Um preocupante caso de Intoxicação por Metanol em SP: Adega Vendia Gim Adulterado na zona sul de São Paulo, no final de agosto, lançou luz sobre o possível modus operandi das crescentes ocorrências de envenenamento por bebida alcoólica contaminada com a substância no estado, especialmente na capital e em sua região metropolitana.
Até o momento, o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) de São Paulo confirmou duas mortes relacionadas ao metanol. Ambos os óbitos ocorreram em setembro, um na cidade de São Paulo e outro em São Bernardo do Campo. Desde junho, seis casos de intoxicação foram oficialmente registrados no estado, e há dez investigações em andamento somente na capital paulista.
Intoxicação por Metanol em SP: Adega Vendia Gim Adulterado
No episódio da intoxicação em grupo na zona sul, as vítimas não tiveram óbito, mas apresentaram sintomas graves. Um jovem de 27 anos, por exemplo, relatou ter perdido a visão, além de desenvolver um quadro de consciência rebaixada, necessitando de ventilação mecânica no hospital. No dia 2 de setembro, familiares desse jovem e da mãe de uma garota de 25 anos compareceram à 48ª Delegacia de Polícia, no distrito de Cidade Dutra, para registrar o diagnóstico de intoxicação por metanol de seus parentes.
Os relatos indicaram que o envenenamento se deu após o consumo de uma renomada marca de gim importado. A bebida havia sido adquirida dias antes pelo rapaz, na mesma semana, em uma adega localizada no Jardim Guanhembú, um bairro residencial próximo ao Sesc Interlagos, na zona sul da capital paulista.
O consumo da bebida adulterada ocorreu na madrugada de 31 de agosto, na residência do próprio jovem, logo após a compra. A adega havia vendido o gim em um pacote promocional que incluía gelo e um energético. Cinco pessoas participaram da confraternização, com idades variando entre 23 e 27 anos. Deste grupo, quatro necessitaram de atendimento hospitalar imediato devido aos severos sintomas manifestados após a ingestão.
O anfitrião da reunião, que havia ingerido o gim puro, foi o que apresentou o quadro mais grave, segundo testemunhas. Ele acordou com fortes dores abdominais e, mais tarde, começou a gritar que estava cego, um sintoma clássico da intoxicação por metanol. Os demais convidados haviam consumido a bebida misturada com gelo ou energético, o que possivelmente mitigou a intensidade dos efeitos imediatos.
Como parte da investigação, a polícia recolheu duas garrafas de gim na casa da vítima mais afetada. Subsequentemente, 14 garrafas adicionais foram apreendidas no estabelecimento onde, segundo os parentes, a bebida havia sido adquirida. Registros internos da adega confirmaram que ao menos uma garrafa da marca em questão havia sido comprada no local por volta das 2h da manhã de 31 de agosto.
Funcionários da adega informaram que o rapaz era um cliente habitual do local e que, na noite da compra, ele já demonstrava sinais de embriaguez. Eles também declararam que o gim supostamente havia sido comprado em uma distribuidora de bebidas na mesma região. Contudo, não puderam apresentar as notas fiscais correspondentes, alegando que apenas o proprietário, que estava viajando na ocasião, poderia confirmar a procedência da bebida posteriormente.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou que o caso continua sob investigação. Até o momento, não há novidades divulgadas sobre os resultados da análise laboratorial das bebidas apreendidas, que são cruciais para confirmar a presença e a concentração de metanol.
Metanol: Contaminação por Bebidas Adulteradas e Crime Organizado
A contaminação de bebidas alcoólicas por metanol frequentemente está associada a casos de falsificação. Esta substância tóxica pode estar presente em álcool de baixa qualidade utilizado na adulteração ou ser adicionada deliberadamente para elevar o teor alcoólico de forma mais barata. Camila Carbone Prado, médica-assistente do Ciatox de Campinas, um centro de assistência toxicológica de referência para esses casos, ressalta que, embora essas hipóteses sejam plausíveis, a causa exata das intoxicações só poderá ser confirmada após a análise conclusiva do conteúdo das garrafas apreendidas.
A falsificação de bebidas é um negócio lucrativo para o crime organizado no Brasil. Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que, em 2022, o crime organizado gerou uma receita estimada em R$ 56,9 bilhões com a fabricação de bebidas falsificadas. Esse montante superava o faturamento da maior cervejaria do país, a Ambev, que registrou R$ 42,6 bilhões no mesmo período.
Para chegar a esses valores alarmantes, a entidade utilizou dados da Euromonitor Internacional, que estima que cerca de 25,7% do mercado brasileiro de bebidas estaria na ilegalidade. A base de cálculo foi a produção nacional do setor, conforme registrada pela Pesquisa Industrial Anual do IBGE. Facções criminosas conhecidas, como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC), são apontadas como envolvidas na produção e distribuição ilegal dessas substâncias.
Para aprofundar seu conhecimento sobre os perigos e causas da intoxicação por metanol e a ação da vigilância sanitária, é essencial consultar fontes oficiais de saúde.
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O caso na zona sul de São Paulo sublinha a complexidade da fiscalização e o risco iminente à saúde pública que a comercialização de bebidas adulteradas representa. As autoridades continuam monitorando e investigando os incidentes de intoxicação por metanol, reforçando a importância da vigilância por parte dos consumidores. Para mais notícias e análises sobre questões urbanas e investigações, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Eduardo Knapp – 11.jan.2017/Folhapress
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