O Brasil está em alerta diante de um preocupante surto de intoxicação por metanol. O Ministério da Saúde revelou que já contabilizou 41 notificações de casos relacionados ao consumo de bebidas adulteradas com a substância. Deste total, um alarmante percentual de 90% dos incidentes, ou seja, 37 notificações, foram reportados no estado de São Paulo, evidenciando uma concentração geográfica preocupante dos episódios.
A situação é crítica na Grande São Paulo, que enfrenta não apenas o alto número de notificações, mas também a investigação de óbitos que podem estar diretamente ligados ao metanol. Nesta quarta-feira (1º), a Prefeitura de São Bernardo do Campo, na região do ABC, confirmou mais uma morte suspeita, elevando para seis o número total de fatalidades sob averiguação no município. Estes eventos sublinham a gravidade do cenário e a necessidade de ações coordenadas de vigilância e combate a produtos ilegais no mercado.
Intoxicação por Metanol: Saúde registra 41 casos, 37 em São Paulo
Em resposta à crescente crise de saúde pública, as autoridades intensificaram as operações de fiscalização em todo o estado. Nesta mesma quarta-feira (1º), quatro distribuidoras de bebidas foram alvo das equipes de inspeção. Na região da Bela Vista, no Centro da capital paulista, dois depósitos foram cautelarmente interditados. Já em Barueri, na Região Metropolitana, as operações resultaram no recolhimento de diversas caixas de vodca, que serão submetidas a rigorosas análises para identificar possíveis contaminações e determinar a origem do metanol.
Entre os casos de grande repercussão que ilustram o drama causado pela intoxicação, está o da designer de interiores Radharani Domingos. A profissional relatou ter consumido três caipirinhas de vodca em um bar na Alameda Lorena, na sofisticada região dos Jardins, no dia 19 de setembro. Pouco tempo depois, Radharani sofreu sérias consequências, perdendo a visão, um dano devastador que ela atribui à bebida contaminada.
O bar em questão, localizado em uma área nobre da capital, foi imediatamente interditado pelas autoridades, seguindo um protocolo de cautela enquanto as investigações prosseguem. Fagne da Silva Santos, proprietário do Bar Ministrão, concedeu entrevista ao Jornal Nacional, onde expressou sua indignação e defendeu a integridade de seu estabelecimento. Santos apresentou notas fiscais de seus fornecedores, assegurando que adquire destilados de apenas duas distribuidoras conhecidas e confiáveis. “Minha vida está aqui dentro”, afirmou Fagne da Silva Santos, ressaltando o investimento e a paixão pelo negócio. Ele enfatizou que jamais colocaria em risco a saúde de seus clientes, muitos dos quais são amigos e familiares. O proprietário aguarda com ansiedade os laudos que possam esclarecer o caso e isentar seu bar de culpa, garantindo ter “a consciência limpa que o erro não foi da gente”.
Diante da incerteza e do risco iminente, o setor de clubes e associações no estado de São Paulo também reagiu prontamente. O Sindiclubes, o sindicato que representa a categoria, emitiu uma forte recomendação para que os estabelecimentos de todo o estado suspendam temporariamente a comercialização de bebidas destiladas. Sérgio Nabhan, presidente do Sindiclubes, explicou que a medida é preventiva. “Nós vamos esperar também as autoridades se manifestarem para saber a origem dessas bebidas, se tem algum risco para nós”, declarou. A orientação é que a venda só seja retomada após um posicionamento oficial das autoridades de saúde e segurança, garantindo que o risco para os consumidores seja significativamente minimizado.

Imagem: g1.globo.com
Em Brasília, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou a importância vital da notificação obrigatória e imediata de todos os casos de suspeita de intoxicação. Padilha salientou que a agilidade na comunicação é crucial para a saúde individual dos afetados e, principalmente, para as investigações em curso. A rápida comunicação permite que os setores de segurança e vigilância local ajam sem demora, identificando o produto, bloqueando a sua comercialização e tentando rastrear a origem da bebida contaminada. Tal estratégia tem “um peso muito importante também para a gente rapidamente acionar os bloqueios em relação a isso e poder descobrir quem são os criminosos que estão alterando essas bebidas”, reforçou o ministro, evidenciando a cadeia de reações que a notificação gera, desde a proteção do consumidor até a punição dos responsáveis.
A presença de metanol em bebidas alcoólicas é um grave risco à saúde pública, podendo levar a danos irreversíveis, como a cegueira, e até mesmo à morte. O trabalho coordenado entre diferentes esferas governamentais e a colaboração da sociedade são fundamentais para conter a propagação de produtos adulterados e garantir a segurança dos consumidores. O rastreamento de fornecedores e a identificação das redes criminosas por trás dessa prática ilegal são prioridades para as forças de segurança. A conscientização pública sobre os riscos de bebidas de origem duvidosa também se mostra essencial neste cenário crítico, alertando a população para a procedência e qualidade dos produtos consumidos. O Ministério da Saúde, em conjunto com as polícias civis e federal e as vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, atua na coleta de informações e evidências para desmantelar os esquemas criminosos envolvidos na adulteração de bebidas alcoólicas, protegendo assim a saúde de milhares de brasileiros, conforme orienta a vigilância em saúde do Governo Federal.
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O surto de intoxicação por metanol representa um grave desafio de saúde pública, exigindo ações rápidas e eficazes das autoridades para coibir a circulação de bebidas adulteradas e responsabilizar os criminosos. A atenção redobrada dos consumidores é vital para evitar novos casos e colaborar com as investigações, protegendo a todos contra os riscos iminentes. Para acompanhar mais notícias sobre segurança pública e saúde, continue navegando pela editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Reprodução/TV Globo
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