A capital paulista foi palco de uma iniciativa pioneira e emocionante para promover a inclusão esportiva. A primeira edição do Interclubes Inclusivo, um evento marcante que congrega renomados clubes da cidade, proporcionou um fim de semana de atividades adaptadas para pessoas com deficiência. Para Lucia Barros, professora de 43 anos e mãe de Marina, de 8, e Letícia, de 4, ver um evento dessa natureza é um reconhecimento vital para sua filha mais velha, que possui síndrome de Down. “Ver um evento como esse mostra que minha filha existe”, expressou a mãe emocionada, destacando a importância de iniciativas que promovem a visibilidade e participação de indivíduos com necessidades especiais.
Organizado por um consórcio de sete dos mais prestigiados clubes de São Paulo — Esporte Clube Pinheiros, Club Athletico Paulistano, Club Monte Líbano, Clube Sírio, Sociedade Esportiva e Recreativa Paineiras do Morumby, Associação Atlética Hebraica e São Paulo Futebol Clube —, o encontro inédito aconteceu nos dias 18 e 19 de outubro na metrópole. O objetivo central foi oferecer um espaço onde crianças, jovens e adultos com deficiência pudessem engajar-se em práticas esportivas e sociais, sentindo-se plenamente incluídos e valorizados, fomentando um ambiente de desenvolvimento e alegria através do esporte.
Clubes Paulistanos Realizam 1ª Edição do Interclubes Inclusivo
A abertura do Interclubes Inclusivo, realizada no sábado (18) no Esporte Clube Pinheiros, reuniu cerca de 50 sócios dos clubes participantes. Inicialmente, a programação previa a realização de atividades aquáticas como natação, aproveitando as instalações da piscina. Contudo, devido às condições climáticas adversas, com a ocorrência de chuva, os organizadores precisaram adaptar o cronograma rapidamente. As atividades foram prontamente transferidas para um ginásio coberto, garantindo a continuidade da celebração esportiva e a segurança dos participantes. Lá, foram praticadas modalidades como corrida, caminhada, lançamento de pelota e salto parado, evidenciando a capacidade de adaptação e o foco na participação de todos. A sessão de natação, um dos pontos altos esperados, foi reagendada para o dia seguinte, domingo (19), permitindo que todos desfrutassem das experiências completas oferecidas.
O impacto emocional do evento foi igualmente palpável. Isabella Fiorentino, presente com seu filho Lorenzo, de 14 anos, que vive com paralisia cerebral, e seus outros dois trigêmeos, Bernardo e Nicholas, expressou profunda alegria ao observar o protagonismo de Lorenzo. “Estou vendo meu filho como protagonista, é muito emocionante”, afirmou Isabella, ressaltando uma questão frequentemente enfrentada por pais de pessoas com deficiência em ambientes esportivos. Segundo ela, muitas vezes, crianças e adolescentes com deficiência são relegados a papéis secundários, como “café com leite”, uma realidade que sempre a incomodou. A vivência no Interclubes Inclusivo, contudo, representou uma mudança significativa. “Hoje, está sendo diferente. O foco é ele”, destacou, enfatizando que o evento conseguiu colocar os participantes com deficiência no centro das atenções, promovendo a autoestima e a sensação de plena inclusão.
Desde a sua concepção, o Interclubes Inclusivo já foi pensado como uma iniciativa de longo prazo, com um claro compromisso de continuidade. As edições futuras do evento estão planejadas para ocorrerem em diferentes clubes associados, ampliando o alcance e permitindo que um número ainda maior de pessoas com deficiência possa participar. Cristiana De Angelis Fiuza Lima, diretora de desenvolvimento social do Club Athletico Paulistano, reforçou a visão de que o evento serve como um ponto de virada. “O evento é uma oportunidade para que os PcDs saiam de um lugar em que, com frequência, não têm vez, para um lugar onde são o principal”, comentou Cristiana, sublinhando o caráter transformador da atividade para a vida desses indivíduos. O evento cria um ambiente onde as capacidades são celebradas e as limitações são superadas com o apoio da comunidade esportiva.
