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Irmãos resgatados em Roraima após maus-tratos em mata

Na sexta-feira, 19 de abril, dois irmãos, de 7 e 8 anos, foram resgatados de uma grave situação de maus-tratos e abandono em uma área de densa mata localizada no Baixo Rio Branco, na região interiorana de Roraima. Vivendo sob condições desoladoras na companhia do pai, que permanece foragido, as crianças foram encontradas descalças, desorientadas […]

Na sexta-feira, 19 de abril, dois irmãos, de 7 e 8 anos, foram resgatados de uma grave situação de maus-tratos e abandono em uma área de densa mata localizada no Baixo Rio Branco, na região interiorana de Roraima. Vivendo sob condições desoladoras na companhia do pai, que permanece foragido, as crianças foram encontradas descalças, desorientadas e com visíveis hematomas espalhados pelo corpo. A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) do estado divulgou os detalhes chocantes deste episódio no domingo, 21 de abril, alertando para a gravidade dos fatos que envolvem negligência e agressão contra crianças.

O resgate, que ocorreu na comunidade Cachoeirinha, durante a Operação Escudo Feminino, revelou um cenário de extremo descuido e vulnerabilidade. As equipes envolvidas, após seguirem uma denúncia anônima, depararam-se com os garotos em estado deplorável, um testemunho mudo de semanas, talvez meses, de sofrimento longe da civilidade e da proteção mínima que qualquer criança necessita. A Operação Escudo Feminino, por sua vez, está focada em intensificar ações de prevenção, fiscalização e combate à violência em comunidades ribeirinhas de difícil acesso, demonstrando a importância de tais iniciativas em regiões remotas.

Os relatos preliminares dos moradores, feitos anonimamente à polícia, detalharam a conduta incomum de um homem de 50 anos que se estabelecera na comunidade Cachoeirinha há cerca de dois meses, acompanhado de seus dois filhos. De acordo com essas informações, o indivíduo mantinha um comportamento isolado, evitando interações sociais e impedindo que os garotos frequentassem a escola. A situação se agravou quando o pai decidiu isolar-se ainda mais com as crianças, movendo-se para uma área de mata densa, aproximadamente 5 km distante do centro da comunidade, onde a equipe de resgate, durante a

Irmãos resgatados em Roraima após maus-tratos em mata

, finalmente os localizou.

Denúncia de Moradores Desencadeia Resgate em Roraima

A intervenção policial teve início a partir de uma denúncia anônima de moradores da comunidade de Cachoeirinha. Preocupados com o bem-estar das crianças, os vizinhos relataram às autoridades que um homem, então com 50 anos de idade, havia se mudado para a região aproximadamente dois meses antes, trazendo consigo seus dois filhos. O comportamento recluso do pai, que evitava contato com outras pessoas, era um sinal de alerta, agravado pela proibição de que as crianças fossem à escola, negando-lhes acesso à educação e a um ambiente socializador vital para seu desenvolvimento.

Posteriormente, o pai levou os filhos para uma área ainda mais remota e isolada, no interior da mata, a cerca de 5 quilômetros de distância do povoado. Esse isolamento total das crianças de qualquer contato externo acentuou as suspeitas e intensificou a necessidade de uma investigação imediata. Na sexta-feira, equipes policiais dirigiram-se à comunidade Cachoeirinha não apenas para proferir uma palestra preventiva — parte da agenda da Operação Escudo Feminino — mas também, e de forma crucial, para investigar a séria denúncia.

Condições Prementes no Momento do Resgate

Ao chegar ao local indicado pelos moradores, os agentes encontraram os dois irmãos em um estado chocante. Descalços e visivelmente famintos, as crianças apresentavam um semblante desorientado e uma série de hematomas por todo o corpo, que atestavam os maus-tratos sofridos. A visão das crianças abandonadas e machucadas sublinhava a urgência e a necessidade de uma ação imediata de proteção.

