Os influenciadores Hytalo Santos e Israel Vicente, também conhecido publicamente como Euro, estão com a transferência programada para esta quinta-feira, 28 de agosto, partindo da cidade de São Paulo com destino a João Pessoa, na Paraíba. A movimentação processual foi formalmente confirmada pela Polícia Civil da Paraíba durante uma coletiva de imprensa realizada recentemente, detalhando o intrincado procedimento logístico e jurídico envolvido.
De acordo com os esclarecimentos prestados pelas autoridades policiais, o casal será conduzido à Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, uma instituição de segurança máxima localizada na capital paraibana, amplamente reconhecida como Presídio do Róger. O nome popular faz referência direta ao bairro onde a unidade prisional se situa, configurando-a como o destino final da operação de translado.
O itinerário detalhado estabelece que a saída do Centro de Detenção Provisória (CDP 1) de Pinheiros, localizado na Zona Oeste de São Paulo, está marcada para as 14h da referida quinta-feira. Deste ponto, Hytalo Santos e Israel Vicente seguirão em direção ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, um dos principais hubs de conexão aérea do país, onde embarcarão em voo com destino ao território paraibano. A previsão é que a chegada ao destino final em João Pessoa ocorra por volta das 17h do mesmo dia, finalizando uma complexa jornada que mobiliza diversas estruturas estatais.
A decisão que culminou nesta transferência foi proferida na tarde da terça-feira, 26 de agosto, pela Vara de Execuções Penais de São Paulo. A instância judicial paulista deliberou favoravelmente à requisição, estabelecendo que os detentos deveriam ser removidos via aérea da capital paulista diretamente para o Presídio do Róger. A medida ressalta a complexidade e a formalidade inerentes a este tipo de procedimento jurídico e penitenciário.
No que concerne à preparação para a efetivação do deslocamento, a Polícia Civil informou que os bilhetes aéreos para os detentos foram adquiridos na mesma terça-feira em que a decisão judicial foi publicada. Adicionalmente, uma equipe designada pelas autoridades da Paraíba foi encarregada de se deslocar até São Paulo com a finalidade precípua de recepcionar e acompanhar o casal em seu trajeto de retorno ao estado. Esta delegação partiu de João Pessoa durante a madrugada, precisamente às 3h05, e tinha sua chegada prevista ao Aeroporto de Guarulhos por volta das 6h30, antecipando-se para coordenar todos os aspectos da transferência.
Os custos atrelados à aquisição das passagens aéreas, bem como todas as despesas decorrentes da operação de translado, foram integralmente custeados pelo Estado da Paraíba, o que evidencia o compromisso financeiro e logístico assumido pela unidade federativa para o processamento do caso. Em São Paulo, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) ficará com a incumbência de gerenciar e executar o transporte dos presos desde o CDP 1 de Pinheiros até as dependências do aeroporto, local onde a equipe paraibana estará aguardando para assumir a escolta.
Uma vez desembarcados em João Pessoa, os detentos passarão por um protocolo obrigatório e de rotina: a realização de exames de corpo de delito. Este procedimento, essencial para atestar as condições físicas dos indivíduos ao ingressarem em um novo ambiente carcerário, será conduzido no Instituto de Polícia Científica (IPC). Somente após a conclusão dessa etapa crucial, Hytalo Santos e Israel Vicente serão finalmente encaminhados à Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, concluindo assim a etapa inicial da chegada ao sistema prisional paraibano.
Investigações em Bayeux e Contexto Judicial
O cerne do processo judicial que Hytalo Santos e Euro respondem remonta à Justiça da comarca de Bayeux, uma cidade situada na região metropolitana de João Pessoa. As investigações, coordenadas por dois importantes órgãos fiscalizadores, o Ministério Público da Paraíba (MP-PB) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) paraibano, envolvem sérias acusações de exploração sexual de menores de idade, a prática de trabalho infantil e o envolvimento em tráfico humano. As condutas delituosas estariam diretamente relacionadas à produção de conteúdos veiculados nas amplamente acessadas redes sociais do casal.
A decisão pela transferência do influenciador e de seu marido não foi uma medida isolada, mas o desdobramento de determinações emanadas pela própria Justiça da Paraíba. Essa requisição inicial foi posteriormente confirmada pelo poder judiciário no estado de São Paulo, estabelecendo um trâmite legal interligado entre as instâncias de diferentes estados. O complexo processo de remoção dos detentos foi concebido para ser executado de forma colaborativa entre as autoridades paraibanas e paulistas, dada a necessidade de articulação entre as jurisdições.
