Arthur Felipe Pinheiro de Barros, de 33 anos, personifica uma jornada de inacreditável resiliência e força de vontade. Em um dramático incidente em fevereiro de 2024, ele superou o coma e voltou a correr após sofrer uma parada cardiorrespiratória de alta gravidade enquanto se exercitava nas ruas de Itanhaém, no litoral de São Paulo. Seu percurso, que começou com um prognóstico sombrio dos médicos, culminou em uma emocionante conquista: a segunda colocação em uma corrida na categoria Pessoa com Deficiência (PCD). Sua história, de desenganado a medalhista, tornou-se um vibrante testemunho de superação e renascimento.
Após o grave colapso, Arthur foi levado às pressas para o hospital, onde permaneceu internado por um mês, nove dos quais em estado de coma induzido. Os médicos chegaram a considerá-lo desenganado, diante da severidade da condição. No entanto, desafiando todas as previsões pessimistas, ele iniciou uma longa e árdua recuperação, reaprendendo gradualmente habilidades básicas como falar, ler, escrever e até mesmo andar. A determinação em retomar sua vida e, principalmente, sua paixão pela corrida, foi a tônica de seu processo de cura.
Jovem Supera Coma e Volta a Correr: De Desenganado a Medalhista
O evento que quase custou a vida de Arthur foi classificado como “morte súbita abortada”, um termo médico empregado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para descrever quando uma morte resultante de uma arritmia cardíaca grave é evitada graças a uma detecção precoce e intervenções médicas eficientes. Apesar da surpreendente recuperação, Arthur ainda convive com sequelas cognitivas significativas, sendo a perda da memória recente a mais marcante. Para ele, a volta às pistas não é apenas um esporte, mas sim um poderoso símbolo de seu “renascimento”, uma oportunidade concedida pela presença de um cardiodesfibrilador implantável (CDI) em seu tórax, estrategicamente posicionado para prevenir futuras arritmias e dar-lhe essa nova chance.
A Jornada do “Renascer” Pelo Esporte
A expressão “Voltar a correr foi como renascer” ecoa a intensidade de sua experiência. Arthur recordou os obstáculos impostos pela condição. “Disseram-me que talvez eu nunca mais conseguisse andar normalmente, e muito menos correr. Aqueles foram dias repletos de dor, medo e uma incessante luta. O desfibrilador não só salvou minha vida, mas me proporcionou uma nova chance”, ele compartilhou. O progresso, para ele, foi inimaginável inicialmente. “Quando consegui dar os meus primeiros passos, a ideia de chegar até aqui, correndo novamente, parecia um feito impossível”, completou, em declaração.
A superação de Arthur foi profundamente assistida pela sua esposa, Gabrielle Zach de Barros, que hoje dedica-se integralmente a apoiá-lo em todas as atividades diárias, em um gesto de amor incondicional. Gabrielle testemunhou a luta de perto: “Vi-o literalmente entre a vida e a morte. Observava os médicos balançando a cabeça em sinal de desesperança, mas também a força extraordinária que ele demonstrava para continuar. Cada sessão de fisioterapia, cada minúsculo avanço, era uma imensa vitória para nós dois. É um milagre vê-lo sorrindo, ativo e desfrutando da vida”, expressou, emocionada, a esposa de Arthur.
Mesmo com as vitórias, um resquício de receio permanece. Arthur sente apreensão ao correr, dado que o incidente fatal ocorreu durante uma de suas corridas. Contudo, essa insegurança não o afastou do esporte. Para mitigar o risco e manter a segurança, ele utiliza um relógio que monitora seus batimentos cardíacos. Este dispositivo permite que ele ajuste o ritmo do exercício sempre que necessário, garantindo que cada “corrida seja uma vitória, um lembrete vívido de que a vida me ofereceu uma segunda e valiosa oportunidade”, afirmou o jovem, reforçando a importância da vigilância constante e da gratidão.
