Em meio às crescentes especulações sobre um possível envolvimento de grupos criminosos na adulteração de bebidas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), rechaçou nesta terça-feira, 30 de setembro de 2025, qualquer ligação. Segundo Tarcísio, não existem evidências da participação do crime organizado nas intoxicações por metanol em SP. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, buscando dissipar rumores de conexão com facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O governador salientou que as investigações conduzidas até o momento indicam que os indivíduos envolvidos nos casos não possuem relação com organizações criminosas e tampouco conexão entre si. Tarcísio criticou a tendência de associar automaticamente qualquer ocorrência ilícita no estado ao PCC, enfatizando a importância de análises baseadas em dados concretos.
Governo de SP nega crime organizado em intoxicações por metanol
A contaminação de bebidas alcoólicas pela substância tóxica, metanol, segue sendo alvo de apurações intensas pelas autoridades estaduais. O motivo exato da adulteração é um ponto central das investigações, que buscam identificar a origem do metanol e o processo de contaminação das garrafas. O compromisso do governo, de acordo com o chefe do executivo estadual, é de que todos os estabelecimentos com indícios de comercialização de bebidas adulteradas serão prontamente interditados de forma cautelar.
“Não podemos permitir que um estabelecimento continue vendendo bebidas se há uma suspeita legítima de que comercializa produtos fraudados. Esta medida visa também verificar a totalidade da documentação necessária e garantir a segurança e integridade da população”, afirmou Tarcísio de Freitas, reforçando o rigor nas ações fiscalizatórias.
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, alinhou-se ao posicionamento do governador, distanciando o cenário atual das bebidas contaminadas de qualquer vínculo com o crime organizado. Dian frisou que “outras vertentes serão investigadas, mas distantes da participação do PCC”, assegurando que, nos casos em curso e nos últimos anos, nenhum inquérito policial apresentou evidências consistentes da atuação de facções criminosas neste tipo de adulteração.
Operações de campo têm sido conduzidas de maneira contundente pela Polícia Civil. Nesta terça-feira (30), uma ação deflagrada na cidade de Americana (SP) culminou na prisão de dois indivíduos suspeitos de envolvimento direto na adulteração de bebidas alcoólicas. Os flagrantes e as investigações foram encaminhados para a divisão especializada em crimes contra a saúde pública, sublinhando a gravidade da questão.
A força-tarefa estadual demonstrou números robustos no combate às irregularidades. Tarcísio de Freitas revelou que há atualmente cinco inquéritos em andamento, coordenados por operações da Polícia Civil. Somente no mês de setembro, foram realizadas 43 mil fiscalizações em todo o território paulista. Ações resultaram na apreensão de 50 mil garrafas sob suspeita de adulteração e na identificação de 15 milhões de selos fraudulentos, demonstrando a dimensão do problema e a resposta das autoridades. O governo estadual tem ainda colaborado estreitamente com a Polícia Federal nestas investigações.
A complexidade do controle sobre o setor de bebidas no país foi mencionada pelo governador. Em sua avaliação, a instrução normativa RFB 1.673/2016, emitida pela Receita Federal, enfraqueceu a supervisão ao remover a obrigatoriedade dos selos de controle. Segundo Tarcísio, essa fragilidade regulatória é um problema que se estende para além de São Paulo, afetando todo o Brasil.
Como resposta à crise, um gabinete específico foi constituído para agilizar a resolução dos casos. Adicionalmente, canais dedicados para denúncias de adulteração de bebidas foram ativados: o número 181 (Disk Denúncia) e uma ferramenta de denúncia rápida disponível no portal online do Procon-SP. Essas medidas visam incentivar a colaboração da população na identificação de pontos de venda e de produção ilegais.

Imagem: metanol via www1.folha.uol.com.br
Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública, esclareceu que a lista de bares onde existe a possibilidade de comercialização de bebidas adulteradas não será divulgada publicamente para não prejudicar as investigações em curso. Embora tenha havido uma promessa inicial de que a assessoria da pasta forneceria a lista de estabelecimentos já sob apuração, essa divulgação ainda não foi realizada, visando a preservação da integridade do processo investigativo.
Do ponto de vista da saúde pública, o secretário Estadual da Saúde, Eleuses Paiva, apresentou os dados mais recentes. Um total de 22 casos envolvendo intoxicação por metanol foram registrados. Desses, sete estão confirmados e 15 seguem em fase de investigação. Tragicamente, cinco óbitos foram contabilizados, mas, até o momento, apenas um deles foi oficialmente confirmado como decorrente da ingestão de bebida adulterada. Esses dados destacam a gravidade da situação e a necessidade de cautela.
Especialistas da área toxicológica apontam que a contaminação de bebidas alcoólicas com metanol geralmente ocorre em situações de falsificação do produto. O metanol, por ser uma substância de menor custo, pode ser incorporado ao álcool para aumentar o teor alcoólico de forma econômica e fraudulenta. Um dos maiores perigos é que a contaminação não altera o sabor ou o cheiro da bebida, tornando sua detecção impossível para o consumidor sem a realização de análises laboratoriais específicas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reitera a importância de adquirir produtos apenas de fornecedores confiáveis para a segurança dos consumidores. Saiba mais sobre fiscalização e saúde pública no site do governo brasileiro: gov.br/anvisa.
Enquanto as investigações avançam para desvendar a origem exata do metanol e a forma como as garrafas foram contaminadas, a Polícia Civil continua vistoriando bares e adegas sob suspeita de comercializarem produtos adulterados. É importante notar que, embora associações como a ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação) tenham levantado a possibilidade de ligação com o PCC e o Ministério Público admita que a conexão com facções criminosas seja plausível, não há elementos concretos, até o presente momento, que estabeleçam uma relação direta e comprovada entre o crime organizado e os casos investigados pelo Governo de São Paulo.
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Em síntese, o Governo de São Paulo, por meio de seu governador Tarcísio de Freitas e do comando da Polícia Civil, reitera a inexistência de evidências de participação de organizações criminosas no escândalo das intoxicações por metanol. As autoridades prosseguem com rigor nas investigações e fiscalizações para identificar e punir os responsáveis pela adulteração de bebidas que coloca em risco a saúde pública. Para mais informações e atualizações sobre a política de segurança e saúde no estado de São Paulo, continue acompanhando os desdobramentos na editoria de Política de nosso portal.
Crédito da imagem: – Marcelo S. Camargo/Governo do Estado de SP
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