A presença de Cristiana De Angelis Fiuza Lima no evento tinha uma camada extra de significado, que transcendeu sua função institucional no Paulistano. Além de liderar as iniciativas de diversidade e inclusão em seu clube, ela também é mãe de Pedro, de 12 anos, que foi um dos ativos participantes das atividades e foi agraciado com uma medalha no sábado. Pedro possui síndrome de Bohring-Opitz, uma rara condição genética que afeta o desenvolvimento de várias partes do corpo. Sua experiência no Interclubes Inclusivo reforçou a percepção da mãe sobre a importância de tais ações. “Ações como o Interclubes Inclusivo melhoram a autoestima não só de quem tem deficiência, mas de todo mundo. Hoje sou melhor por causa do meu filho”, declarou, evidenciando como a participação em eventos inclusivos eleva o bem-estar e o senso de comunidade para todos os envolvidos, incluindo familiares e organizadores. Para a diretora do Paulistano, a jornada do Interclubes Inclusivo reflete um compromisso genuíno com a criação de um ambiente mais justo e acessível para todos, onde o esporte age como um vetor de união e reconhecimento mútuo. As conversas e a colaboração entre sócios e diretoria dos diferentes clubes foram cruciais para a idealização e materialização desta iniciativa inédita. É por meio dessas interações que barreiras são quebradas e novas oportunidades surgem, reafirmando que o trabalho em equipe é essencial para promover um impacto positivo na sociedade.
Imagem: www1.folha.uol.com.br
A concepção deste Interclubes Inclusivo nasceu de um diálogo contínuo entre sócias e sócios dos diversos clubes participantes, emergindo como uma iniciativa sem precedentes dedicada às pessoas com deficiência. Como Cristiana De Angelis Fiuza Lima bem apontou, os benefícios do evento estendem-se além dos participantes diretos, impactando positivamente também aqueles sem deficiência ao promover um ambiente de empatia e compreensão. Marina Resende, diretora de acessibilidade e inclusão do Esporte Clube Pinheiros, confessou surpresa com a concretização do projeto. “Não imaginava que conseguiríamos organizar algo assim”, disse, demonstrando o sucesso e a superação das expectativas iniciais. A satisfação com a realização desta primeira edição já inspira planos para o futuro. “Agora, vamos preparar os próximos”, afirmou Marina, garantindo a continuidade e expansão do compromisso dos clubes paulistanos com a inclusão e o esporte para todos. A expectativa é que cada nova edição reforce o elo entre esporte, comunidade e inclusão, transformando São Paulo em um modelo de acessibilidade esportiva.
Para aqueles interessados em aprofundar-se no tema do esporte para pessoas com deficiência e na relevância do movimento paralímpico, o Comitê Paralímpico Brasileiro oferece vasto material sobre a trajetória de atletas e a organização de competições adaptadas no Brasil. Conhecer as iniciativas do CPB é fundamental para entender a evolução e os desafios do esporte inclusivo em nosso país. A primeira edição do Interclubes Inclusivo é um testemunho claro do potencial de união dos clubes para fomentar um futuro mais igualitário e representativo no cenário esportivo paulistano e nacional.
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O sucesso da primeira edição do Interclubes Inclusivo sublinha a crescente importância da inclusão no esporte, com clubes paulistanos na vanguarda dessa transformação. Este evento, que proporcionou a dezenas de pessoas com deficiência a chance de serem protagonistas, não é apenas um marco para os participantes e suas famílias, mas um convite para que a comunidade se engaje em mais ações de acessibilidade. Continuaremos acompanhando as futuras edições e outras iniciativas que celebram a diversidade e o poder transformador do esporte em nossa editoria de Esporte.
Crédito da imagem: Gabriella Garbim/ECP/Divulgação
