Global Citizen Belém: Evento pela Amazônia movimenta capital

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Global Citizen Belém: A capital paraense, Belém, transformou-se em palco para uma mobilização global pela Amazônia, culminando no Global Citizen Festival: Amazônia, evento pioneiro na América Latina. O encontro reuniu milhares de participantes no Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão, na noite de sábado, 1º de setembro, estendendo-se até as primeiras horas de domingo, 2 de setembro, com o propósito de levantar vozes e fundos pela proteção da floresta e contra práticas prejudiciais como o garimpo ilegal, o desmatamento e a prospecção de petróleo na Foz do Rio Amazonas.

Este festival singular, marcado por um forte apelo à consciência ambiental, serviu como um pré-aquecimento significativo para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, que está programada para ocorrer ainda neste mês na capital paraense. O palco do Global Citizen se tornou um epicentro de união, onde discursos engajados e apresentações musicais de artistas de calibre nacional e internacional se entrelaçaram, gerando um coro gigante que expressava um anseio coletivo por um futuro mais sustentável para a região amazônica.

Global Citizen Belém: Evento pela Amazônia movimenta capital

A importância do evento foi sublinhada pela presença de figuras políticas relevantes. A primeira-dama, Janja da Silva, juntamente com as ministras Sônia Guajajara, da Pasta dos Povos Indígenas, e Marina Silva, à frente do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, estiveram no festival. A participação delas reforça a conexão entre as pautas discutidas no Global Citizen e os preparativos governamentais e civis para a vindoura COP 30. Os temas centrais das discussões, focados na conservação da Amazônia e na urgente necessidade de ações climáticas, foram os alicerces que uniram todas as intervenções e espetáculos ao longo da noite em Belém.

A lista de artistas que abrilhantaram a noite foi extensa e diversificada. Nomes como o icônico cantor e compositor baiano Gilberto Gil, o renomado Chris Martin, líder do Coldplay, o talentoso Charlie Puth, o carismático Seu Jorge, a potente Gaby Amarantos, a energética Viviane Batidão e a popstar Anitta conduziram as apresentações musicais. A variedade de estilos refletiu a rica tapeçaria cultural brasileira e global. Artistas regionais e ativistas também ganharam destaque, como a indígena maranhense Kaê Guajajara e o tradicional grupo paraense Arraial do Pavulagem, que levaram a autenticidade local ao evento. O público testemunhou uma verdadeira celebração da cultura e da consciência ambiental, consolidando Belém como um centro de discussões globais.

Os shows foram propositalmente organizados com um repertório compacto, de três a quatro músicas por artista, a fim de permitir a intercalação com importantes mensagens. Defensores ambientais e proeminentes líderes indígenas ocuparam o palco para expor a vital necessidade de salvaguardar as florestas, com particular ênfase na vasta Amazônia paraense. Entre essas vozes ressoantes, destacou-se Juma Xipaya. Juma, uma respeitada cacique e ativista há mais de 16 anos na defesa dos direitos e da autonomia dos povos indígenas, proferiu falas incisivas e veementes contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas e o avanço devastador do garimpo ilegal, especialmente em territórios ancestrais. Em 2022, ela foi peça chave na denúncia de uma invasão de garimpeiros em seu território Xipaya, ação que mobilizou uma operação da Polícia Federal a aproximadamente 400 quilômetros do centro de Altamira, no sudoeste do Pará. Juma Xipaya também exerceu, em seu histórico profissional, o cargo de secretária de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas do governo federal, agregando vasta experiência institucional à sua voz ativista. Para compreender melhor a complexidade da preservação ambiental na região amazônica e as iniciativas governamentais para seu cuidado, é relevante consultar as informações disponibilizadas pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, que atua diretamente em políticas de proteção e sustentabilidade.

A dimensão cultural do Brasil esteve bem representada não apenas pelas estrelas musicais, mas também por elementos tradicionais. O Arraial do Pavulagem, um autêntico patrimônio cultural do país e de Belém, trouxe ao palco sua identidade vibrante. Com uma explosão de cores, as tradicionais fitas e a energia contagiante de suas músicas e danças, o grupo apresentou o famoso “boi azul”, em clara alusão aos rituais do boi-bumbá. Este espetáculo reforçou as raízes culturais da capital paraense, onde o Arraial tem o costume de reunir multidões em rodas de boi pelas ruas em domingos de junho, mostrando a vitalidade das tradições regionais no contexto de um evento de escala global.

