A economia global FMI, conforme avaliação de Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, tem demonstrado uma resiliência superior às expectativas iniciais, mesmo diante de tensões agudas e múltiplos choques recentes. Em uma declaração nesta quarta-feira (8), Georgieva sinalizou que a desaceleração do crescimento mundial será apenas moderada neste ano e em 2026, projetando um cenário menos adverso do que muitos especialistas temiam. Sua análise foi compartilhada durante um evento no Milken Institute, em Washington, sublinhando que o panorama é de melhoria, embora desafios significativos permaneçam.
Um dos destaques positivos mencionados pela líder do FMI foi a performance econômica dos Estados Unidos, que conseguiu evitar uma recessão previamente temida por analistas. Tanto a economia norte-americana quanto várias outras nações conseguiram manter-se firmes devido a uma combinação de políticas governamentais aprimoradas, um setor privado com notável capacidade de adaptação, tarifas de importação que se revelaram menos impactantes do que o previsto (pelo menos por enquanto), e condições financeiras que se mostraram favoráveis ao desenvolvimento e à estabilidade econômica, conforme o texto preparado para suas observações.
FMI: Economia Global Melhor, Mas Riscos Persistem
Reforçando a percepção de otimismo cauteloso, Georgieva reiterou que o FMI antecipa um crescimento global apenas ligeiramente mais lento para este e o próximo ano. Todos os indicadores, segundo a diretora-gerente, apontam para uma economia mundial que, de maneira geral, absorveu bem as tensões severas geradas por uma série de adversidades globais. Essa perspectiva faz parte de uma prévia da próxima edição do relatório “Perspectiva Econômica Mundial” do FMI. Em julho passado, a organização já havia ajustado suas projeções, elevando a expectativa de crescimento global em 2025 para 3%, um acréscimo de 0,2 ponto percentual, e para 3,1% em 2026, um aumento de 0,1 ponto percentual. Uma nova perspectiva será oficialmente divulgada na próxima terça-feira (14), durante as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, que acontecerão em Washington. Este evento é particularmente relevante, ocorrendo em um período de transformações globais marcadas por políticas comerciais complexas dos EUA e a rápida ascensão da inteligência artificial.
Resiliência Global e Ajustes nas Previsões do FMI
Apesar da resiliência observada, Georgieva pontuou que, se a economia mundial está “melhor do que se esperava”, ainda está “pior do que o necessário”. A estimativa do FMI para o crescimento global no médio prazo gira em torno de 3%, uma cifra notavelmente inferior aos 3,7% previstos antes do advento da pandemia de Covid-19. Esse descompasso indica que, embora os piores cenários tenham sido evitados, o potencial de crescimento a longo prazo ainda não foi plenamente recuperado. Para um aprofundamento sobre as projeções econômicas e desafios globais, consulte os relatórios mais recentes no site oficial do Fundo Monetário Internacional.
Incerteza Crescente e Demandas por Ativos Seguros
Um aspecto crucial salientado pela diretora-gerente é que a incerteza permanece em níveis excepcionalmente elevados e demonstra uma tendência contínua de aumento. Em um cenário de volatilidade e busca por estabilidade, a demanda por ouro, um tradicional ativo de refúgio seguro para investidores, tem crescido consideravelmente. Atualmente, as reservas de ouro monetário já superam 20% do total das reservas oficiais mundiais, refletindo uma precaução dos mercados e das instituições frente às flutuações e riscos inerentes ao ambiente econômico global.
Ameaças Tarifárias e Volatilidade Financeira
Analisando as questões comerciais, Georgieva explicou que o choque tarifário imposto pelos EUA revelou-se menos severo do que se previa inicialmente em abril. A taxa tarifária ponderada pelo comércio dos EUA está atualmente em cerca de 17,5%, uma queda em relação aos 23% registrados em abril, e grande parte dos países evitou a imposição de tarifas retaliatórias. No entanto, o cenário tarifário dos EUA é dinâmico, e a inflação norte-americana pode ser impulsionada se as empresas começarem a repassar o custo das tarifas aos consumidores ou se uma onda de mercadorias inicialmente destinadas aos EUA provocar aumentos tarifários em outras economias, gerando um efeito dominó.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Adicionalmente, os valores nos mercados financeiros se aproximam de patamares vistos há 25 anos, no auge da bolha da internet. Uma súbita e drástica mudança no sentimento do mercado, semelhante ao colapso das empresas “ponto.com” em março de 2000, poderia frear o crescimento mundial, criando particular dificuldade para os países em desenvolvimento. A diretora-gerente, Kristalina Georgieva, alertou, metaforicamente, para que todos “aperte os cintos”, sublinhando que “a incerteza é o novo normal e veio para ficar”.
Recomendações do FMI e o Desafio da Dívida
A chefe do FMI dirigiu um apelo urgente aos países para que impulsionem o crescimento de forma sustentável, focando na elevação da produtividade do setor privado. Ela ressaltou a importância de consolidar os gastos fiscais e resolver desequilíbrios excessivos, o que permitiria a reconstrução das reservas de segurança financeiras essenciais para a preparação para futuras crises. Um dado preocupante apresentado é que a dívida pública global é esperada para ultrapassar 100% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2029. Para mitigar esses riscos e promover um crescimento robusto, Georgieva defendeu que a concorrência é um pilar fundamental, ao lado de direitos de propriedade que favoreçam o livre mercado, o estado de direito, controles financeiros sólidos e instituições transparentes e responsáveis.
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A análise da diretora-gerente do FMI desenha um panorama da economia global marcado por resiliência e recuperação acima do esperado, mas igualmente por um cenário persistente de incertezas e riscos latentes, como o elevado nível da dívida pública e a volatilidade dos mercados. Para acompanhar outras notícias sobre economia e tendências de mercado, continue explorando nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Jonathan Ernst/Reuters
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