O Exército israelense confirmou nesta quarta-feira (15) que um dos corpos entregues pelo Hamas não pertencia a nenhum refém de guerra, trazendo um novo elemento de tensão para o recente acordo de cessar-fogo. A constatação veio após a realização de exames forenses que invalidaram a identidade de um dos restos mortais devolvidos pelo grupo militante palestino.
A entrega dos corpos, efetuada na terça-feira (14), fazia parte das condições do acordo de paz selado na semana passada, que visava pôr fim ao conflito deflagrado em outubro de 2023. De acordo com as declarações do comando militar de Israel, o Hamas tinha a obrigação de empreender todos os esforços para repatriar os reféns falecidos, o que agora é questionado pela identidade duvidosa de um dos corpos.
Israel Confirma: Corpo do Hamas Não É de Refém
Esta foi a segunda vez que o Hamas realizou a devolução de restos mortais desde o início das hostilidades. A primeira ocasião ocorreu na segunda-feira, quando outros quatro corpos foram entregues. As operações de repatriamento contaram com a mediação essencial do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, assegurando a formalidade dos procedimentos.
Após cada entrega, os caixões contendo os restos mortais são transportados para institutos forenses em território israelense, onde especialistas procedem com análises de DNA e outras metodologias para a identificação. Foi durante essa etapa minuciosa de validação, que se estendeu pela noite de terça-feira para quarta-feira (15), que as autoridades de saúde israelenses determinaram que um dos corpos não correspondia a nenhuma das 28 vítimas cujos restos mortais eram esperados por Israel, permanecendo sob o controle do Hamas.
Verificação Forense e Obrigações do Acordo
A conclusão dos exames forenses foi determinante: um dos quatro corpos devolvidos nesta leva não podia ser associado a nenhum dos reféns israelenses falecidos sob a custódia do Hamas. Essa descoberta levou o Exército israelense a emitir um comunicado veemente, reiterando a exigência de que “o Hamas é obrigado a fazer todos os esforços necessários para devolver os reféns falecidos”. A notificação reflete a insatisfação de Israel com a aparente falha no cumprimento integral dos termos do acordo de cessar-fogo.
Às 19h18, horário de Brasília, a Polícia de Israel informou que os quatro caixões com os restos mortais, escoltados por efetivos policiais, haviam chegado ao Instituto Nacional de Medicina Legal em Abu Kabir. No local, uma equipe multidisciplinar, composta por oficiais forenses e voluntários da unidade odontológica da polícia, aguardava para prosseguir com o processo de identificação, em conjunto com outros profissionais médicos e de reconhecimento.
Consequências na Ajuda Humanitária e Reivindicações
A incerteza sobre a devolução completa e precisa dos corpos de reféns desencadeou repercussões significativas no fluxo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Em virtude do alegado descumprimento do acordo de cessar-fogo por parte do Hamas, Israel comunicou à Organização das Nações Unidas (ONU) a imposição de limites à entrada de assistência. A agência de notícias Reuters reportou que, a partir desta quarta-feira (15), a quantidade de caminhões humanitários permitidos seria reduzida pela metade, totalizando 300 veículos, comparado ao número anteriormente acordado.
Adicionalmente, as autoridades israelenses decretaram que o fornecimento de combustível e gás seria interrompido na Faixa de Gaza, com exceção de situações específicas e estritamente relacionadas à infraestrutura humanitária. O governo de Israel justificou estas ações, alegando que o Hamas violou o compromisso de liberar todos os 48 reféns detidos, que incluíam tanto os indivíduos vivos quanto os corpos das 28 vítimas.
Na segunda-feira (13), paralelamente à entrega dos primeiros corpos, o Hamas libertou 20 reféns que estavam vivos. Contudo, o grupo solicitou tempo adicional para a localização e devolução dos restos mortais restantes, argumentando desconhecer o paradeiro de todos eles. Essa justificativa, no entanto, não foi acatada por Israel, resultando na atual limitação de ajuda humanitária.
Imagem: g1.globo.com
Esforços de Busca Internacionais e Apelo Humanitário
Diante da complexidade da situação e da persistente questão dos corpos desaparecidos, a Turquia anunciou a criação de uma força-tarefa especial dedicada à busca e recuperação dos restos mortais na Faixa de Gaza. Esta operação conta com o apoio estratégico dos Estados Unidos e de Israel, em uma tentativa de cooperar para resolver essa fase do conflito.
Ao mesmo tempo, as entidades internacionais reforçaram o apelo pela ampliação do acesso à ajuda humanitária. Nesta terça-feira, a ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) instaram veementemente pela abertura de todas as passagens fronteiriças da Faixa de Gaza para facilitar o ingresso de suprimentos. Christian Cardon, porta-voz do CICV, enfatizou em coletiva de imprensa que a urgência na abertura dessas rotas é o “principal problema neste momento”. Por sua vez, Jens Laerke, do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), salientou que a organização dispõe de 190 mil toneladas de ajuda prontas para envio, solicitando autorização para aumentar o fluxo de entrada. A atuação da Cruz Vermelha em cenários de conflitos armados é fundamental para mitigar o sofrimento humano e assegurar o respeito às convenções humanitárias.
Incidentes de Segurança na Faixa de Gaza
Em um episódio que ressalta a instabilidade da região, o Exército israelense reportou nesta terça-feira ter efetuado disparos contra “vários suspeitos” que cruzaram as linhas de suas tropas na Faixa de Gaza. De acordo com as autoridades de saúde palestinas, o incidente resultou na morte de cinco indivíduos. As Forças de Defesa de Israel justificaram a ação, alegando que os suspeitos violaram uma zona de segurança demarcada no âmbito do plano de cessar-fogo, mediado pelos Estados Unidos, que previa um recuo gradual das forças israelenses do território palestino.
Segundo o comunicado militar, os indivíduos se aproximaram das posições israelenses, levando os militares a abrir fogo após tentativas de dissuasão não terem sido bem-sucedidas. Israel classificou o incidente como uma violação do acordo de cessar-fogo e alertou os palestinos a respeitarem as instruções de segurança e a evitarem aproximações das áreas de operação militar.
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A constatação de que um corpo devolvido pelo Hamas não era de refém acrescenta uma camada de desconfiança e complicação ao já delicado acordo de paz entre as partes. Este evento não apenas impacta a liberação dos desaparecidos, mas também acarreta restrições na ajuda humanitária, evidenciando a fragilidade da estabilidade na região. Continue acompanhando a cobertura completa em nossa seção de Política para se manter informado sobre este e outros desdobramentos globais.
Crédito da imagem: REUTERS/Dawoud Abu Alkas
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