Um tribunal de apelação na França confirmou nesta quinta-feira (9) a decisão contra Husamettin Dogan, aumentando sua pena de nove para dez anos de prisão por estupro agravado de Gisèle Pelicot. O ex-trabalhador da construção civil foi o único, entre 51 réus, a recorrer de sua condenação, conforme noticiado pela France Info.
Gisèle Pelicot, hoje com 72 anos, compareceu novamente ao tribunal para a audiência que confrontava Dogan. Ela foi vítima de uma série de abusos orquestrados por seu ex-marido, Dominique Pelicot, que durante quase uma década drogou-a e recrutou dezenas de homens pela internet para abusá-la.
França Aumenta Pena de Husamettin Dogan para 10 Anos
Durante seu depoimento, Dogan, de 44 anos, argumentou que nunca teve a intenção de estuprar Gisèle Pelicot. Ele alegou que os contatos sexuais ocorreram sem seu conhecimento de que a vítima estava inconsciente, resultado da administração de substâncias por Dominique Pelicot. “Estou aqui porque nunca quis estuprar esta senhora, por quem tenho respeito”, declarou Dogan na corte, sem ser autorizado a dirigir-se diretamente à vítima. O advogado do réu não emitiu comentários após a rejeição do recurso.
A trajetória de Husamettin Dogan antes da condenação
Detalhes sobre a vida de Husamettin Dogan, divulgados pelo jornal britânico The Guardian, revelam uma história marcada por desafios e criminalidade. Nascido na Turquia, Dogan migrou para a França ainda criança, quando seu pai atuava como porteiro. Enfrentando um histórico de violência familiar e graves dificuldades financeiras desde cedo, ele acabou ingressando no tráfico de drogas e, por isso, cumpriu pena aos 20 anos de idade.
Relatos do julgamento indicam que Dogan manteve uma rotina de consumo excessivo de álcool e drogas, intercalada por períodos de moradia em situação de rua. Contudo, essa fase de dependência teria chegado ao fim após o nascimento de seu filho, que é portador de síndrome de Down. A partir desse momento, Dogan se dedicou aos cuidados da criança, enquanto sua esposa trabalhava em uma cantina escolar, um período que marcou, segundo as declarações, uma tentativa de mudança em sua vida.
O posicionamento de Gisèle Pelicot e o julgamento original
Acompanhada por seu filho mais novo, Florian, Gisèle Pelicot marcou presença na Corte de Apelações de Nîmes na segunda-feira (6), antes da decisão final. Sua determinação foi notória ao renunciar, mais uma vez, ao direito ao anonimato e defender publicamente o processo. Seu argumento era enfático: “a vergonha precisava mudar de lado”, e não recair sobre as vítimas de estupro, mas sim sobre os perpetradores.
O julgamento original, que transcorreu entre setembro e dezembro de 2024, culminou com a condenação de 51 homens, com idades entre 27 e 74 anos. O principal algoz, Dominique Pelicot, o ex-marido da vítima, foi sentenciado a 20 anos de prisão, pena da qual não recorreu. Os demais réus receberam condenações que variaram de três a 15 anos de reclusão. No desfecho do processo, Gisèle Pelicot fez uma declaração contundente, ecoando seu ativismo: “É hora de a sociedade machista e patriarcal que banaliza o estupro mudar. É hora de mudarmos a maneira como vemos o estupro.”

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Impacto e legado de Gisèle Pelicot
A coragem e resiliência de Gisèle Pelicot, ao se expor e lutar por justiça, a transformaram em um poderoso símbolo feminista, tanto na França quanto internacionalmente. Seu testemunho e posicionamento em um caso de tamanha complexidade inspiraram e ressoaram globalmente. Em reconhecimento ao seu impacto, em abril deste ano, Gisèle foi incluída na prestigiada lista da revista Time como uma das cem pessoas mais influentes do mundo, consolidando sua voz como essencial na luta contra a violência de gênero. Sua trajetória e mensagem agora ganharão ainda mais alcance com a publicação de suas memórias, prevista para 27 de janeiro de 2026, com lançamento programado em 20 idiomas, marcando um novo capítulo em sua busca por conscientização e justiça.
É crucial reconhecer o valor de fontes de informação internacionais confiáveis para o acompanhamento de eventos de grande repercussão global, como as reportagens detalhadas publicadas no The Guardian sobre o cenário internacional, que contribuem para um entendimento mais completo dos contextos sociais e jurídicos.
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A ampliação da pena de Husamettin Dogan para 10 anos no caso Gisèle Pelicot sublinha a determinação da justiça francesa e o papel crucial da vítima na busca por responsabilização. Para aprofundar a compreensão sobre os impactos sociais e jurídicos de casos complexos como este e acompanhar análises sobre temas que moldam nossa sociedade, continue explorando nossa editoria de Análises.
Crédito da imagem: Manon Cruz/Reuters
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