A Preocupação e o Alívio de Uma Mãe
A psicóloga Eliana Rita Pinheiro de Barros, mãe de Arthur, vivenciou momentos de profunda angústia e, posteriormente, de um indescritível alívio. Ela relembrou a participação do filho na corrida de 4 de outubro com emoção palpável. “Senti uma ponta de ansiedade, com medo de que algo pudesse acontecer. Fiquei extremamente tensa durante todo o percurso”, descreveu. Ao término da competição, um “alívio fora do comum” tomou conta dela, dissipando a preocupação que a acompanhara ao ver o filho fazendo a mesma atividade que quase lhe custou a vida. Durante a corrida, a mãe revelou ter canalizado suas emoções através da oração e de pensamentos otimistas.
Em fevereiro de 2024, quando ocorreu a morte súbita abortada de Arthur, o rápido e decisivo socorro foi fundamental para seu resgate. O fisioterapeuta Thiago Nunes Basso, a caminho de atender um paciente, detectou a parada cardiorrespiratória e prontamente iniciou as manobras de reanimação. A ele se uniu a soldado da Polícia Militar Ariane de Lucas, do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar), que, embora de folga, estava no local e prestou auxílio vital. “Em momento algum os dois desistiram do meu filho, permanecendo com ele até a chegada do SAMU”, ressaltou Eliana. Arthur passou por seis ciclos de parada cardiorrespiratória antes de ser entubado no hospital, enfrentando um prognóstico inicialmente sombrio que testou a fé da família.

Imagem: g1.globo.com
Caminhada da Fé e Neuroplasticidade: Uma Nova Missão
A recuperação foi um processo que desafiou as expectativas médicas. Arthur foi transferido inicialmente para um hospital em Praia Grande e, subsequentemente, para Santos, onde o CDI foi implantado. Segundo Eliana, a compreensão inicial das sequelas cerebrais foi devastadora, mas o apoio incessante da família foi um motor inestimável para sua progressão. Diante da ausência de um prognóstico favorável, a família se manteve focada em proporcionar o melhor, observando cada avanço de Arthur como um milagre. Quando acordou do coma, Arthur reencontrou os dois heróis que o haviam salvado em Itanhaém, um momento de profunda gratidão e emoção para todos.
O desenvolvimento de Arthur surpreendeu a todos. Sua mãe havia considerado a aquisição de uma cama hospitalar, planos que felizmente foram cancelados diante da notável recuperação do filho. Em apenas seis meses, com um regime intensivo de terapias diárias, o jovem superou o coma e voltou a andar, ler e falar, apesar de ainda com alguma dificuldade. Em um ano, a memória, severamente afetada, já apresentava melhoras significativas. Eliana destaca o fenômeno da neuroplasticidade: “A neuroplasticidade é algo maravilhoso; o cérebro nos surpreende a cada dia”. Com a recuperação física e mental em progresso, Arthur, que se sagrou vice-campeão em uma corrida PCD, agora se prepara para um novo desafio.
No dia 21 de outubro, Arthur embarcará na “Caminhada da Fé”, um percurso que ele mesmo se prontificou a fazer como uma forma de agradecimento pela vida e pelas novas oportunidades. Eliana, que já realizou a caminhada duas vezes, o acompanhará: “Já fiz duas vezes, agora vou levar o milagre”, disse, emocionada, evidenciando que esta jornada não é apenas um desafio físico, mas uma celebração da vida.
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A história de Arthur Felipe é um poderoso testemunho da capacidade humana de superação diante de adversidades extremas. De um cenário de total incerteza, ele emergiu como um símbolo de esperança e resiliência, reafirmando que, com determinação e apoio, é possível reescrever o próprio destino. Continue acompanhando outras inspiradoras jornadas de triunfo em nossa editoria de Esporte e mantenha-se informado sobre as últimas notícias de superação e conquistas.
Foto: Arquivo Pessoal



