O renomado apresentador Jimmy Kimmel utilizou o monólogo de abertura de seu talk show, Jimmy Kimmel Live!, para esclarecer e negar enfaticamente que teria proferido comentários jocosos sobre o trágico assassinato do influenciador conservador Charlie Kirk. Kirk foi alvejado em 10 de setembro, e a repercussão gerou uma suspensão temporária do programa de Kimmel, que retornou à programação da ABC nos Estados Unidos na última terça-feira, dia 23.
A controvérsia teve início após comentários feitos por Kimmel na semana anterior à suspensão de seu programa, durante os quais ele mencionou a tragédia. Naquela ocasião, o apresentador declarou: “A turma do Maga [movimento Make America Great Again] está desesperada para caracterizar esse garoto que matou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um deles e fazendo de tudo para tirar proveito político disso.” Essas palavras desencadearam uma onda de críticas e levaram à interrupção de seis dias na transmissão do talk show, uma medida determinada pela ABC, emissora do grupo Disney.
Jimmy Kimmel Nega Piada Sobre Morte de Charlie Kirk
Em sua primeira declaração pública sobre o incidente desde o retorno do programa, o apresentador reiterou seu posicionamento: “Nunca foi minha intenção menosprezar o assassinato de um jovem”, disse ele. Kimmel fez questão de frisar que não há nada de divertido na situação. “Não acho que haja nada engraçado nisso”, completou. O apresentador também revelou ter publicado uma mensagem no Instagram no dia em que Kirk foi morto, expressando seus sentimentos e solicitando compaixão pela família do influenciador. Ele assegurou que essa postura sincera permanece inalterada e que suas intenções nunca foram culpar um grupo específico pelas ações de um “indivíduo profundamente perturbado”.
Kimmel reconheceu que suas falas podem ter parecido inoportunas para alguns, admitindo uma provável compreensão caso as circunstâncias fossem inversas. Ele ressaltou a existência de amigos e familiares com diferentes posicionamentos políticos, pelos quais mantém afeição e proximidade, independentemente de discordâncias. Para o apresentador, o assassino de Charlie Kirk não representa um grupo, mas sim uma “pessoa doente que acreditava que a violência era uma solução, e não é”.
A reabertura do Jimmy Kimmel Live! foi marcada por uma sequência de clipes que exibiam as diversas reações da mídia à suspensão. Kimmel dedicou um tempo significativo para agradecer o apoio de figuras como Stephen Colbert, John Oliver, Conan O’Brien, James Corden, Jay Leno, Howard Stern e David Letterman, os quais ele classificou como aliados. Além disso, estendeu seus agradecimentos a indivíduos que, apesar de não apoiarem seu programa, manifestaram-se em defesa do seu direito à liberdade de expressão.
Entre as personalidades mencionadas que se manifestaram em sua defesa, mesmo sem serem seus habituais apoiadores, estavam Ben Shapiro, Clay Travis, Candace Owens, Mitch McConnell e Rand Paul. Kimmel citou inclusive seu “velho amigo Ted Cruz”, que, de acordo com o apresentador, “disse algo muito bonito” em seu favor. Ele atribuiu coragem a essas pessoas por terem se posicionado, mesmo contra a administração de Donald Trump, e elogiou o gesto.
Momentos antes do programa de Kimmel ser transmitido na terça-feira, o ex-presidente Donald Trump expressou sua incredulidade através do Truth Social, afirmando não entender como a ABC permitiu o retorno do apresentador. Trump insinuou futuras ações contra a emissora, declarando: “Por que eles iriam querer de volta alguém que se sai tão mal, que não é engraçado e que coloca a rede em perigo ao transmitir 99% de LIXO Democrata positivo”. Ele classificou Kimmel como “mais um braço do DNC (Comitê Nacional Democrata)” e sugeriu que isso configuraria uma “grande contribuição ilegal de campanha”, prometendo “testar a ABC nisso”.
As declarações de Trump e a controvérsia em torno de Kimmel levaram o presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, a se manifestar. Carr ameaçou abrir uma investigação e apelou para que as emissoras de televisão cancelassem o programa de Kimmel, sob pena de possíveis multas e até mesmo a revogação de suas licenças de transmissão. A Comissão Federal de Comunicações é a agência governamental que regula a comunicação interestadual e internacional por rádio, televisão, fio, satélite e cabo nos EUA.
Apesar da decisão da Disney de reintegrar Kimmel à grade da ABC em menos de uma semana, a repercussão negativa teve um impacto mais duradouro em outras esferas. Os dois maiores grupos de emissoras locais afiliadas à ABC, Nexstar Media Group e Sinclair, continuam a boicotar o programa do apresentador. Kimmel, que já comandou o Oscar em quatro ocasiões, traçou um paralelo entre as críticas direcionadas a ele e as perseguições sofridas por jornalistas.
O apresentador alegou que Trump não está apenas visando comediantes que ele desaprova, mas também atacando profissionais da imprensa, com táticas de processo e intimidação. “Sei que isso não é tão interessante quanto silenciar um comediante, mas é tão importante ter uma imprensa livre, e é loucura não estarmos prestando mais atenção a isso”, afirmou Kimmel. Para ele, a liberdade de imprensa é um pilar fundamental da sociedade democrática.
Kimmel também expressou profunda comoção com o gesto de Erika Kirk, viúva de Charlie Kirk, que manifestou perdão ao suposto assassino de seu marido, um estudante de escola técnica de Utah, de 22 anos. A atitude de perdão, mesmo diante de tamanha tragédia, tocou o apresentador profundamente, reforçando a complexidade e a humanidade envolvidas no episódio.
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Em suma, o retorno de Jimmy Kimmel à televisão foi marcado por uma forte defesa de sua integridade e do direito à liberdade de expressão, em meio a acusações sérias e pressões políticas. A polêmica gerou debates sobre o papel da mídia, a cultura do cancelamento e os limites do humor. Para se aprofundar em temas relevantes do cenário político e de entretenimento, continue acompanhando as análises e notícias da nossa editoria de Política em Hora de Começar.
Crédito da imagem: Patrick T. Fallon/AFP
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