Um jovem baleado pela Polícia Militar teve sua prisão preventiva decretada em audiência de custódia realizada enquanto ele se encontrava em coma. O caso ocorreu em Dias D’Ávila, Região Metropolitana de Salvador, Bahia, envolvendo Mateus Silva de Araújo, de 18 anos. Familiares contestam veementemente a versão oficial e clamam pela inocência do rapaz, que, devido aos ferimentos, precisou passar por cirurgia e teve uma perna amputada, estando atualmente algemado à maca do hospital.
De acordo com informações fornecidas por sua família em entrevista à TV Bahia na última quinta-feira, dia 23, Mateus trabalhava como entregador em uma distribuidora. Ele utilizava uma moto da empresa para suas atividades, mesmo não possuindo Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O incidente que levou ao seu estado grave aconteceu na noite da terça-feira, dia 14 do mês anterior, após Mateus ter parado em um bar na cidade.
Após deixar o estabelecimento, Mateus teria sido perseguido por policiais militares. Em meio à perseguição, foi atingido por disparos na barriga e na perna. Gravemente ferido, foi encaminhado ao Hospital Geral de Camaçari, onde passou por procedimentos cirúrgicos complexos. Foi neste contexto dramático que sua família, posteriormente, descobriu que o jovem baleado pela PM teve prisão decretada em coma na BA.
Família Contesta Versão Policial em Meio ao Desespero
A Polícia Militar afirmou que Mateus, além de ter tentado fugir da abordagem, teria atirado contra os agentes, o que os levou a revidar. No entanto, a família e o próprio Mateus, em breves momentos de consciência, negam categoricamente essa versão. A mãe do jovem relatou que, ao questionar o filho sobre a suposta arma, ele teria respondido: “Mãe, eu só estava com meu celular e o dinheiro, a senhora sabe que eu não ando com arma.” Esse depoimento adiciona uma camada de complexidade e contradição às narrativas do ocorrido.
Os familiares expressam indignação com o processo, alegando que Mateus não teve oportunidade de se defender das acusações. A ausência de um defensor público ou advogado durante o início de seu tratamento hospitalar agravou a situação, deixando o jovem vulnerável e sem representação legal adequada em um momento crítico de sua vida e saúde.
Prisão Decretada e a Busca por Justiça Negada
A surpreendente notícia da prisão preventiva de Mateus chegou aos ouvidos da família ao buscarem informações na delegacia, na sexta-feira, dia 17. Para o desespero de seus entes, a audiência de custódia já havia ocorrido, com Mateus ainda entubado e impossibilitado de qualquer interação. A mãe dele desabafou: “Não tínhamos conhecimento, porque eu vim para o hospital com ele aí quando eu cheguei aqui mandaram que eu procurasse um advogado. Fomos na delegacia na sexta-feira, quando descobrimos que já havia batido a audiência de custódia do meu filho sem ele ser ouvido. Ele não teve oportunidade de se defender”.

Imagem: PM é inocente via g1.globo.com
O conceito de audiência de custódia prevê a apresentação do preso a um juiz em até 24 horas, garantindo direitos e avaliando a necessidade de prisão. No caso de Mateus, a decisão de converter sua prisão em preventiva foi tomada sob circunstâncias altamente questionáveis, considerando seu estado de saúde e a incapacidade de participação ou defesa.
Com a determinação da prisão preventiva, Mateus Silva de Araújo será encaminhado a um estabelecimento prisional assim que sua recuperação médica permitir. No momento, o jovem continua algemado à maca hospitalar. A advogada da família impetrou um pedido de Habeas Corpus, buscando que ele pudesse responder ao processo em liberdade, porém, a liminar apresentada foi negada pela Justiça. A decisão mantém Mateus sob custódia, apesar das alegações de inocência e da impossibilidade de defesa durante o processo judicial inicial.
Confira também: crédito imobiliário
A situação de Mateus Silva de Araújo levanta questões importantes sobre os procedimentos de custódia e os direitos de defesa em casos envolvendo incidentes policiais e estado grave de saúde. Para aprofundar-se em notícias sobre a violência urbana e as consequências jurídicas na região, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
Foto: Reprodução/TV Bahia


