Joel Barroso foi eleito prefeito de Santa Quitéria neste domingo, 26 de outubro, após uma eleição suplementar que reconfigurou o cenário político do município cearense. O candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) conquistou a maioria dos votos válidos, alcançando 53,17%, superando suas concorrentes Cândida Figueiredo (União) e Lígia Protásio (PT). Este pleito extraordinário foi convocado pela Justiça Eleitoral após a cassação do prefeito anteriormente eleito em 2024, José Braga Barroso, conhecido como Braguinha (também do PSB), que é pai de Joel.
A disputa para a prefeitura de Santa Quitéria mobilizou as forças políticas locais, culminando na vitória de Joel Barroso. Antes de ser eleito, Joel já exercia o cargo de prefeito interino, tendo assumido a gestão municipal devido ao impedimento legal de seu pai. A sua eleição, com 11.663 votos registrados no momento da definição, foi matematicamente confirmada às 18h43, com 84,6% das urnas apuradas, demonstrando uma clara preferência do eleitorado pela sua candidatura.
Joel Barroso Eleito Prefeito de Santa Quitéria em Voto Extra
A sucessão de eventos que levou à necessidade de uma nova eleição em Santa Quitéria teve início com a detenção de José Braga Barroso. Braguinha foi preso em 1º de janeiro de 2025, poucas horas antes de tomar posse para seu segundo mandato. Como presidente da Câmara de Vereadores na ocasião, Joel Barroso automaticamente assumiu o cargo de prefeito interino para garantir a continuidade administrativa do município.
O Contexto da Sucessão Política em Santa Quitéria
A cassação de Braguinha, formalizada pela Justiça Eleitoral em julho de 2025, foi o desfecho de acusações de abuso de poder político e econômico. O ex-prefeito eleito foi imputado por ter, supostamente, recebido suporte da facção criminosa Comando Vermelho (CV). As alegações incluíam a ameaça a apoiadores da oposição, a distribuição de entorpecentes em troca de votos durante o período de campanha eleitoral e a intimidação de eleitores no pleito de 2024.
Essas graves acusações marcaram um período de intensa turbulência política em Santa Quitéria. A interferência de uma facção criminosa no processo democrático local levantou sérias preocupações sobre a integridade das eleições municipais. Detalhes da investigação apontavam que o Comando Vermelho teria atuado para favorecer a candidatura de Braguinha, com ações que variavam desde a oferta de drogas em troca de votos até a pressão sobre apoiadores de seu adversário, o ex-prefeito e candidato Tomás Figueiredo (MDB).
Propostas e Desafios da Nova Gestão
Em entrevista concedida à TV Verdes Mares, o agora prefeito eleito Joel Barroso descreveu a campanha, que durou aproximadamente 30 dias, como um período tranquilo e sem maiores percalços. “A receptividade foi muito boa, a campanha transcorreu na normalidade”, declarou. O chefe do executivo municipal eleito delineou as principais prioridades de sua futura gestão, focando especialmente na saúde, infraestrutura e bem-estar social.
Entre as iniciativas destacadas por Joel Barroso estão a reforma do hospital municipal, um compromisso crucial para aprimorar os serviços de saúde à população. Além disso, ele mencionou a criação de um núcleo especializado para o atendimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), visando suprir uma demanda importante da comunidade. Melhorias nas estradas vicinais do município, que detém o título de maior extensão territorial do Ceará, também compõem a agenda prioritária. “Nossa principal proposta é focar na saúde”, resumiu o prefeito.
Pleito com Forte Esquema de Segurança
A votação para as eleições suplementares de Santa Quitéria ocorreu sob um regime rigoroso de segurança, que mobilizou diversas forças policiais e de defesa. Mais de 200 policiais militares, 40 policiais civis e equipes de mais de 200 homens do Exército foram empregados para garantir a ordem. A operação também contou com a presença da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e até mesmo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), evidenciando a importância do pleito para a manutenção da segurança pública.
Apesar do forte aparato de segurança, a campanha foi considerada “tranquila” tanto por moradores quanto pelos próprios candidatos. Cândida Figueiredo (União), uma das candidatas derrotadas, observou que a natureza do pleito suplementar gerou um nível de motivação diferente entre os eleitores, comparado a uma eleição completa com a participação de vereadores. No entanto, ela destacou o esforço em “conversar com as pessoas, estar com as famílias”. Lígia Protásio (PT), por sua vez, mencionou a intensidade da campanha de um mês, caracterizada pelo “corpo a corpo” e pela visita “porta em porta”, um desafio intensificado pela vasta extensão territorial de Santa Quitéria. Segundo ela, não foi possível “chegar a todas as casas, conversar com todas as famílias”.
Imagem: g1.globo.com
O impacto de uma eleição fora de época também foi percebido pela população. O aposentado Antônio Eduardo Morais, de 68 anos, que aguardava para votar desde as 7h em um colégio central, expressou um certo “desânimo” em relação ao cenário. “A gente se sente meio assim desanimado, mas o que a pessoa pode fazer? Tem que aceitar, a Justiça é que manda”, ponderou Morais, refletindo o sentimento de aceitação diante das determinações legais.
A Cassação que Deu Origem ao Novo Pleito
A trajetória política de José Braga Barroso (Braguinha) foi marcada por sua primeira eleição em 2020 e reeleição em 2024. Contudo, seu segundo mandato foi abortado com sua prisão e posterior cassação. As investigações indicaram que ele teria sido favorecido pela ação do Comando Vermelho (CV) nas eleições de 2024. A facção é acusada de ter atuado na compra de votos e na intimidação de eleitores, com foco especial nos apoiadores do então candidato Tomás Figueiredo, rival de Braguinha na disputa.
O esquema de interferência criminosa, detalhado pelas autoridades, incluía o fornecimento de drogas em troca de votos. As operações a favor de Braguinha eram supostamente coordenadas do Rio de Janeiro por Anastácio Paiva Pereira, conhecido como “Doze”, descrito como o líder do Comando Vermelho no sertão central do Ceará e natural de Santa Quitéria. Sob as ordens de “Doze”, membros da facção teriam ameaçado cabos eleitorais da campanha de Tomás Figueiredo por meio de mensagens via WhatsApp e até por pichações nas residências dos apoiadores do adversário. Para aprofundar seu conhecimento sobre o que são e como ocorrem esses pleitos atípicos, é importante entender o funcionamento das eleições suplementares.
A solicitação de cassação da chapa de Braguinha e seu vice foi feita pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) ainda no final de 2024, após investigações robustas sobre o envolvimento do crime organizado nas eleições. O MPE alegou que a chapa se beneficiou ou praticou abuso de poder político e econômico, comprometendo a lisura do pleito. Apesar da defesa de Braguinha negar as acusações, a Justiça Eleitoral, em maio de 2025, cassou o mandato. A decisão foi referendada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) em julho, culminando na marcação das eleições suplementares para 26 de outubro.
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A vitória de Joel Barroso representa um novo capítulo para Santa Quitéria, que agora busca estabilidade política após um período de intensa incerteza e controvérsia. Com as prioridades de gestão já traçadas, a expectativa é de que o novo prefeito consiga implementar as mudanças prometidas e atender às necessidades da população. Para mais informações e análises aprofundadas sobre política e eleições, continue acompanhando nossa editoria de Política.
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