O governo do Peru suspende o chefe da polícia de Lima na sexta-feira, 17 de outubro de 2025, uma medida tomada poucos dias após intensos protestos na capital, convocados por jovens da geração Z, resultarem em um óbito e mais de 100 feridos. Adicionalmente, a gestão do novo governo está preparando a implementação de um estado de emergência para a cidade. Esta ação é justificada pela necessidade de combater a crescente insegurança, um dos principais catalisadores das manifestações recentes.
O general Enrique Felipe Monroy, que liderava a região policial de Lima desde janeiro de 2024, foi afastado de seu posto. O general Manuel Vidarte foi designado como seu substituto temporário. Conforme revelado por um memorando obtido pela agência AFP, Monroy permanecerá suspenso enquanto as investigações sobre a conduta da força pública durante os tumultos estão em andamento, segundo uma fonte da própria corporação policial.
Governo do Peru Suspende Chefe da Polícia de Lima Após Protestos
A suspensão não se restringiu apenas ao chefe de polícia de Lima; também atingiu dois generais responsáveis pelas divisões de inteligência e de investigação criminal em nível nacional. Em meio a este cenário, o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos emitiu um comunicado, instando as autoridades peruanas a “dar prioridade ao diálogo” e a utilizar a força apenas em caráter excepcional e de maneira estritamente necessária, sublinhando a importância de um controle rigoroso nas operações policiais.
Contexto das Manifestações e Crise Social
As manifestações ocorridas na quarta-feira, 15 de outubro de 2025, dirigidas contra o Congresso e o governo de direita de José Jerí — que assumiu o cargo em 10 de outubro, substituindo a ex-presidente Dina Boluarte — representaram o ápice de uma série de atos que vinham se intensificando ao longo do mês. O grito “que se vayan todos” (“que todos se vão”) ressoou nas ruas, evidenciando uma profunda insatisfação popular com a classe política. Nos últimos sete anos, o Peru tem vivenciado uma notável instabilidade política, marcada por sete mudanças na chefia de Estado, refletindo a volatilidade do cenário político do país. Para aprofundar a compreensão da complexa realidade política peruana, veja mais em Crise política no Peru, onde diversos acontecimentos e o histórico recente podem ser analisados.
Em coletiva de imprensa concedida na noite de quinta-feira, 16 de outubro de 2025, o primeiro-ministro Ernesto Álvarez confirmou que o país declararia estado de emergência em poucas horas. Ele detalhou que um pacote de medidas estava sendo preparado com urgência para combater a crescente onda de insegurança que tem assolado a nação. A crise de segurança, aliás, foi um dos pontos que motivou o impeachment da ex-presidente pelo Congresso em um julgamento relâmpago, ilustrando a rapidez com que a instabilidade política afeta as esferas do governo.
Eventos Críticos e a Resposta Oficial
Durante os protestos mais recentes, um trágico incidente resultou na morte do rapper Eduardo Ruiz, de 32 anos, após ser atingido por um disparo feito por um suboficial da polícia. O agente foi imediatamente detido e será desligado da corporação, segundo as autoridades. O balanço oficial aponta ainda para pelo menos 113 pessoas feridas, incluindo tanto policiais quanto civis, um número que ressalta a intensidade dos confrontos nas ruas de Lima. O movimento, que começou como uma reação localizada à criminalidade, rapidamente se transformou em um protesto generalizado contra a inércia da classe política diante da falta de ações concretas para frear o avanço da criminalidade no país.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Os jovens entre 18 e 30 anos, que compõem grande parte dos manifestantes, adotaram a bandeira do popular mangá e anime “One Piece” como um novo símbolo de protesto juvenil global. Esta apropriação cultural reflete a busca por novas formas de expressão e união em um contexto de desilusão com o sistema político. A complexidade do cenário atual se insere em uma década de instabilidade profunda, na qual o Peru tem enfrentado mandatos curtos e frequentes mudanças governamentais, sublinhando um ciclo de incertezas que afeta diretamente a população.
O Impacto do Estado de Emergência e Futuro Governamental
O possível estado de emergência terá um impacto significativo em cerca de 10 milhões de pessoas, abrangendo a cidade de Lima e o porto vizinho de Callao. Em uma cerimônia realizada em uma base policial de Lima na sexta-feira, o novo presidente reafirmou a iminência da medida: “Em breve, provavelmente em algumas horas, anunciaremos as primeiras medidas nesse sentido”, declarou. Durante o período de estado de emergência, o governo ganhará o poder de militarizar as ruas e de restringir direitos fundamentais, como a liberdade de reunião, com o objetivo de restabelecer a ordem e a segurança.
José Jerí, de 38 anos, que antes atuava como líder do Parlamento, assumiu a Presidência de forma interina. Seu mandato está previsto para se estender até julho de 2026, quando deverá entregar o cargo após as eleições gerais. Sua chegada ao poder ocorre em um momento crítico, onde as expectativas são altas por parte da população que anseia por soluções duradouras para os desafios de segurança e governança. O desenrolar dessas medidas e a capacidade do novo governo em atender às demandas sociais serão cruciais para a estabilização do país nos próximos meses.
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Crédito da imagem: Mariana Bazo – 16.out.2025/Xinhua
