TÍTULO: Insegurança Alimentar Atinge Um Quarto do Brasil em 2024
SLUG: inseguranca-alimentar-brasil-ibge
META DESCRIÇÃO: O IBGE revela que a insegurança alimentar no Brasil atingiu 25,7% da população em 2024. Descubra dados por regiões, graus de gravidade e grupos mais afetados.
A insegurança alimentar no Brasil ainda configura um desafio substancial para a população, apesar de uma melhora observada em relação ao ano anterior. Em 2024, o país registrou que 54,7 milhões de indivíduos enfrentavam algum grau de insegurança alimentar — leve, moderada ou grave —, número que corresponde a 25,7% do total da população brasileira. Essa informação, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sublinha a persistência de dificuldades no acesso pleno e regular a alimentos para milhões de lares nacionais.
Os dados, extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), mostram que aproximadamente 18,9 milhões de residências brasileiras foram identificadas em situação de insegurança alimentar no ano passado. Este contingente representa 24,2% dos 78,2 milhões de domicílios totais estimados no país para o mesmo período, apontando para uma realidade complexa que perpassa diversas camadas sociais e geográficas do território nacional.
Os Desafios da Insegurança Alimentar no Brasil
Houve uma redução nos índices de insegurança alimentar em comparação com a medição de 2023, quando 29,6% da população e 26,6% dos domicílios viviam sob essa condição. Segundo Maria Lúcia Vieira, coordenadora da pesquisa no IBGE, essa diminuição pode ser atribuída, principalmente, a dois fatores cruciais: a queda na taxa de desocupação e a ampliação dos programas de auxílio social. “A taxa de desocupação vem se reduzindo, e tem um reflexo direto no que as pessoas conseguem adquirir de alimentos”, ressalta Vieira, conectando a capacidade de consumo com a oferta de empregos.
Para categorizar e quantificar essa problemática social, o levantamento emprega a metodologia da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Este instrumento permite identificar a gravidade da condição em diferentes estágios:
- Insegurança Alimentar Leve: Caracteriza-se pela preocupação constante quanto à garantia de acesso a alimentos no futuro. Nestes domicílios, observa-se uma tentativa de não comprometer a quantidade total de comida disponível, mesmo que isso resulte em uma qualidade nutricional inadequada ou restrita dos alimentos.
- Insegurança Alimentar Moderada: Neste nível, a situação é mais crítica, com a redução da quantidade de alimentos efetivamente consumidos, primariamente por adultos. A ruptura dos padrões habituais de alimentação torna-se evidente devido à falta de acesso suficiente a itens básicos.
- Insegurança Alimentar Grave: Representa o estágio mais severo da privação. As restrições alimentares e a experiência direta da fome afetam não apenas os adultos, mas também as crianças presentes no domicílio. Esta é a manifestação mais dramática da falta de acesso a alimentos, impactando o desenvolvimento e bem-estar infantil de forma acentuada.
Os dados revelados pela pesquisa detalham que, no ano passado, aproximadamente 2,5 milhões de residências no Brasil enfrentavam a insegurança alimentar grave, correspondendo a 3,2% do total de domicílios. Estes lares abrigavam cerca de 6,4 milhões de pessoas, refletindo a urgência de políticas públicas eficazes. No grau moderado, foram contabilizados 4,5% dos domicílios brasileiros, englobando uma população de 9,7 milhões de pessoas. A categoria leve foi a mais abrangente, afetando 16,4% dos lares, com um total de 38,4 milhões de indivíduos.
Ao analisar as disparidades regionais, percebe-se uma concentração significativa do problema em certas áreas do país. As regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas, com 37,7% e 34,8% dos domicílios, respectivamente, enfrentando algum grau de insegurança alimentar. Em contraste, o Sul apresentou o menor percentual, com 13,5%, seguido pelo Sudeste (19,6%) e Centro-Oeste (20,5%). No recorte por unidades da federação, os estados com as maiores taxas de insegurança alimentar moderada e grave foram Pará (17,1%), Amapá (16,3%) e Roraima (15,9%). Já Santa Catarina (2,9%), Espírito Santo (3,5%) e Rio Grande do Sul (4,1%) registraram as menores proporções.
Contexto Histórico e Vulnerabilidades Específicas
A série histórica da pesquisa do IBGE sobre o tema, que teve início em 2004, revela um panorama flutuante da insegurança alimentar. Naquele ano, 34,9% dos domicílios viviam sob essa condição. A proporção recuou para 30,2% em 2009 e atingiu um ponto mais baixo em 2013, com 22,6%. Contudo, os anos seguintes viram um aumento preocupante, chegando a 36,7% na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017-2018, antes de recuar novamente para 27,6% na PNAD Contínua de 2023 e para os atuais 25,7% em 2024.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), utilizada como base para esses estudos, é um dos mais importantes instrumentos do IBGE para o monitoramento contínuo das condições socioeconômicas e de vida da população brasileira. Para mais informações detalhadas sobre sua metodologia e os indicadores analisados, consulte o site oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O perfil dos grupos mais impactados pela insegurança alimentar elucida as interconexões com outras desigualdades econômicas e sociais presentes no país. Lares em áreas rurais representaram 31,3% da insegurança alimentar em 2024, um percentual superior ao das regiões urbanas (23,2%), justificado pela menor renda média no campo. Há também disparidades significativas em termos de cor ou raça: a maioria esmagadora, 73,8%, das pessoas que enfrentaram insegurança alimentar grave no ano passado eram pretas ou pardas.
Em relação à liderança dos domicílios, o recorte de gênero em 2024 mostrou que mulheres eram responsáveis por 50,8% dos lares com insegurança alimentar, enquanto homens figuravam como moradores de referência em 49,2% dos endereços nessa condição. A análise do rendimento domiciliar per capita (por pessoa) reforça a vulnerabilidade desses grupos: em quase metade dos lares (42,5%) com insegurança alimentar moderada ou grave, a renda per capita não ultrapassava meio salário mínimo em 2023.
Apesar do cenário desafiador da insegurança alimentar, os dados também mostram que a segurança alimentar abrange a maior parte dos domicílios brasileiros. Em 2024, 75,8% dos lares estavam nessa condição, totalizando 59,3 milhões de residências de um universo de 78,2 milhões. Isso equivale a cerca de 157,5 milhões de pessoas, ou 74,2% da população. Uma família é considerada em segurança alimentar quando possui acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e sem comprometer outras necessidades essenciais. Essa proporção avançou em comparação com 2023 (72,4%) e 2017-2018 (63,3%), porém, ainda está aquém do patamar registrado em 2013 (77,4%).
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A situação da insegurança alimentar no Brasil é um indicador complexo das condições socioeconômicas do país. Os números recentes, embora apresentem uma leve melhoria, reiteram a necessidade contínua de atenção e implementação de políticas públicas que visem erradicar a fome e garantir o direito à alimentação adequada para toda a população. Para aprofundar suas análises sobre a economia brasileira e outros temas de impacto social, convidamos você a explorar outras reportagens e artigos disponíveis em nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Lalo de Almeida/Folhapress
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