Idosos Resgatados de Asilo Clandestino em Ribeirão Preto

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Idosos Resgatados de Asilo Clandestino em Ribeirão Preto iniciam uma nova fase em uma casa de repouso regularizada, após serem libertados de instalações ilegais na cidade. Esta transição representa um alívio significativo para os pacientes, que vivenciavam situações de risco e, segundo denúncias, sofriam maus-tratos em ambientes inadequados e com acesso restrito de familiares. A operação de resgate evidenciou uma grave violação dos direitos da pessoa idosa, colocando em destaque a urgência da fiscalização dessas instituições.

A situação dos idosos veio à tona por meio de denúncias de parentes, como a empresária Vanessa Garcia Delói. Sua experiência com o tio, Antonio, de 71 anos, que ainda se encontra em estado de choque, revela a dimensão do sofrimento. Ele é um dos resgatados dos asilos gerenciados por Eva Maria de Lima, que está sob custódia, investigada por suspeita de maus-tratos. Vanessa relatou o impacto emocional no tio, descrevendo seu choro e o subsequente alívio ao perceber que receberia cuidados e um novo lar, sublinhando a profunda vulnerabilidade dessas vítimas.

Idosos Resgatados de Asilo Clandestino em Ribeirão Preto

Segundo o relato de Vanessa Garcia Delói, uma das principais estratégias utilizadas pelos administradores dos locais onde Antonio vivia para esconder as precárias condições era o rígido controle de acesso de visitantes. Os responsáveis pelas casas de repouso ilegais em Ribeirão Preto impunham um sistema de agendamento prévio, exigindo que as visitas fossem marcadas com até uma semana de antecedência. Além disso, as interações eram limitadas ao alpendre da casa, proibindo o acesso a outras áreas, como os quartos dos idosos, o que impedia qualquer verificação das condições internas ou das rotinas dos moradores. Este padrão de controle levantou suspeitas, indicando uma tentativa deliberada de mascarar as irregularidades e a falta de higiene que, posteriormente, seriam reveladas pelas autoridades.

Vanessa descreveu a dificuldade em tentar visitar seu tio, Antonio. A ausência de campainha no portão e a recusa em atender mesmo com a presença de pessoas no local reforçavam o caráter obscuro das operações. Ela conta ter se sentido exausta de tanto bater e não ser atendida, mesmo sabendo que havia gente dentro do asilo. A sobrinha afirma que esse sistema de visitas controladas e o impedimento de ver as dependências internas era uma tática clara para “arrumar” o local e evitar que os familiares constatassem a realidade dos idosos. Esse modus operandi dos asilos clandestinos expôs uma falha grave na supervisão e garantia do bem-estar dos moradores mais frágeis da sociedade.

Acolhimento e o Novo Capítulo para as Vítimas

Atualmente, Antonio é um dos seis idosos que encontraram um novo começo na Casa do Vovô desde a última sexta-feira (7). Esta instituição, uma entidade sem fins lucrativos localizada na zona norte de Ribeirão Preto, foi designada pela Prefeitura para acolher os pacientes que ficaram sem abrigo após a interdição e o fechamento dos três asilos mantidos por Eva Maria de Lima. A proprietária foi detida em 2 de novembro, após ser constatado que não havia cumprido determinações anteriores das autoridades sanitárias e judiciais, o que resultou na drástica medida de fechamento.

A Casa do Vovô se apresenta como um santuário para estes idosos, proporcionando um ambiente digno e com os cuidados necessários para sua recuperação e bem-estar. No local, os resgatados recebem acompanhamento médico e psicológico, crucial para a superação dos traumas vividos. A alimentação é garantida com seis refeições diárias balanceadas, além de terem acesso a medicação controlada de forma adequada. A entidade também oferece diversas atividades de convivência, essenciais para a integração social e a manutenção da saúde mental e física, contribuindo para uma vida mais plena e respeitosa para esses cidadãos vulneráveis.

Além dos seis idosos já acolhidos, a instituição se prepara para receber mais 11 pacientes. Esses indivíduos estão atualmente recebendo atendimento na rede pública de saúde e deverão ser transferidos para a Casa do Vovô nos próximos dias, aumentando o número de pessoas beneficiadas pelos esforços de resgate e acolhimento. Este movimento representa uma resposta coordenada das autoridades para assegurar que nenhuma vítima permaneça desamparada, promovendo uma transição segura e oferecendo suporte integral.

Sinais de Maus-Tratos e Investigação das Autoridades

As investigações sobre os asilos clandestinos ganharam força em abril deste ano, quando as três casas de repouso mantidas por Eva Maria de Lima, localizadas nos bairros Alto da Boa Vista, Marincek e Centro, tornaram-se foco de uma força-tarefa interinstitucional. O caso envolveu o Ministério Público, a Vigilância Sanitária, as secretarias municipais de Assistência Social e Saúde e a Polícia Civil, todas mobilizadas diante das graves suspeitas.

Idosos Resgatados de Asilo Clandestino em Ribeirão Preto - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

A principal suspeita é de que um total de 36 idosos sofria maus-tratos severos nas instalações, vivendo em ambientes com higiene precária e sem alimentação adequada. Tais condições eram particularmente chocantes, considerando que os responsáveis cobravam mensalidades de até R$ 2,5 mil pelos cuidados. Essa disparidade entre o valor pago e a qualidade do serviço prestado agravava a situação, indicando exploração e desrespeito à dignidade dos idosos.

As declarações emocionadas de Vanessa Garcia Delói ecoam o horror da situação: “É assustador. Eu não tenho nem palavras. Se eu tô sentindo isso, eu imagino aqueles idosos”. Suas palavras refletem a indignação e o sofrimento compartilhado pelas famílias, que muitas vezes confiavam seus entes queridos a essas instituições na expectativa de bons cuidados, apenas para serem enganadas. A fragilidade emocional demonstrada pela sobrinha reforça a brutalidade das condições a que os idosos eram submetidos, marcando profundamente todos os envolvidos neste dramático episódio.

Eva Maria de Lima enfrenta acusações sérias, conforme previsto no Estatuto do Idoso. Ela pode ser responsabilizada pelos crimes de expor a pessoa idosa a perigo à integridade e à saúde, tanto física quanto psíquica, e por submetê-la a condições desumanas e degradantes ou privar de alimentos e cuidados indispensáveis. A acusada, por sua vez, nega veementemente todas as acusações, mas a investigação prossegue para apurar as responsabilidades e garantir justiça para as vítimas e seus familiares.

O caso dos asilos clandestinos em Ribeirão Preto serve como um alerta contundente para a necessidade de vigilância constante e aplicação rigorosa da lei na proteção dos idosos, garantindo que não sejam vítimas de abusos e negligência. A atuação conjunta das diversas esferas governamentais foi fundamental para desarticular essa rede de maus-tratos e oferecer um recomeço aos idosos resgatados, destacando a importância da colaboração comunitária na denúncia de situações de vulnerabilidade.

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O resgate dos idosos e o desmantelamento das instituições clandestinas em Ribeirão Preto marcam um avanço crucial na defesa dos direitos de pessoas vulneráveis. A história de Antonio e dos demais resgatados destaca a relevância de denúncias e fiscalizações contínuas para erradicar práticas desumanas e assegurar ambientes seguros para a terceira idade. Para acompanhar mais notícias sobre justiça social, segurança pública e desenvolvimentos em cidades brasileiras, continue explorando nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: Reprodução/EPTV

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