A Polícia Civil deu início a uma complexa investigação para apurar o desvio de uma significativa quantidade de medicamentos de um hospital e uma clínica oncológica na cidade de Campinas, no interior de São Paulo. A principal suspeita é uma funcionária, que foi detida em flagrante nesta quarta-feira (8). Ela é enfermeira no Hospital Samaritano e, na época dos fatos, estava atuando em uma clínica oncológica que mantém parceria com a unidade hospitalar, conforme detalhado pelas autoridades policiais. O inquérito busca esclarecer se os fármacos pertenciam ao setor de oncologia da clínica parceira ou ao estoque central do próprio hospital.
A detenção ocorreu após a descoberta de inúmeros remédios de uso controlado na residência da enfermeira. Além da mulher presa, uma segunda pessoa está sendo investigada por possível envolvimento no esquema. Trata-se de uma funcionária que trabalha no setor de compras, em cujo endereço mandados de busca e apreensão também foram executados. Contudo, em sua casa, nenhuma medicação ilegal foi encontrada. As autoridades aprofundam as diligências para determinar a origem exata dos produtos e o propósito final do desvio, focando, principalmente, na suspeita de revenda clandestina.
Funcionária presa em Campinas é investigada por desvio de remédios
O delegado Luiz Fernando Dias de Oliveira, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Campinas, enfatizou a importância da análise dos materiais apreendidos para o progresso da investigação. “Nós estamos com aparelhos celulares das duas apreendidos para ver se havia, por parte de alguém, a encomenda dessa medicação específica ou não, porque é muito difícil aquela medicação estar ali para uso pessoal”, afirmou o delegado. Essa declaração sublinha a linha de investigação de que os medicamentos seriam comercializados ilegalmente, dada a quantidade e a natureza dos itens.
Entre os fármacos confiscados na residência da enfermeira, havia um vasto inventário, totalizando 30 frascos de substâncias diversas, incluindo Tramadol, Hyplex, Dexametasona, Desox, Benzetacil, Sucrofer, Betametasona, Dipirona e Morfina. Além desses, também foram encontrados soro fisiológico, seringas e agulhas, itens essenciais para a administração de medicamentos. A presença de morfina levou à autuação da funcionária por tráfico de drogas, além de falsidade ideológica e furto, evidenciando a gravidade das acusações imputadas à suspeita.
Um aspecto crucial que reforça as acusações são os receituários médicos e carimbos de diferentes profissionais de saúde, provenientes de diversos hospitais e clínicas, que foram descobertos sem a devida autorização dos titulares. Os representantes do Hospital Samaritano compareceram ao local da apreensão e confirmaram que a maioria dos medicamentos desviados pertencia à unidade, consolidando as evidências de furto. Médicos cujos carimbos e receituários preenchidos foram localizados na casa da enfermeira serão intimados para atestar a autenticidade das assinaturas. O delegado Oliveira antecipa que as assinaturas devem fazer parte da trama fraudulenta para viabilizar o desvio. Esse modus operandi indica um esquema bem planejado, que utilizava documentação falsificada para justificar a saída dos remédios.
Todos os medicamentos apreendidos estavam acondicionados de maneira imprópria, guardados dentro de um isopor no guarda-roupas da funcionária. Tal condição, inadequada para a maioria dos fármacos, será avaliada em perícia técnica para verificar eventuais impactos na sua eficácia e segurança. A investigação é conduzida com rigor pela 1ª DIG da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Campinas, um departamento especializado no combate a crimes complexos.

Imagem: g1.globo.com
Paralelamente à investigação policial, o Hospital Samaritano declarou que irá instituir uma auditoria interna abrangente. O objetivo dessa análise aprofundada é identificar os mecanismos que permitiram esses desvios e verificar a possível participação de outros colaboradores na conduta ilícita. Embora comprometida com a elucidação dos fatos, a instituição manteve sua postura de confidencialidade em relação a assuntos de natureza interna. Em nota, o hospital comunicou que “não se manifesta sobre assuntos de natureza interna, em respeito à privacidade e à confidencialidade das informações, conforme estabelece a Lei Geral de Proteção de Dados”, e reafirmou seu “compromisso com a ética, a transparência e o cumprimento das normas legais e institucionais, mantendo o foco na qualidade e na segurança da assistência prestada.” A atenção à regulação de produtos farmacêuticos é crucial para evitar tais crimes, como se pode conferir nos protocolos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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Este caso de Campinas serve como um alerta para a fiscalização rigorosa na cadeia de suprimentos de hospitais e clínicas. A continuidade da investigação policial e a auditoria interna do Hospital Samaritano são cruciais para trazer clareza aos fatos e responsabilizar os envolvidos, reforçando a importância da vigilância na gestão de recursos na saúde. Para mais notícias e aprofundamentos sobre temas relacionados à sua cidade e investigações policiais, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Polícia Civil
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