A **operação policial de grandes proporções no Rio de Janeiro** deflagrada nesta terça-feira, 28, tornou-se palco para intensas críticas ao governo federal por parte de governadores de oposição, com projeções para disputar a Presidência da República em 2026. Estes líderes utilizaram a conjuntura da ação no Complexo do Alemão e na Penha para endossar propostas da direita na área da segurança pública e confrontar a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
A ofensiva das polícias Civil e Militar, concentrada na Zona Norte carioca, tinha como meta cumprir mandados de prisão contra traficantes ligados à facção Comando Vermelho. O grupo criminoso reagiu à investida das autoridades, montando barricadas em vias de alto fluxo e empregando drones para lançar explosivos, criando um cenário de conflito acentuado. Dados oficiais do governo do Rio revelam que, durante o decorrer da operação, 64 pessoas faleceram, sendo quatro delas policiais. Adicionalmente, 15 indivíduos ficaram feridos e 81 pessoas foram detidas. Este incidente foi categorizado como o mais letal da história do estado.
Governadores Direita criticam Lula após megaoperação no Rio
A troca de acusações entre oposição e aliados do presidente se intensificou após o governador fluminense, Cláudio Castro (PL), declarar em entrevista coletiva, realizada no início da tarde da terça-feira, que pedidos de auxílio ao governo federal teriam sido negados. Entretanto, essa alegação foi prontamente desmentida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. De acordo com informações apuradas, Castro teria telefonado para a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, para se retratar. Na ocasião, o governador admitiu não ter protocolado um pedido de decreto que autorizaria o emprego das Forças Armadas via Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mecanismo essencial para situações dessa magnitude.
No cenário goiano, o governador Ronaldo Caiado (União) expressou publicamente sua solidariedade e congratulações a Cláudio Castro pela iniciativa da operação. Em um vídeo divulgado, Caiado enfatizou a aprovação nacional da medida, alegando que “Essa decisão de enfrentar o crime recebe o aplauso hoje do Brasil todo. O brasileiro não suporta mais conviver com essa total situação de impunidade, onde traficantes e faccionados se acham no direito de privar as pessoas da sua liberdade.” O governador de Goiás declarou sentir “orgulho” ao presenciar as tropas nas ruas e reiterou as críticas de Castro à esfera federal, declarações feitas inclusive após a negativa de Lewandowski.
Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) capitalizou o evento para resgatar uma polêmica declaração anterior de Lula, onde o presidente afirmou que “traficantes são vítimas dos usuários”, embora tenha se retratado posteriormente, dizendo que a fala havia sido “mal colocada”. Zema utilizou a operação no Rio como contraponto: “Uma semana após o presidente afirmar que o traficante é vítima do usuário, e seu ministro da justiça reafirmar ser contra classificar facção como grupo terrorista, isso acontece”, publicou em suas plataformas sociais. Curiosamente, outros governadores com ambições presidenciais para 2026, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, mantiveram silêncio em relação ao ocorrido até o momento da publicação desta notícia.
A segurança pública e o combate às facções criminosas despontam como pautas de grande preocupação entre os cidadãos brasileiros, conforme indicam recentes levantamentos de opinião pública. Enquanto a oposição critica, o governo federal se defende. Em nota oficial, Edinho Silva, presidente nacional do PT, qualificou a ação do governo do Rio como “desastrosa” tanto para a população quanto para as forças de segurança. O dirigente do partido pontuou que a Polícia Federal, sob o comando do governo Lula, tem promovido ações efetivas contra o crime organizado. Edinho Silva também lembrou que o governo discute desde 2024 a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, visando expandir o papel da União na área, já que, pela Constituição vigente, essa responsabilidade recai primordialmente sobre os estados.
“Será que o governador pediu à bancada do RJ para aprovar esse texto que tanto pode colaborar com a segurança pública? Fica o questionamento”, provocou Edinho. Nas redes sociais, as imagens impactantes das forças policiais em ação e o caos urbano no Rio de Janeiro foram largamente utilizadas pela oposição a Lula para reforçar a narrativa de omissão federal no enfrentamento ao crime organizado.

Imagem: Júlia Aguiar via valor.globo.com
O governador Cláudio Castro também classificou a escalada de violência por parte dos criminosos como “narcoterrorismo”. Castro, que almeja disputar uma cadeira no Senado em 2026, viu as críticas de Zema e Derrite somarem força à pauta defendida pelos governadores de direita e parlamentares, que clamam pela aprovação de um projeto que iguala organizações criminosas a grupos terroristas. A posição do governo federal diverge, alegando que a proposta mistura conceitos legais distintos. Segundo informações veiculadas no Valor Econômico, Zema, articulador da bancada, reiterou a necessidade: “Facção é terrorismo. É por isso que precisamos dessa classificação, e unir forças de todo o Estado para derrotá-los. E precisa ser pra já. Não há mais tempo”.
Reforçando a agenda, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), que igualmente considera disputar o Senado em 2026, publicou um vídeo em suas redes sociais informando estar em Brasília para impulsionar a aprovação do projeto que visa classificar as facções criminosas como grupos terroristas. Derrite complementou que a PEC da Segurança “não ataca em nada” o problema das organizações. “Já passou da hora de tratarmos terroristas da maneira como eles precisam ser tratados. A inversão de valores está levando a sociedade para um lugar de onde será difícil de sairmos”, alertou.
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Em suma, a megaoperação policial no Rio de Janeiro extrapolou os limites do combate ao crime para se transformar em um foco de disputa política acalorada, com governadores de direita usando o episódio para fortalecer suas plataformas de segurança e tecer críticas ao governo federal. A polarização em torno do tema da segurança pública, incluindo a controversa classificação de facções como grupos terroristas, sinaliza debates intensos no cenário político brasileiro. Continue acompanhando nossa editoria para análises aprofundadas sobre política nacional e suas repercussões nos estados e na vida dos cidadãos. Para mais notícias e análises sobre os cenários futuros e as figuras que podem despontar nas urnas, confira nossa seção dedicada às Eleições 2026.
Crédito da Imagem: Valor Econômico


 
						