As crianças, ainda atordoadas, contaram aos policiais que haviam feito apenas uma refeição naquele dia, uma situação inaceitável para menores em crescimento. Além da privação alimentar, os garotos dormiam em um abrigo improvisado e precário, feito de palhas, montado no meio da mata. Próximo a esse rudimentar esconderijo, havia uma roça recém-aberta com uso de motosserra, revelando o projeto do pai de construir uma moradia ainda mais oculta e afastada, para viver de forma completamente isolada do convívio social. Essa revelação deu um contorno ainda mais sombrio ao plano do genitor.

Ações Pós-Resgate e Investigação da Residência Anterior

Imediatamente após serem resgatados da mata, os irmãos foram conduzidos à embarcação-base que servia de apoio à Operação Escudo Feminino. Ali, receberam os primeiros socorros, alimentos e os cuidados básicos necessários para sua recuperação, sendo amparados pelas equipes multidisciplinares presentes na operação. O foco principal era garantir sua segurança e iniciar o processo de reabilitação física e emocional após o trauma vivido.

No retorno à comunidade, durante o trajeto, as crianças indicaram o imóvel onde residiam anteriormente com o pai. Ao vistoriar o local, os policiais encontraram uma residência em condições totalmente insalubres: um forte mau cheiro impregnava o ambiente, roupas sujas estavam espalhadas por toda parte e, sobre o fogão, foram encontrados restos de comida estragada, comprovando o descaso e a precariedade das condições de vida a que as crianças estavam submetidas. A legislação brasileira, pautada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), prevê rigorosas sanções para casos de abandono e maus-tratos.

No imóvel, as autoridades recolheram alguns pertences essenciais das crianças. Em seguida, os irmãos foram encaminhados para o Conselho Tutelar e para a Delegacia de Caracaraí, onde foram tomadas as medidas de proteção cabíveis. Esses órgãos são fundamentais na rede de amparo e garantia dos direitos de crianças e adolescentes.

A Complexidade da Operação e o Perfil do Pai Foragido

A ação de resgate mobilizou uma equipe multidisciplinar e interagências, envolvendo efetivos da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Civil (PCRR), da Polícia Militar (PMRR), do Corpo de Bombeiros Militar e da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh). Essa cooperação foi crucial para o sucesso da operação, dada a complexidade do terreno e a natureza sensível da ocorrência. Cada instituição desempenhou um papel vital, desde a localização dos meninos até o suporte inicial após o resgate.

Contudo, apesar da articulação das forças de segurança, o pai das crianças conseguiu fugir antes que as equipes o alcançassem, permanecendo não localizado até o momento. As investigações sobre seu paradeiro estão em curso, e as autoridades seguem em busca do homem para que ele possa responder pelas acusações. Ele possui um histórico criminal que inclui passagem pelo sistema prisional de Roraima em 2016 e, conforme boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Bonfim, também responde a um processo por estupro de vulnerável. Seu passado e seu comportamento recente demonstram um padrão de desrespeito à lei e aos direitos de menores.

A Operação Escudo Feminino, da qual o resgate dos irmãos fez parte, tem previsão de término para 27 de setembro. Seus objetivos maiores englobam o fortalecimento das ações de prevenção, fiscalização e combate à violência de diversas formas em comunidades ribeirinhas, que frequentemente se encontram em zonas de difícil acesso no Baixo Rio Branco, garantindo que outras situações como a vivida pelos irmãos possam ser evitadas ou prontamente endereçadas pelas autoridades competentes.

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Este grave caso de abandono e maus-tratos em Roraima reitera a necessidade de vigilância constante e de ação efetiva das forças de segurança e dos órgãos de proteção à criança e ao adolescente. A história desses irmãos é um lembrete doloroso de que muitos desafios ainda persistem em regiões remotas do país, onde a atuação preventiva e a resposta rápida são essenciais. Mantenha-se informado sobre este e outros temas da segurança pública e social em nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: PCRR/PMRR/Divulgação

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