A intoxicação por metanol representa um sério risco à saúde, convertendo-se em ácido fórmico, uma substância altamente tóxica para o organismo humano. Contudo, a medicina conta com ferramentas cruciais no combate a essa condição: o etanol e o fomepizol são os antídotos empregados, com a função essencial de impedir a formação desse composto perigoso, facilitando a eliminação segura do metanol pelo corpo.
Esses medicamentos agem como barreiras metabólicas. No Brasil, o etanol já é uma opção terapêutica, conhecido por sua capacidade de bloquear a rota de transformação do metanol em ácido fórmico, apesar de ter a embriaguez como efeito adverso notável. Por outro lado, o fomepizol, ainda sem registro e comercialização no território nacional, cumpre o mesmo papel bioquímico, mas oferece um perfil de segurança com menos efeitos secundários indesejados.
Intoxicação por Metanol: Antídotos e o Cenário Brasileiro
Os sintomas de uma intoxicação por metanol podem variar de manifestações leves a quadros de extrema gravidade. Inicialmente, o paciente pode experienciar tontura, uma sensação de moleza, sonolência e relaxamento, frequentemente confundidos com uma ressaca comum. Com a progressão do quadro, as consequências se agravam, podendo surgir insuficiência respiratória, náuseas, vômitos intensos, cefaleia persistente, confusão mental, taquicardia, queda acentuada da pressão arterial e ataxia, comprometendo seriamente o equilíbrio e a coordenação motora. Uma preocupação particular é a saúde ocular, visto que, entre seis e 24 horas após o consumo da substância tóxica, é possível que a visão fique turva, a sensibilidade à luz aumente e ocorra dilatação das pupilas e perda da percepção das cores, conforme alertado pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.
Ação e Aplicação dos Antídotos na Prática Médica
Conforme explica Álvaro Pulchinelli, médico toxicologista e diretor técnico da Toxicologia Pardini, parte integrante do Grupo Fleury, a função primordial dos antídotos como o etanol e o fomepizol é neutralizar a toxidade do metanol, impedindo sua metabolização em ácido fórmico. Essa ação é vital para proteger os órgãos vitais do corpo dos efeitos deletérios da substância tóxica. O fomepizol, embora indisponível comercialmente no Brasil, destaca-se pelos seus efeitos colaterais mais brandos, como náusea, tontura ou dor de cabeça. Essa característica permite que os pacientes se recuperem de maneira mais rápida e confortável, enquanto o organismo realiza a eliminação do metanol.
A administração desses antídotos é estritamente hospitalar, podendo ser feita por via oral ou intravenosa, dependendo da condição do paciente e da gravidade da intoxicação. Pulchinelli enfatiza a importância estratégica de manter um estoque desses medicamentos para cenários de emergência. A comparação com um “extintor de incêndio” ilustra bem a ideia: é uma ferramenta que se espera não precisar usar, mas que é fundamental estar disponível em caso de uma tragédia, agindo preventivamente para salvar vidas.
Cenário Atual da Intoxicação por Metanol no Brasil
No Brasil, o Ministério da Saúde reportou, em 3 de novembro de 2025, um quadro preocupante: 113 notificações de supostas intoxicações por metanol relacionadas à ingestão de bebidas alcoólicas foram registradas em cinco estados e no Distrito Federal. Desse total, 11 casos foram confirmados laboratorialmente, enquanto 102 ainda permanecem sob investigação. O relatório inclui ainda a confirmação de uma morte por intoxicação em São Paulo, além de outras 11 mortes que estão em análise para determinar sua causa.
Desafios na Disponibilidade e Regulamentação do Fomepizol
Um dos principais obstáculos no combate à intoxicação por metanol no Brasil reside na indisponibilidade do fomepizol, um antídoto que não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essa condição é um requisito indispensável para qualquer medicamento ser ofertado e comercializado legalmente no país. Especialistas, como os do Ciatox de Campinas – centro de referência em diagnóstico e tratamento de intoxicações – reforçam a relevância do fomepizol. O medicamento não apenas impede a conversão do metanol em compostos tóxicos, mas também apresenta maior facilidade de administração em comparação com o etanol farmacêutico. Para aprofundar seu conhecimento sobre o processo de registro de medicamentos no país, que impede a rápida introdução de soluções como o fomepizol, você pode consultar informações detalhadas diretamente no site oficial da Anvisa.
Diante desse cenário, em entrevista coletiva realizada em 2 de novembro de 2025, em Brasília, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou o plano governamental de buscar a importação do fomepizol. Para viabilizar essa ação emergencial, a Anvisa divulgou a intenção de publicar um edital de chamamento internacional. O objetivo é identificar fabricantes e distribuidores qualificados capazes de fornecer o medicamento ao país.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Limites Regulatórios de Metanol em Bebidas Alcoólicas no Brasil
A segurança dos consumidores de bebidas alcoólicas é garantida por regulamentações estritas no Brasil, especialmente no que tange à concentração de metanol. De acordo com o Conselho Federal de Química (CFQ), citando uma instrução normativa do Ministério da Agricultura e Pecuária, a quantidade máxima de metanol permitida em bebidas destiladas é de 20 mg por 100 mL de álcool anidro. Há, no entanto, exceções específicas a essa regra geral: o arak e o rum, por exemplo, podem conter até 200 mg/100 mL, enquanto a aguardente de fruta, devido à composição natural de sua matéria-prima, tem um limite estendido para 400 mg/100 mL. O uísque, que é produzido a partir de cereais, permanece sujeito ao limite padrão de 20 mg/100 mL.
No setor de vinhos, a legislação exige aprovação em análise laboratorial para a comercialização de produtos. O metanol é um composto que se forma naturalmente durante o processo de fermentação da uva, principalmente a partir da degradação de pectinas. Os padrões de identidade e qualidade estabelecem limites rigorosos para cada tipo: vinhos tintos não devem exceder 400 mg/L, enquanto vinhos brancos e rosados têm um teto de 300 mg/L. Esses limites visam assegurar que a bebida mantenha suas características sensoriais intrínsecas, sem oferecer qualquer risco à saúde do consumidor.
A cerveja, que é elaborada através da fermentação de cereais maltados, apresenta uma formação de metanol significativamente menor. Apesar disso, também é submetida a um controle de qualidade rigoroso. Mesmo em concentrações consideravelmente inferiores às observadas em destilados e vinhos, a legislação brasileira é explícita ao exigir que o produto final esteja isento de quaisquer contaminantes acima dos limites considerados seguros, conforme estabelecido pelas normas do Ministério da Agricultura, garantindo a salubridade da bebida.
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Em suma, a compreensão dos mecanismos de ação dos antídotos etanol e fomepizol é fundamental para o tratamento da intoxicação por metanol. O cenário nacional, com casos em investigação e discussões sobre a importação de medicamentos, destaca a importância da vigilância e da disponibilidade de recursos médicos adequados. Continue acompanhando nossas publicações para se manter informado sobre as novidades na área da saúde e outros temas relevantes para as cidades e o cotidiano do país.
Crédito da imagem: Divulgação Ciatox de Campinas
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