A Justiça da Paraíba, ao delinear as diretrizes para a transferência, especificou que o deslocamento aéreo entre a capital paulista e a paraibana deveria ocorrer através de um avião pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB) ou, alternativamente, por meio de um voo comercial regular. Contudo, as corporações policiais de ambos os estados, ao avaliarem a execução do transporte, foram compelidas a analisar meticulosamente uma série de questões atreladas à segurança. Este escrutínio abrangia tanto a salvaguarda durante o trajeto quanto os detalhes de como a escolta seria efetivada, sobretudo em razão da grande repercussão pública que o caso dos influenciadores havia gerado em nível nacional.

Imagem: suspeita de exploração infantil via g1.globo.com
Antes do decreto de prisão preventiva, Hytalo Santos e seu marido já estavam sob investigação na Paraíba, o que indica um processo de acompanhamento judicial prévio. No entanto, o fator que impulsionou o endurecimento das medidas judiciais foi a ampla repercussão de uma denúncia feita por Felca. O conteúdo divulgado por Felca, que trazia acusações contra o casal e outros influenciadores pela alegada exploração e sexualização de menores de idade em seus vídeos e publicações, catalisou uma nova fase na apuração do caso.
Consequentemente, a Justiça da Paraíba, considerando o novo cenário e a gravidade das acusações disseminadas, deliberou pelo decreto de prisão preventiva de Hytalo e Euro. A medida cautelar foi justificada pela argumentação de que a prisão dos dois era estritamente necessária devido ao receio de que eles pudessem tentar empreender fuga do país. Essa suspeita de evasão internacional surgiu exatamente após a massiva divulgação do vídeo de Felca, que detalhava a suposta conduta criminosa e suas ramificações.
A Detenção Inicial e os Pedidos de Defesa
O casal de influenciadores foi inicialmente detido em 15 de agosto em Carapicuíba, na Grande São Paulo, uma ação realizada pela polícia paulista. Poucos dias após a prisão, em 18 de agosto, ambos foram transferidos para o CDP 1 de Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. Durante o período em que estiveram nesta unidade prisional, Hytalo e Euro tiveram acesso restrito, sendo permitida a comunicação exclusivamente com seus representantes legais e advogados.
Paralelamente à esfera penal, o desenrolar das investigações acarretou severas consequências no universo digital em que os influenciadores atuavam. Por determinação judicial, as contas de Hytalo Santos, Israel Vicente e até mesmo as de menores que participavam dos conteúdos produzidos pelo casal nas plataformas de redes sociais foram suspensas. Essa interrupção representa um impacto significativo, considerando que esses perfis acumulavam milhões de seguidores e geravam considerável monetização para os envolvidos, afetando diretamente sua fonte de renda e exposição pública.
A equipe de defesa do casal, em sua estratégia processual, consistentemente negou as acusações que pesam contra Hytalo e Euro, argumentando que seus clientes são inocentes das imputações de crimes graves. No esforço para garantir que os réus respondessem aos processos em liberdade, os advogados apresentaram diversos pedidos de soltura. Contudo, estas petições foram reiteradamente negadas por diferentes instâncias do sistema judiciário brasileiro, incluindo a Justiça da Paraíba, o Tribunal de Justiça de São Paulo e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a corte máxima do judiciário para questões não constitucionais em Brasília. Além dos pedidos de soltura, a defesa também solicitou que os detentos fossem encaminhados para uma penitenciária localizada em Tremembé, no interior paulista. O pedido foi fundamentado na alegação de que esta unidade ofereceria um ambiente mais seguro para o casal. No entanto, tal solicitação igualmente não obteve êxito, sendo rejeitada pelas autoridades judiciárias responsáveis pelo caso.
Os momentos iniciais da prisão de Hytalo e Euro pela polícia, assim como sua participação na audiência de custódia subsequente, foram amplamente registrados em vídeos. Em uma das gravações, o casal foi visto confirmando suas identidades e nomes completos aos policiais que efetuaram a detenção. Em outro registro visual, obtido durante a audiência de custódia, os influenciadores expressaram um profundo desconhecimento sobre os motivos de sua privação de liberdade.
Especificamente, Hytalo Santos manifestou sua confusão perante a Justiça de São Paulo, declarando: “A gente está aqui sem nem entender o porquê”. Essa afirmação evidencia a perspectiva dos réus naquele momento em relação aos procedimentos legais. Durante o percurso que os levou da cadeia em Carapicuíba até o CDP 1 de São Paulo, a comoção do influenciador foi visível, e Hytalo foi registrado em vídeo, chorando, uma cena que também foi capturada e veiculada pela imprensa.
Com informações de G1 Paraíba
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