A **suspensão dos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS)** pelos Hospitais São Camilo e São Luís no Amapá foi oficialmente anunciada nesta quarta-feira, 15 de outubro de 2025. A Sociedade Beneficente São Camilo (SBSC), entidade mantenedora das unidades, confirmou o rompimento dos contratos com a Secretaria de Estado da Saúde do Amapá (Sesa) devido a um débito acumulado de R$ 98,7 milhões. Esta medida impacta severamente a população local, que ficará sem acesso a diversas especialidades essenciais.
A decisão da SBSC abrange a interrupção de uma vasta gama de serviços médico-hospitalares. Pacientes que dependem do SUS não terão mais acesso a áreas como cirurgia geral, bariátrica, cardíaca, hemodinâmica, nefrologia e obstetrícia. Adicionalmente, todos os exames de diagnóstico realizados pelos hospitais também foram paralisados. A entidade ressalta que a falta de pagamento por serviços prestados ao longo de vários anos foi o catalisador para esta drástica determinação, afetando diretamente todos os procedimentos que agora se encontram suspensos.
Hospitais São Camilo Suspendem SUS no Amapá por Dívida
De acordo com dados fornecidos pela Sociedade Beneficente São Camilo, o volume de atendimentos que será comprometido é significativo. Mensalmente, as unidades realizam aproximadamente 471 internações. Na especialidade de hemodinâmica, são cerca de 229 pacientes atendidos por mês, enquanto a nefrologia registra uma média de 45 consultas ou procedimentos mensais. Somadas, as cirurgias e procedimentos chegam a aproximadamente 300 por mês, evidenciando o papel crucial dos hospitais no atendimento à saúde da população amapaense via Sistema Único de Saúde. Embora o montante da dívida seja conhecido, a SBSC informou não ser possível detalhar o número específico de procedimentos que ainda não foram remunerados, visto que os cálculos são feitos com base nos valores estabelecidos nos contratos vigentes.
A SBSC divulgou que tentou, em diversas ocasiões, dialogar com o governo estadual a fim de evitar a suspensão dos serviços. No entanto, segundo a entidade, tais tentativas não tiveram sucesso. Em nota oficial, a Sociedade Beneficente expressou que “infelizmente o ente público não demonstrou colaboração, o que penaliza a população de Macapá e região”, enfatizando a preocupação com os cidadãos que agora enfrentam a desassistência em áreas vitais da saúde. Este posicionamento da instituição ressalta a complexidade e a delicadeza da situação.
Em contraponto, a Secretaria de Estado da Saúde do Amapá (Sesa) manifestou sua “surpresa e indignação” frente à notificação da SBSC. A pasta argumenta que a rescisão unilateral dos contratos representa um sério risco à vida dos pacientes. A Sesa informou que vinha em negociação contínua sobre os débitos que se acumulam desde 2012. Contudo, a Secretaria aponta que uma recente mudança na direção dos hospitais São Camilo e São Luís prejudicou o processo de diálogo. A nova gestão, segundo o governo, recusou-se a aceitar um parcelamento da dívida considerada histórica, complicando ainda mais a situação e as tentativas de resolução.

Imagem: g1.globo.com
A Sesa reafirmou o compromisso de assegurar que a população amapaense não permaneça sem assistência. Para isso, anunciou que tomará medidas administrativas e jurídicas com o objetivo de garantir a retomada dos atendimentos o mais breve possível. Em sua nota, a Secretaria assegurou que “todas as providências estão sendo tomadas para que sejam atendidos na rede própria e credenciada”. Embora se mostre aberta ao diálogo para buscar uma solução, a Sesa enfatizou que se manterá “firme na defesa do interesse público, da transparência e da justiça” durante todo o processo. Este embate entre as instituições aponta para um cenário desafiador para a saúde pública do estado.
A crise instalada pela suspensão dos serviços nos Hospitais São Camilo e São Luís evidencia as fragilidades na relação entre prestadores de serviços de saúde privados e o setor público, com a população amapaense arcando com as consequências mais severas. A resolução desta situação requer não apenas a retomada dos serviços essenciais, mas também a reestruturação das relações contratuais para evitar futuras interrupções, garantindo que o direito fundamental à saúde seja plenamente assegurado. Ambas as partes, SBSC e Sesa, deverão intensificar esforços para minimizar o impacto na vida dos cidadãos que dependem do sistema de saúde.
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Este grave incidente ressalta a importância de uma gestão financeira eficiente e transparente nos contratos públicos de saúde, a fim de proteger o acesso da população a serviços essenciais. Acompanhe a editoria de Política para mais informações e desenvolvimentos sobre a gestão de saúde e as decisões governamentais que afetam diretamente o cotidiano dos cidadãos no Amapá e em todo o Brasil.
Crédito da Imagem: Hospital São Camilo/Divulgação; GEA/Divulgação
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