Nesta quinta-feira, o Ibovespa hoje registrou volatilidade considerável, com a bolsa brasileira oscilando na faixa dos 148,7 mil pontos, impactada por uma confluência de eventos domésticos e internacionais. O dólar comercial, por sua vez, demonstrou fortalecimento, atingindo a marca de R$ 5,38, enquanto os juros futuros também registraram alta. Este panorama reflete a sensibilidade do mercado a indicadores econômicos do governo e aos balanços financeiros de grandes companhias.
O cenário financeiro foi marcado por reações distintas às divulgações de resultados trimestrais de importantes empresas, que pautaram os movimentos dos investidores ao longo do dia. As ações do Bradesco (BBDC4) sofreram uma queda notável, ao passo que as da Ambev (ABEV3) surpreenderam positivamente e apresentaram valorização. Essas oscilações ilustram a cautela e a seletividade dos participantes do mercado frente às novas informações.
Ibovespa Hoje: Bolsa Oscila com Dólar em Alta e Balanços
A conjuntura econômica global acrescentou uma camada adicional de complexidade às operações do mercado acionário brasileiro. Desenvolvimentos em negociações comerciais entre potências econômicas, decisões de política monetária de grandes bancos centrais e tensões geopolíticas internacionais foram observados de perto, contribuindo para um ambiente de ajustes e reavaliações constantes no panorama de investimentos.
Destaques Corporativos na Bolsa Brasileira
A quinta-feira trouxe atenção especial aos balanços corporativos. A Ambev (ABEV3) foi destaque positivo, registrando um lucro líquido de R$ 4,86 bilhões no terceiro trimestre, o que representa um aumento de 36,4% em relação ao ano anterior. Esse resultado foi recebido com otimismo pelos investidores, impulsionando as ações da cervejaria e tornando-as as mais negociadas e com maiores ganhos do dia, chegando a uma valorização superior a 4,24% e cotada a R$ 12,54 em dado momento. Analistas do Bradesco BBI consideraram os resultados positivos pela gestão de custos em um ambiente desafiador, mas mantiveram recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 13,00, projetando a necessidade de recuperação de volume ou preços para sustentar resultados futuros.
Em contrapartida, as ações do Bradesco (BBDC4) experimentaram uma forte queda, superando os 4% após a divulgação de seu balanço para o terceiro trimestre. Embora o lucro líquido de R$ 6,2 bilhões tenha sido reportado, acompanhado de um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) de 14,7%, este valor ficou ligeiramente abaixo das projeções de alguns analistas, como o Itaú BBA. Aumento nas despesas com provisões foi um dos pontos negativos destacados, embora o banco tenha apresentado crescimento de 2% na carteira de empréstimos e não vislumbre aumento na inadimplência nos próximos meses, mantendo um apetite a risco moderado. A XP, por sua vez, afirmou que os números apoiam a continuidade da melhoria e expansão do ROE em 2026, reiterando a recomendação de outperform para a ação, com preço-alvo de R$ 22,00.
Outra notícia corporativa relevante veio da Motiva (MOTV3). A maior operadora de concessões de mobilidade do país optou por não participar do leilão do Lote 5 de rodovias do Paraná. O presidente-executivo, Miguel Setas, justificou a decisão pela ausência de sinergias com outros ativos da companhia no estado, priorizando um crescimento rentável e seletivo. A Motiva havia vencido anteriormente o leilão do Lote 3 das rodovias paranaenses em dezembro passado.
Cenário Fiscal Brasileiro e Entraves da Gestão
O Tesouro Nacional informou que o governo central registrou um déficit primário de R$ 14,5 bilhões em setembro. Embora esse rombo tenha sido menor do que o antecipado pelo mercado, foi consideravelmente superior ao saldo negativo de R$ 5,17 bilhões observado no mesmo período de 2024. As receitas líquidas alcançaram R$ 172,369 bilhões, crescendo 0,6% em termos reais, enquanto as despesas totais somaram R$ 186,866 bilhões, com aumento de 5,7%.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, enfatizou a impossibilidade de reverter a gestão fiscal para buscar o centro da meta de déficit zero de 2025 no relatório fiscal bimestral de novembro. Ele explicou que, com pouco mais de um mês para o encerramento do ano, não haveria margem para contingenciamentos que permitissem atingir o centro do alvo. Recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu uma decisão que impedia o Executivo Federal de mirar o centro da meta em 2025, o que contribui para o quadro fiscal atual. O resultado fiscal acumulado, no entanto, permanece consistente com o atingimento da meta de déficit zero para este ano, dentro da margem de tolerância. Para mais detalhes sobre as contas públicas brasileiras, é possível consultar os relatórios do Tesouro Nacional.
No âmbito da regulamentação aérea, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) expressou preocupação de que a cobrança por bagagem despachada, um tema em discussão no Senado, possa levar a um aumento nos preços das passagens, reiterando a intenção de dialogar com o Congresso para reverter essa possibilidade.
Adicionalmente, dados de mercado de combustíveis apontaram que os preços no Brasil continuam abaixo da paridade internacional. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) indicou uma diferença de -11% no Diesel S10 e de -3% na Gasolina A, evidenciando um descompasso frente às referências globais, mesmo após ajustes da Petrobras.
