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José Geraldo Germano: Legado Eterno na Cerâmica e Arte Catarinense

José Geraldo Germano, um mestre da olaria cuja arte transpondo as fronteiras de Santa Catarina para o cenário global, faleceu em agosto de 2025, aos 73 anos. O artesão, nascido em Guatá, distrito de Lauro Müller (SC), em 1952, era reconhecido pela dedicação incessante à criação de cerâmicas tradicionais e por sua influência em múltiplas […]

José Geraldo Germano, um mestre da olaria cuja arte transpondo as fronteiras de Santa Catarina para o cenário global, faleceu em agosto de 2025, aos 73 anos. O artesão, nascido em Guatá, distrito de Lauro Müller (SC), em 1952, era reconhecido pela dedicação incessante à criação de cerâmicas tradicionais e por sua influência em múltiplas gerações de oleiros. Seu ofício era executado com uma roda de oleiro movida a pé, uma demonstração de seu compromisso com a tradição artesanal e a autenticidade.

As peças de Germano, ricas em elementos do território catarinense e imbuídas de simbolismo religioso e representatividade cultural local, não se limitavam apenas ao Brasil. Sua obra alcançou colecionadores em diversos países, como Japão, Estados Unidos e Suíça, consolidando sua marca artística em escala internacional. Apesar da projeção de seu trabalho, ele preferia ser identificado como artesão, termo que, em sua visão, encapsulava a devoção e a meticulosidade inerentes à sua prática. Newton Souza, de 61 anos, também artesão e companheiro de José Geraldo por mais de quatro décadas, descreveu-o como alguém que vivia e respirava a arte.

José Geraldo Germano: Legado Eterno na Cerâmica e Arte Catarinense

“Ele vivia criando 24 horas por dia, não parava. Vivia intensamente a arte. Era uma pessoa muito focada e perfeccionista em tudo que fazia”, reiterou Souza, sublinhando a natureza perfeccionista e a incansável paixão de José Geraldo Germano pelo seu trabalho. A persistência em técnicas ancestrais diferenciava seu processo criativo em um mundo cada vez mais inclinado à mecanização, destacando a singularidade de cada obra moldada por suas mãos habilidosas.

A jornada artística de José Geraldo teve início em Guatá, onde ele era o único filho homem em uma família com quatro irmãs. Desde tenra idade, demonstrou inclinação para o desenho e a elaboração de presépios, traços que prenunciavam sua vocação. Em 1975, ao fixar residência em Palhoça (SC), deu seus primeiros passos na olaria sob a orientação do Mestre Zequinha, adquirindo as habilidades fundamentais que formariam a base de sua longa e prolífica carreira.

Apesar de seu profundo envolvimento com as artes plásticas, Germano buscou formação acadêmica diversificada. Ele cursou edificações na Escola Técnica de Florianópolis, posteriormente adentrando o campo da História na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Sua paixão pela educação o levou a transicionar para a Pedagogia, onde se especializou em educação infantil e, mais tarde, em gestão de patrimônio cultural. Essa base intelectual reforçou sua capacidade de transmitir conhecimento, tornando-o um educador respeitado tanto quanto um artista.

Sua habilidade em ensinar foi amplamente reconhecida. José Geraldo Germano dedicou-se à formação de novos oleiros, inicialmente na Fundação Catarinense do Bem-estar do Menor (Fucabem). Posteriormente, como professor concursado pela prefeitura de São José (SC), lecionou na renomada Escola de Oleiros Joaquim Antônio de Medeiros, consolidando-se como um farol de conhecimento e técnica para as futuras gerações de artesãos.

O mestre ceramista participou de mais de 30 exposições em todo o Brasil ao longo de sua trajetória, levando sua arte e seu nome a diversas regiões do país. Foi em uma dessas mostras, em 1985, que conheceu Newton Souza. Esse encontro marcou o início de uma união de mais de 40 anos, um testemunho de companheirismo e paixão compartilhada, onde a vida e a arte se entrelaçavam harmoniosamente.

Em contraste com a riqueza e a complexidade de suas criações em cerâmica, José Geraldo apreciava a simplicidade no seu dia a dia. Encontrava prazer na leitura de bons livros e visitava frequentemente exposições de arte, mantendo-se sempre conectado ao universo cultural. Essa dualidade entre a arte elaborada e a vida descomplicada refletia a profundidade de sua personalidade.

José Geraldo Germano: Legado Eterno na Cerâmica e Arte Catarinense - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Uma tradição anual que ele cultivava desde a infância era a montagem do presépio natalino. A cada final de ano, ele dedicava-se a construir obras em tamanho real de figuras humanas e animais em frente à sua residência. Na véspera de Natal, promovia um sarau festivo, convidando vizinhos, alunos e amigos para compartilhar a magia do Natal. “Geraldo era pura expressão artística. Transpirava inspiração, percepção artística”, comentou a escritora Giana Schmitt de Souza, de 59 anos. Ela, juntamente com sua irmã, Jane Maria de Souza Philippi, é coautora do livro “A Escola Olaria Beiramar de São José” (2022), uma obra que eterniza a história e a contribuição do casal de oleiros para a cultura catarinense.

O legado do ceramista foi formalmente celebrado em julho de 2025, quando ele foi agraciado com o prêmio Mestres da Cultura Popular. Este reconhecimento atestou a profunda e duradoura influência de sua arte e de seu ensino no patrimônio cultural brasileiro. É crucial preservar o conhecimento e as técnicas dos artesãos tradicionais, garantindo que suas contribuições sejam valorizadas. Para mais informações sobre a importância da valorização do patrimônio cultural, pode-se consultar as diretrizes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão federal responsável por essa missão: visite a página do IPHAN.

Em 20 de agosto de 2025, um mês após o justo reconhecimento, José Geraldo Germano faleceu aos 73 anos, vítima de um infarto, ao lado de sua amada roda de oleiro, no mesmo espaço onde dedicou sua vida à arte. Deixa seu companheiro, Newton, suas irmãs Josenita e Joselina, e uma legião de sobrinhos, alunos e admiradores, que carregam consigo a memória de suas mãos talentosas e a paixão inesgotável pela cerâmica. Seu trabalho transcendeu o simples ofício, tornando-se uma verdadeira arte que educou e encantou, inspirando aqueles que buscam a essência da criatividade no labor manual.

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A trajetória de José Geraldo Germano serve como um inspirador testemunho do poder da arte tradicional e do compromisso de um artesão. Para continuar explorando histórias de figuras notáveis e o impacto cultural no cenário nacional, convidamos você a navegar por nossas demais editorias e aprofundar-se em outros temas de relevância. Mantenha-se atualizado em horadecomecar.com.br.

Crédito da imagem: @ceramica4maos no Instagram

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