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Jorge Braga, Cartunista Que Marcou a Crítica Política e o Humor, Morre Aos 68 Anos

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O cenário cultural brasileiro perdeu uma de suas figuras mais emblemáticas, Jorge dos Reis Braga, conhecido por sua trajetória singular como cartunista e por uma vida dedicada à crítica política afiada, permeada por um inconfundível bom humor. Braga faleceu em 1º de julho, aos 68 anos, em decorrência de um enfisema pulmonar, enquanto enfrentava um tratamento para câncer de pulmão. Sua partida deixa um vasto legado no *cartum brasileiro*, com sua obra sendo lembrada por inovar na sátira política e social, influenciando gerações de artistas.

Nascido em 1957, na cidade de Patos de Minas, situada no Triângulo Mineiro, Jorge dos Reis Braga demonstrou uma precocidade incomum em sua jornada educacional e profissional. Ele aprendeu a ler e a escrever em tenra idade, antes mesmo de sua entrada formal na escola primária. Sua porta de entrada para o mundo do conhecimento e da expressão foram os gibis, que não apenas o alfabetizaram, mas também se tornaram seu principal canal de comunicação e interação com o mundo. Essa imersão nos quadrinhos estabeleceu as bases para sua futura carreira no desenho e no humor.

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Sua iniciação no mercado de trabalho foi igualmente adiantada. Aos treze anos, o jovem Jorge, que havia chegado recentemente à capital goiana, Goiânia, deu seus primeiros passos no universo do jornalismo ao ingressar como cartunista no jornal semanal “Cinco de Março”. Este foi o prelúdio de uma carreira multifacetada que o consagraria como um dos grandes nomes da cena artística e política do país.

A Versatilidade de um Artista Multifacetado

Jorge Braga não se restringiu à arte dos quadrinhos; sua personalidade expansiva e seu intelecto efervescente o levaram a explorar diversas formas de expressão. Ao longo de sua vida, ele foi reconhecido como ator, poeta, humorista e um apaixonado pelas festividades do Carnaval, elementos que, de maneiras distintas, nutriram sua sensibilidade artística e seu olhar crítico. Essa pluralidade de talentos contribuiu para a riqueza de sua produção, que nunca se dissociou de sua verve espirituosa.

Da Carreira Artística à Atuação Social e Política

Sua faceta de engajamento social e político se manifestou de forma notória em várias instâncias. Por exemplo, ele participou do “Show do Esqueleto”, uma peça teatral satírica produzida há décadas por alunos de medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), cujo texto é conhecido por suas agudas críticas sociais apresentadas com humor. Essa participação evidencia seu comprometimento em usar a arte como veículo para a reflexão e o comentário social.

Em uma de suas mais curiosas empreitadas, Jorge Braga chegou a se candidatar a deputado federal constituinte. Sua campanha, que ilustrava bem seu espírito irreverente, utilizava um comitê móvel peculiar: uma carroça. Com ela, ele marchou em direção a Brasília, empunhando um lema que se tornou icônico para a sua persona política: “Se não melhora, também não estraga”. Essa jornada singular e outras anedotas marcantes de sua vida foram eternizadas no documentário “A Vida é um Risco”, uma produção cinematográfica dirigida por Ângelo Lima.

Criações Icônicas e o Toque Pessoal do Humorista

A criatividade de Jorge Braga se materializou na concepção de personagens que conquistaram o público. Dentre suas figuras mais notáveis, destacam-se Super Badião, Romãozinho e Perebão, que se tornaram veículos para suas observações sobre a sociedade e a política. Estes personagens, com suas características distintas, refletiam a capacidade do artista em dialogar com o cotidiano e transformá-lo em arte acessível e pensativa.

Empreendimentos Editoriais e a Promoção do Humor Goiano

Além de dar vida a seus personagens nos jornais, Jorge Braga aventurou-se na publicação de seu próprio material. Ele foi o responsável pelo lançamento de revistas de humor e crítica política, como a “Revista Badião” e o jornal “Zé Ferino”, ambos exemplares de sua dedicação em criar plataformas para o humor engajado. Adicionalmente, Jorge Braga teve seu próprio espaço de convivência e cultura, o bar “Cavalhadas”, que se tornou um ponto de encontro e discussão.

A relevância de sua contribuição para a cultura goiana e brasileira foi reconhecida formalmente em 1994, quando a gibiteca do estado de Goiás, situada no Centro Cultural Marieta Telles, em Goiânia, recebeu seu nome. Este espaço cultural, batizado como “Gibiteca Jorge Braga”, abriga um acervo impressionante de mais de 6.000 exemplares de histórias em quadrinhos, parte dos quais foi generosamente doada pelo próprio autor, solidificando seu legado como incentivador da leitura e da arte sequencial.

Mentor e Colega: A Influência de Braga em Outras Gerações

O impacto de Jorge Braga transcendia suas próprias criações, alcançando outros artistas. O lançamento de Romãozinho, em 1987, serviu de inspiração para Christie Queiroz, que, ainda adolescente, estava nos primeiros anos de sua própria carreira de cartunista. Christie, hoje com 52 anos e criador da renomada “Turma do Cabeça Oca”, lembra-se do conselho valioso de Braga: “Ele viu minhas histórias e disse para parar de ler Pato Donald e ler tudo de Turma da Mônica, que isso ia melhorar meu roteiro”, evidenciando a capacidade de Jorge de identificar e nutrir talentos.

A relação profissional de ambos evoluiu para uma sólida amizade em 1989, quando se tornaram colegas na Redação do jornal “O Popular”, veículo onde Jorge Braga havia iniciado sua trajetória doze anos antes (aproximadamente em 1977). Essa amizade profissional expandiu-se, formando um trio com a inclusão de Ziraldo, icônico cartunista brasileiro que faleceu em 2024 e nutria por Jorge Braga uma afeição paterna, considerando-o como um filho.

O Entusiasmo Pela Vida e o Legado Familiar

Descrito por sua filha, Juliana Braga de Ávila, 38 anos, como alguém “muito menino” e “brincalhão”, Jorge Braga mantinha uma paixão constante por figuras icônicas como Walt Disney e o universo da cultura. Esse entusiasmo infantil e vibrante o acompanhava nas viagens a parques temáticos, onde ele exibia a mesma alegria e encantamento. Com a chegada de seus netos, em especial Isadora, atualmente com nove anos, ele dedicou-se a transmitir-lhes o amor pelo desenho, ensinando-lhes os fundamentos da arte que tanto marcou sua vida.

Jorge Braga deixa os filhos Juliana e Flávio Braga, 36 anos, e três netos. A sua partida é marcada pela reverência e pelo reconhecimento de um vasto círculo de colegas, imprensa e figuras políticas.

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Diversas associações de imprensa, veículos jornalísticos e personalidades do meio político, incluindo o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), manifestaram homenagens e lembranças ao artista, ressaltando o valor de sua obra e de sua contribuição para a cultura e a cidadania brasileiras. O legado de Jorge dos Reis Braga para o cartum, o humor e a crítica política do Brasil permanece vivo, inspirando novas gerações e marcando sua memória como a de um eterno “menino” com um traço genial.


Fonte: Folha de S.Paulo

Jorge Braga, Cartunista Que Marcou a Crítica Política e o Humor, Morre Aos 68 Anos - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

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