publicação citou a “última tomada de poder bem-sucedida em 1964, quando generais apoiados pelos EUA depuseram o então presidente, João Goulart, supostamente para frustrar uma ameaça comunista, inaugurando 21 anos de um regime militar brutal”. Esta recapitulação histórica contextualiza a sensibilidade do país a movimentos antidemocráticos.
Adicionalmente, o Guardian expressou preocupação com a possibilidade de manifestações de apoio a Bolsonaro no 7 de Setembro, o Dia da Independência do Brasil. “No domingo, dia da Independência do Brasil, os apoiadores de Bolsonaro devem fazer uma demonstração de força, reunindo-se nas principais cidades para exigir sua absolvição”, relatou o jornal. Em resposta a essa previsão, “a segurança foi reforçada em torno do Supremo Tribunal Federal, do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional para evitar uma repetição do levante de 8 de janeiro, quando os três prédios foram saqueados por apoiadores de Bolsonaro”. A preocupação com a segurança nacional é, portanto, um ponto focal na cobertura britânica.
O Guardian também citou o ex-embaixador americano Thomas Shannon, que serviu em Brasília entre 2010 e 2013. Shannon manifestou que Trump estaria “enganado se acredita que pode ajudar Bolsonaro a escapar da punição e voltar ao poder, assim como Trump fez no ano passado”. Para o ex-embaixador, as “medidas de Trump contra o Brasil estão tendo o efeito contrário”, que seria “o de fortalecer Lula e enfraquecer Bolsonaro”, uma avaliação que complexifica a dinâmica internacional envolvida.
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Em suma, a abertura do julgamento no Supremo Tribunal Federal de casos de suposta **tentativa de golpe de Estado** repercutiu globalmente, sendo noticiada por alguns dos mais influentes veículos de imprensa. Cada um deles, desde The Washington Post a El País, ofereceu uma perspectiva única, que vai da suposta “provocação a Trump” às análises históricas sobre o Brasil e seus períodos de regime militar. A imprensa internacional destaca o julgamento como um evento de significado não apenas jurídico, mas também histórico, político e diplomático, ressaltando o esforço do Brasil em defender sua soberania e instituições democráticas frente a desafios internos e pressões externas. As observações abrangentes dos meios de comunicação globais enfatizam o caráter crucial deste momento para a nação brasileira e suas relações internacionais.
Com informações de G1

Imagem: g1.globo.com
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