Entre os momentos musicais memoráveis, o público do Global Citizen Belém foi presenteado com atuações de tirar o fôlego. O ator Rodrigo Santoro, em uma participação especial, teve a responsabilidade de anunciar Chris Martin. O vocalista do Coldplay, um dos mais aguardados da noite, arriscou algumas palavras em português e emocionou a todos em um dueto inesquecível com Anitta, gerando um imenso coral espontâneo. As arquibancadas do estádio se transformaram em um mar de luzes, iluminadas pelas lanternas dos celulares. Charlie Puth, por sua vez, demonstrou sua notável afinação vocal e exímia habilidade ao piano, igualmente encantando o público presente. Gilberto Gil, com a destreza de seu violão e a presença de sua banda familiar, contagiou os paraenses ao som de clássicos como “Tempo Rei” e “Toda Baiana”, fazendo o público dançar. Seu Jorge cativou a todos com sua elegância e performance com banda completa, em um show que também contou com a participação de Chris Martin. Anitta, com sua energia característica, fechou o ciclo de apresentações musicais principais na madrugada de domingo.

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Imagem: g1.globo.com

Além das estrelas no palco, o evento foi conduzido por um time de apresentadores carismáticos: Regina Casé, Mel Fronckowiak, Hugo Gloss e Isabelle Nogueira. Rodrigo Santoro e Estêvão Ciavatta também tiveram participações notáveis na condução das atividades. A área externa ao palco também reservou experiências. Houve uma exposição denominada “Jaguar Parade”, que exibia esculturas de onças-pintadas criadas por talentosos artistas amazônicos. Outro destaque foram as “árvores artificiais”, que consistiam em instalações artísticas posicionadas nos acessos ao Estádio Mangueirão. Uma delas, feita de grande volume de lixo eletrônico, simbolizava a poluição tecnológica, enquanto outras duas faziam menção direta aos pilares da cultura indígena amazônica, utilizando elementos como telhados de palha e cuias, em um contraste que realçava a fragilidade ambiental e a riqueza cultural da região.

A vertente financeira e o compromisso prático do Global Citizen Festival eram ambiciosos. O evento almejava mobilizar um bilhão de dólares (US$ 1 bilhão) em fundos destinados a ações essenciais de plantio, restauração ecológica e renaturalização da Amazônia. Esse esforço seria um suporte crucial para a região antes da chegada da COP 30. Impressionantemente, mesmo antes do término do espetáculo, por volta das 23h30 de sábado, a meta ambiciosa de arrecadação havia sido não apenas alcançada, mas celebrada, demonstrando o poder de engajamento do festival e a prontidão global em investir na preservação amazônica.

Em entrevista, Mick Sheldrick, cofundador do Global Citizen, compartilhou a visão da organização para o festival. Segundo ele, o evento se propôs a emitir um chamado inequívoco e claro a governos, empresas e fundações, incentivando-os a direcionar seus investimentos e esforços para os povos que atuam ativamente na proteção e manutenção da floresta. Sheldrick, que já visitou a Amazônia diversas vezes, destacou a particularidade e a singularidade da região. “Eu digo às pessoas: se a região amazônica fosse um país, seria maior do que o meu próprio país, a Austrália. Eu amo a comida daqui, amo a música, a cultura e os artistas”, ressaltou o cofundador, expressando sua profunda conexão com a área. Com a proximidade da COP 30, que ocorrerá em Belém, o Global Citizen Festival cumpriu seu propósito de transformar a força da música e a energia da mobilização em compromissos palpáveis e mensuráveis para a causa amazônica.

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Este encontro em Belém, mais do que um espetáculo musical, representou um forte manifesto pela urgência da pauta ambiental e climática, conectando cultura, política e ativismo em prol da Amazônia. Para continuar explorando notícias sobre eventos marcantes, personalidades engajadas e os desdobramentos da política ambiental no Brasil e no mundo, visite a seção de Política em nosso blog e mantenha-se atualizado sobre os temas que impactam nosso futuro.

Foto: Juliana Bessa/g1

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