Haddad Defende Asfixiar Financiamento do Crime Organizado

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O financiamento do crime organizado tornou-se o principal foco da estratégia de combate às redes criminosas, de acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa realizada na tarde de sexta-feira, 31 de outubro de 2025, em São Paulo, onde o ministro comentou os desdobramentos da recém-concluída Operação Fronteira, promovida pela Receita Federal.

Haddad ressaltou a urgência de uma abordagem que transcenda as ações tradicionais. “A gente tem falado muito para os governantes que, além da questão territorial e além de cumprir mandado de prisão, que são importantes, se não asfixiar o financiamento do crime organizado não vai dar certo. Nós temos que entrar por cima, combatendo e asfixiando o financiamento do crime organizado”, reiterou o ministro, destacando a necessidade de mirar nas estruturas econômicas que sustentam essas organizações.

Haddad Defende Asfixiar Financiamento do Crime Organizado

A visão de Haddad é que o enfrentamento ao crime organizado deve ir além do combate nas bases. Para ele, é essencial alcançar os líderes das quadrilhas. “Não adianta só o chão de fábrica, nós precisamos chegar nos CEOs. Os CEOs do crime organizado precisam pagar também pelo que fazem. Se não chegar na gerência, na diretoria, no CEO, você terá esse dinheiro voltando a abastecer o crime organizado”, enfatizou o titular da pasta econômica, reforçando a importância de desmantelar a cúpula financeira dessas estruturas.

A postura do ministro ganha relevância na mesma semana em que uma operação policial no Rio de Janeiro, direcionada à organização criminosa Comando Vermelho, resultou em mais de cem mortes, gerando ampla crítica e repercussão em escala internacional. Segundo Haddad, a efetividade no combate exige ir além das comunidades onde as facções atuam diretamente.

“Você vai na comunidade imaginando que você está combatendo o crime organizado e o verdadeiro bandido está em outro lugar, está em outro país, usufruindo da riqueza acumulada ilicitamente, ao arrepio da lei brasileira e aliciando jovens, ceifando vidas, colocando a população em risco. É isso que nós precisamos compreender. Nós precisamos atuar em todas as camadas do crime”, afirmou, ao defender uma atuação mais estratégica e abrangente contra o crime organizado.

Apelo pela Lei do Devedor Contumaz

Durante a entrevista, o ministro Fernando Haddad fez um apelo direto ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, membro do Partido Liberal (PL). O ministro solicitou que o PL aprove a lei do devedor contumaz, uma legislação que endureceria as sanções contra indivíduos e empresas que utilizam a inadimplência fiscal como parte de sua estratégia de negócios, evitando o pagamento de impostos de forma recorrente e injustificada.

“Estou fazendo um apelo para que o governador convença a bancada do Rio de Janeiro do seu partido a votar a favor da lei do devedor contumaz, porque repito, nós temos que trabalhar em todas as camadas da atuação do crime organizado”, declarou Haddad. Ele frisou a urgência de aprovação desse projeto que, conforme suas palavras, estava “adormecido”, destacando o seu papel fundamental na erradicação do crime.

Devedores Contumazes e a Lavagem de Dinheiro

Haddad explicou a íntima relação entre devedores contumazes e a criminalidade. “O devedor contumaz é uma palavra chique para falar do sonegador. E, por trás do sonegador, o que tem na verdade é o crime organizado”, salientou. Em sua análise, esse tipo de sonegador emprega artifícios jurídicos e manobras fraudulentas para obstruir a atuação da Receita Federal e das Polícias Federal e Civil, impedindo-as de alcançar os responsáveis pela lavagem de dinheiro em operações supostamente lícitas. Para aprofundar-se no tema do combate ao crime organizado no Brasil, vale a pena consultar documentos oficiais.

