A ascensão vertiginosa da Inteligência Artificial (IA) tem impulsionado investimentos multimilionários no Vale do Silício, mas parece que uma parcela significativa dos custos de energia relacionados a essa inovação está sendo, inadvertidamente, arcada pelos consumidores finais. Uma pesquisa minuciosa conduzida pelo renomado Bank of America Institute, sob o título “IA provoca aumento nas contas de serviços públicos”, lançou luz sobre essa realidade. O estudo detalha que, no terceiro trimestre de 2025, os pagamentos médios por serviços públicos apresentaram um crescimento de 3,6% em relação ao ano anterior. Esse incremento nas tarifas de eletricidade e gás sugere uma intensificação da pressão sobre as finanças domésticas nos meses subsequentes, especialmente com a chegada do inverno.
Para além da questão imediata do aumento nos preços para os usuários residenciais, destaca-se uma demanda crescente e estrutural por capacidade de geração de eletricidade e por investimentos robustos na rede de distribuição como um todo. Essa premente necessidade de expansão da infraestrutura energética, conforme elucidado por David Tinsley, pesquisador do Bank of America, é um desdobramento direto da construção maciça de novos data centers, projetados para sustentar o avassalador e contínuo avanço da inteligência artificial.
IA Eleva Custos de Energia: Consumidores Arcam com a Conta
Um ponto crucial para compreender a trajetória atual das contas de serviços públicos é avaliar se a demanda energética gerada pelo crescimento exponencial da inteligência artificial e a proliferação de seus data centers associados exercem, de fato, pressão sobre as tarifas residenciais. Tinsley ressaltou que a BofA Global Research projeta que setores como a manufatura e os data centers se tornarão os principais motores da demanda por eletricidade ao longo da próxima década. Paralelamente, a crescente eletrificação do parque residencial, que engloba desde eletrodomésticos mais eficientes até veículos elétricos, também contribui para essa elevação da demanda energética. Contudo, o especialista reforça que a IA figura como um vetor de alta significância nesse cenário do aumento dos custos de energia.
Impacto Direto nas Tarifas Residenciais
A dinâmica de preços é, segundo David Tinsley, intrinsecamente afetada por essa ampliação generalizada da demanda na infraestrutura elétrica. O aumento da solicitação de eletricidade, tanto pelos novos data centers quanto pela expansão da atividade industrial, já se reflete nas tarifas cobradas dos clientes residenciais. O mecanismo desse impacto passa pelos volumosos gastos em melhorias das redes de transmissão e distribuição, imprescindíveis para a edificação e operação desses data centers. Esses investimentos são incorporados nas tarifas de todos os usuários do sistema — residenciais, comerciais e industriais —, culminando em custos mais elevados de energia e capacidade. A inteligência artificial, ao demandar tanta infraestrutura, acelera este processo de encarecimento da eletricidade para todos.
Bilhões em Investimento e o Desafio da Infraestrutura
Uma quantia substancial de capital do setor privado está sendo destinada para viabilizar a infraestrutura necessária ao abastecimento da vertiginosa onda da IA. Um exemplo notável é o Projeto Stargate, anunciado em janeiro deste ano, que prevê um aporte de US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos. Este investimento colossal visa construir nova infraestrutura de inteligência artificial nos Estados Unidos para a OpenAI, com a participação de parceiros de capital incluindo a própria OpenAI, além de SoftBank e MGX. Além dessas iniciativas, gigantes tecnológicos como Microsoft, Google, Amazon, Meta e Nvidia já aplicaram dezenas de bilhões de dólares na modernização e construção de data centers. Essa corrida busca assegurar a liderança na evolução da IA e satisfazer a crescente demanda por produtos e modelos de linguagem de grande escala (LLMs).
De fato, a magnitude desses investimentos foi tão impactante que, segundo estimativas do economista de Harvard, Jason Furman, sem a edificação desses data centers, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no primeiro semestre de 2025 teria sido de apenas 0,1% em uma base anualizada. Mesmo com essa injeção maciça de capital em infraestrutura, uma questão primordial persiste: o ritmo da oferta de energia conseguirá, de fato, alcançar a escalada incessante da demanda impulsionada pela IA e seus requisitos tecnológicos, impactando os custos de energia?
Previsões e o Equilíbrio Entre Oferta e Demanda
As perspectivas para os consumidores, conforme pontuado por Tinsley, não são otimistas: “Provavelmente há mais alta pela frente.” O fornecimento de eletricidade enfrenta severos obstáculos para acompanhar a rápida ascensão da demanda. Isso se deve à natureza intensiva em capital e aos complexos requisitos regulatórios envolvidos na construção de novas capacidades de geração e de linhas de transmissão. O economista reiterou que os períodos de pico de demanda continuarão a pressionar os preços para cima. Embora soluções como a geração solar e o armazenamento de energia possam oferecer alívio em certas lacunas, elas não representam a solução de longo prazo indispensável para manter o fornecimento contínuo de eletricidade, tanto para as residências quanto para a vasta rede de data centers da inteligência artificial.

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Para um entendimento aprofundado sobre o consumo energético e os impactos dos data centers na infraestrutura global, é relevante consultar estudos de grandes agências e entidades especializadas. Por exemplo, a agência de notícias Bloomberg reportou a pressão que a IA está impondo às redes elétricas globais, enfatizando o volume e a necessidade de planejamento em larga escala: https://www.bloomberg.com/news/articles/2023-11-20/ai-set-to-overwhelm-electricity-grids-with-explosive-data-center-demand
Consequências Sociais e Econômicas dos Custos Energéticos da IA
Em um contexto onde famílias de baixa renda já enfrentam a estagnação do crescimento salarial, a perspectiva de elevação das contas de eletricidade e gás representa um fardo adicional significativo. Mais amplamente, a persistência e a magnitude do aumento dos custos de serviços públicos podem atuar como um inibidor dos gastos discricionários dos consumidores, impactando negativamente o poder de compra e a economia como um todo. A complexidade do cenário envolvendo a inteligência artificial, a infraestrutura e os custos de energia exige uma atenção contínua das autoridades e do setor.
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A correlação entre o desenvolvimento acelerado da Inteligência Artificial e o encarecimento da energia é um tema que impacta diretamente a vida dos cidadãos. O cenário indica que a demanda por energia para sustentar o avanço tecnológico seguirá em alta, pressionando ainda mais as tarifas e a necessidade de investimentos. Continue acompanhando nossas análises na editoria de Economia para ficar por dentro das últimas tendências e seus reflexos. Para saber mais sobre como a economia global reage a essas transformações, explore nossa seção de Economia.
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