O presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, Flávio da Silva Santos, conhecido também como Flávio Mocidade, foi novamente detido em uma operação deflagrada na última sexta-feira, dia 9 de fevereiro. Esta é a segunda vez em um ano que o líder da escola de samba é alvo de uma ação policial, sendo acusado de integrar a cúpula do jogo do bicho no Rio de Janeiro e de ser um dos braços direitos do contraventor Rogério Andrade.
Documentos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), acessados pela imprensa, revelam detalhes da profunda conexão entre Flávio da Silva Santos e Rogério Andrade. Entre as evidências apresentadas está uma tatuagem peculiar no lado esquerdo do peito de Flávio, que ostenta o rosto de seu suposto “patrão”, o bicheiro Rogério Andrade, evidenciando um vínculo pessoal e possivelmente hierárquico. A presença de tal tatuagem ressalta a intensidade da lealdade e da aliança que, segundo as investigações, uniria os dois indivíduos no contexto da contravenção.
Flávio Santos, da Mocidade, preso e ligado a Rogério Andrade
A identidade e o estilo de vida de Flávio da Silva Santos transcendem suas atribuições no Carnaval e seus supostos envolvimentos criminosos, culminando em sua recente detenção na sexta-feira. Ele cultiva uma imagem pública bastante característica, onde se autodefine em suas plataformas digitais como “Al Pacino carioca”. Essa autoapelido é uma clara referência ao renomado ator americano, atualmente com 84 anos, imortalizado por suas atuações em papéis de gângster em filmes icônicos do gênero máfia, como “Scarface” e “O Poderoso Chefão”. Tal alcunha não apenas reflete uma predileção por figuras de poder e ambição cinematográfica, mas também pode ser interpretada como uma projeção de sua própria persona em meio ao cenário do Rio de Janeiro.
Em uma das suas postagens online, que chamou a atenção dos investigadores e da mídia, Flávio Santos aparece compartilhando uma imagem célebre do filme “Scarface”, de 1983, dirigido por Brian de Palma. Na cena replicada, o personagem interpretado por Al Pacino, Tony Montana, está em meio a uma sequência de disparos de metralhadora, um momento de alta tensão do filme. A imagem é acompanhada de uma legenda igualmente expressiva: “To puto em!!! kkkk”, o que pode denotar um humor sarcástico ou uma tentativa de projetar uma imagem de agressividade e determinação, características associadas a figuras como Montana. Essas manifestações em redes sociais têm sido elementos observados no curso das investigações.
Adicionalmente, outras publicações do presidente da Mocidade Independente ilustram mais facetas de seu autoproclamado alter ego. Flávio exibiu charutos que, segundo ele, teriam sido um presente de uma amiga, e que ostentavam a etiqueta “Al Pacino carioca”. Esta expressão não só é reforçada em suas hashtags habituais, como também é utilizada de forma abreviada – “alpa” – em seu nome de perfil nas redes sociais, sublinhando a intencionalidade e a consolidação dessa identidade digital. Esses detalhes contribuem para pintar um retrato complexo da figura de Flávio da Silva Santos, permeado por referências culturais que flertam com o universo do crime e do poder.
Passado de Ameaças e Prisões
A trajetória de Flávio Mocidade é marcada por incidentes de violência e por outros confrontos com a lei. Há cerca de quinze anos, ele foi vítima de um atentado à bala que deixou sequelas permanentes, obrigando-o a caminhar com dificuldades até os dias atuais. Este episódio remete à periculosidade e à natureza violenta dos ambientes em que estaria inserido.
No comando da Mocidade Independente de Padre Miguel desde 2019, Flávio Santos já havia sido preso anteriormente, em outubro de 2023 (no ano-calendário da notícia original de 2024, mas os fatos são descritos como ocorridos em 2023 na “Operação Fissão”). Naquela ocasião, a Operação Fissão, conduzida pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil em parceria com o Gaeco, investigava o assassinato de Fábio Romualdo Mendes, ocorrido em setembro de 2021. Embora alvo de um mandado de busca e apreensão, a prisão de Flávio na época se deu em flagrante, quando agentes descobriram uma arma que ele tentou se desfazer, jogando-a pela janela durante a chegada dos oficiais.

Imagem: g1.globo.com
Após ser libertado dessa primeira prisão, Flávio Mocidade foi novamente detido na mais recente operação policial, que se desenrolou nesta sexta-feira (9). O mesmo processo judicial que levou à sua detenção incluía um mandado de prisão contra Rogério Andrade, embora este já estivesse encarcerado por um inquérito distinto. O conhecido contraventor, que é apontado como o mandante do assassinato do rival Fernando Iggnácio, havia sido preso um ano antes e, em novembro, foi transferido para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, indicando a gravidade das acusações e a alta periculosidade associada à sua pessoa.
Detalhes da Nova Operação e Encarceramento
As investigações conduzidas pelo Ministério Público revelam que Flávio da Silva Santos e Rogério Andrade foram denunciados à Justiça pela constituição de uma organização criminosa com o propósito de explorar jogos de azar. Detalhes capturados por câmeras de segurança do edifício onde Flávio reside trouxeram à tona a tentativa do presidente da Mocidade de evadir a ação policial. Imagens registradas na manhã da última sexta-feira (3), horário da chegada dos agentes do Ministério Público ao local, mostram Flávio deixando seu apartamento de cobertura. Este imóvel possui duas portas de acesso e saída. Enquanto os agentes se concentravam em uma entrada, Flávio conseguiu sair por outra porta e foi filmado nas escadas do prédio em um momento de aparente fuga.
Antes de deixar o apartamento em sua tentativa de se evadir, Flávio teria deixado para trás uma bolsa contendo múltiplos celulares e uma quantia em dinheiro, que foi posteriormente apreendida pelas autoridades. As evidências de sua tentativa de se esconder foram cruciais na sustentação da denúncia. Conforme a determinação judicial, Flávio Santos deverá ser transferido para um presídio federal de segurança máxima localizado fora do estado do Rio de Janeiro. Enquanto aguarda essa transferência, ele permanece custodiado em Bangu 1, unidade prisional que também é considerada de segurança máxima. Paralelamente, a decisão judicial também reiterou a necessidade de Rogério Andrade permanecer em um presídio federal, mantendo assim a segregação de figuras tidas como de alto risco no sistema prisional brasileiro. Essas medidas reforçam a seriedade das acusações e o empenho das autoridades em desmantelar a rede de contravenção.
Diante das acusações, a defesa de Flávio Santos, representada pelo advogado Carlos Lube, manifestou que se pronunciará exclusivamente nos autos do processo e que, até o momento, não teve acesso integral às investigações. Já a defesa de Rogério Andrade informou que não se manifestaria sobre o caso, uma postura comum em investigações de alta complexidade. Esses desenvolvimentos mantêm o caso sob alta visibilidade no cenário do Rio de Janeiro, dadas as ligações dos acusados com importantes instituições do Carnaval e o universo da contravenção. Você pode encontrar mais informações sobre operações policiais e investigações em portais de notícias confiáveis como o G1.
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Este cenário sublinha a complexidade das investigações que envolvem o jogo do bicho e figuras proeminentes. A detenção de Flávio da Silva Santos e sua conexão com Rogério Andrade acendem os holofotes sobre a atuação de grupos criminosos e a resposta das autoridades. Para mais notícias e análises sobre questões sociais e segurança pública, continue acompanhando a editoria de Cidades do nosso portal.
Crédito da imagem: Reprodução/TV Globo
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