“Em geral, a origem do dinheiro do crime organizado é ilícita e ele procura misturá-la com atividades lícitas para lavar dinheiro”, elucidou Haddad. O ministro citou exemplos como postos de gasolina e motéis localizados na região das Marginais Pinheiros e Tietê, em São Paulo, que foram objeto de interdições devido a investigações relacionadas à lavagem de dinheiro proveniente de atividades ilícitas.

Novas Regras da Receita Federal para Fundos

Para fortalecer o combate ao financiamento ilícito, Haddad anunciou uma importante medida da Receita Federal: a publicação de uma portaria que torna obrigatória a divulgação dos CPFs dos beneficiários por parte dos fundos de investimento. “Agora todos os fundos vão ser obrigados a dizer até o CPF. Então, se houver um esquema aí de pirâmide, de fundo que controla fundo que controla fundo, você vai ter que chegar no CPF da pessoa”, explicou o ministro.

Haddad Defende Asfixiar Financiamento do Crime Organizado - Imagem do artigo original

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br

Essa nova determinação da Receita Federal visa aprimorar a capacidade de fiscalização e identificação dos reais controladores de ativos. “Com essa determinação da Receita Federal, agora nós vamos saber o CPF que está por trás, a pessoa que está por trás. Vamos saber se é um laranja, se é um residente, se é um não-residente. Nós vamos saber exatamente quem é essa pessoa e vamos aumentar o nosso poder fiscalizador”, complementou Haddad, ressaltando o salto de transparência e o fortalecimento do aparato investigativo.

Resultados Expressivos da Operação Fronteira

Ao abordar os resultados finais da Operação Fronteira, Fernando Haddad informou sobre o sucesso da iniciativa que teve início em 22 de outubro e se encerrou em 31 de outubro de 2025. Descrita pela Receita Federal como a maior operação de vigilância e repressão em pontos de fronteira terrestres, marítimos e aéreos, o foco da ação era combater o contrabando, descaminho, tráfico de drogas, armas e animais. Nos últimos 15 dias da operação, 27 pessoas foram presas e grandes quantidades de materiais ilícitos foram apreendidas.

Entre os principais destaques, houve a apreensão de 213 mil litros de bebida adulterada e mais de 3 toneladas de drogas. Além disso, foram confiscadas mais de mil armas pertencentes a organizações criminosas. Haddad revelou que um plano para furtar essas armas foi descoberto e, atualmente, elas estão sob a guarda das Forças Armadas. Outra ação de destaque foi a interdição de um edifício de 20 andares em Belo Horizonte que continha mercadorias ilícitas. Todo o processo, conforme o ministro, foi fruto de uma “parceria federativa”, envolvendo diferentes níveis de governo, sem considerar alianças políticas.

A Receita Federal confirmou que a Operação Fronteira foi executada em 60 municípios de 20 estados brasileiros. Os agentes envolvidos retiraram de circulação mercadorias ilegais que totalizavam mais de R$ 160 milhões. Além das 27 prisões em flagrante relacionadas ao tráfico de drogas e contrabando, uma aeronave carregada com mais de 500 smartphones de alto valor foi apreendida, ilustrando a abrangência da iniciativa.

A força-tarefa da Operação Fronteira contou com a colaboração de diversas instituições de segurança pública, fiscalização e defesa, incluindo o Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Rodoviárias Estaduais, Polícia Militar, Polícia Civil e Guardas Municipais. Órgãos de controle como Ibama, Mapa, Anac, Anatel e Anvisa também integraram essa iniciativa de cooperação, fundamental para a desarticulação das redes do crime organizado no país.

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Em suma, as recentes declarações do Ministro Haddad e os resultados da Operação Fronteira delineiam uma estratégia mais robusta e focada em minar as bases econômicas do crime organizado. Desde a exigência de legislação para devedores contumazes até a obrigatoriedade de divulgação de CPFs por fundos, o governo busca asfixiar o financiamento ilícito, fundamental para enfraquecer essas redes. Para continuar acompanhando as principais notícias sobre economia e política e suas repercussões, explore nossa editoria de Política em nosso blog.

Crédito da imagem: Lula Marques/ Agência Brasil.

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