O Impacto do Cenário Internacional
O ambiente econômico global exerceu forte influência no desempenho da bolsa brasileira. Nos Estados Unidos, a expectativa de queda das taxas de juros em dezembro paira em 68%, conforme o CME/FedWatch. Contudo, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, moderou o entusiasmo ao destacar a incerteza quanto a um novo corte de juros em dezembro. Essa cautela foi sentida em Wall Street, onde os principais índices como Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq abriram o dia em queda, repercutindo tanto as declarações de Powell quanto balanços corporativos de gigantes da tecnologia que desapontaram investidores.

Imagem: infomoney.com.br
As negociações comerciais entre Estados Unidos e China também foram um foco. Após um encontro com o presidente chinês Xi Jinping, o presidente norte-americano Donald Trump anunciou um acordo preliminar, que inclui a redução de tarifas dos EUA sobre importações chinesas em troca da retomada das compras de soja dos EUA por Pequim, a manutenção do fluxo de exportações de terras raras e a repressão ao comércio ilícito de fentanil. Embora o Ministério do Comércio da China tenha confirmado a suspensão de algumas medidas retaliatórias, o mercado expressou reticência, dadas as reviravoltas de acordos anteriores. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, chegou a indicar a possibilidade de assinatura de um acordo formal já na próxima semana, e detalhou compromissos chineses para adquirir volumes específicos de soja.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros inalteradas em 2,00% ao ano, como amplamente esperado. A instituição destacou a incerteza das perspectivas, mas reiterou o compromisso de estabilizar a inflação em sua meta de 2% no médio prazo, utilizando uma abordagem baseada em dados para determinar a política monetária adequada. No Japão, o Banco Central também manteve suas taxas, mas seu presidente, Kazuo Ueda, sinalizou a possibilidade de um aumento de juros em dezembro, dependendo das projeções salariais. No entanto, o iene enfraqueceu, refletindo a avaliação de que o tom não foi tão hawkish quanto o esperado.
No campo geopolítico, o mundo observou uma série de eventos, desde ataques russos à infraestrutura de energia da Ucrânia, resultando em fatalidades, até interceptações de aeronaves russas por caças poloneses sobre o Mar Báltico. Além disso, Trump surpreendeu ao ordenar a retomada imediata dos testes de armas nucleares dos EUA, pouco antes de seu encontro com Xi Jinping. A BP também se manifestou sobre sua recente descoberta de petróleo e gás em Bumerangue, no Brasil, afirmando que o conteúdo de CO₂ do campo é “gerenciável”, apesar de elevado, e que a viabilidade econômica do empreendimento está em estudo.
Setores e Outros Indicadores do Mercado
No panorama setorial, observou-se uma dinâmica mista na abertura do mercado. Bancos como ITUB4, BBAS3 e SANB11 registraram oscilações variadas, mas passando a operar em alta no decorrer do dia. O varejo começou em queda, com empresas como MGLU3, CEAB3 e AZZA3 registrando baixas. O mesmo se aplicou a supermercadistas como ASAI3, GMAT3 e PCAR3. Empresas aéreas (GOLL54, AZUL4) e frigoríficos (BEEF3, MBRF3) tiveram comportamento dividido. Setores de energia, como Eletrobras (ELET3, ELET6), e o segmento de petróleo e gás (PRIO3, RECV3, BRAV3) também mostraram variações na abertura do pregão. As siderúrgicas iniciaram o dia em queda, e ações de tecnologia como a B3 (B3SA3) também apresentaram recuo.
No fechamento anterior, o Ibovespa alcançou a marca de 148.632,93 pontos, seu maior patamar histórico. O índice de volatilidade (VIX) nos EUA teve baixa de 0,06%, enquanto o VXBR na bolsa brasileira abriu com baixa de 0,21%. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou queda de 0,36% em outubro, revertendo a alta do mês anterior. Os Índices de Confiança de Serviços e do Comércio do FGV IBRE apresentaram estabilidade e avanço, respectivamente, indicando cenários distintos para os segmentos. O dólar DXY operou em alta de 0,12% no índice dólar. As projeções para uma abertura de capital da OpenAI, dona do ChatGPT, para 2026, com uma avaliação que pode alcançar US$ 1 trilhão, também repercutiram entre os investidores interessados em inovações tecnológicas.
No México, o PIB preliminar do 3º trimestre de 2025 registrou retração de 0,2% na comparação anual, alinhado às expectativas. Por fim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que visa endurecer o combate ao crime organizado e aumentar a proteção a agentes públicos e seus familiares envolvidos nesta luta, prevendo penas mais severas para ameaças e violências.
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Em suma, o dia foi marcado por intensas movimentações no mercado financeiro brasileiro, com o Ibovespa respondendo à dinâmica de balanços corporativos de peso e ao intrincado tabuleiro macroeconômico global e nacional. Para continuar acompanhando as principais notícias sobre a economia e os investimentos no Brasil e no mundo, mantenha-se conectado à nossa editoria.
Crédito da imagem: Getty Images

 
						