Fiéis em Aparecida cumprem promessas no Dia da Padroeira

Fiéis em Aparecida cumprem promessas no Dia da Padroeira. Em um cenário de profunda devoção e fervor religioso, milhares de peregrinos se dirigiram ao Santuário Nacional de Aparecida (SP) para honrar seus compromissos e expressar gratidão a Nossa Senhora Aparecida. O último domingo, 12 de outubro, Dia da Padroeira do Brasil, foi marcado por histórias comoventes de fé, superação e agradecimento, transformando a Basílica em um ponto de convergência para o sentimento de devoção nacional.

Entre as muitas narrativas de fé que preenchiam o ar em Aparecida, destaca-se a da analista Rose Santos, de 31 anos. Apoiada pela sua noiva, Amanda de Moraes, que carinhosamente carregava uma sombrinha para protegê-la do sol inclemente, Rose empreendia uma jornada significativa. Ela percorria os emblemáticos 392,2 metros da Passarela da Fé. O trajeto representava o cumprimento de uma promessa a Nossa Senhora Aparecida, feita em um momento de angústia e incerteza sobre sua saúde. Ela havia desenvolvido sintomas que apontavam para esclerose múltipla e, em desespero, havia rogado à santa para que o diagnóstico não se concretizasse. Sua prece foi atendida: com o auxílio do tratamento médico e a fé inabalável, a doença crônica foi afastada, e sua presença ali era um testemunho vivo de gratidão.

Fiéis em Aparecida cumprem promessas no Dia da Padroeira

“Isso não é nada perto de tudo que ela faz na minha vida”, declarou Rose Santos, enquanto avançava pela passarela, reiterando que o sacrifício físico era ínfimo diante das bênçãos recebidas. A determinação de Rose ecoava a de inúmeros outros fiéis presentes, como Luciene Pereira dos Santos, de 47 anos, uma autônoma que, por sua vez, cumpria uma promessa semelhante, percorrendo o mesmo trajeto, mas de joelhos. A súplica de Luciene a Nossa Senhora Aparecida foi motivada por uma severa diverticulite que acometeu seu filho, mantendo-o internado por mais de um mês. Sua oração foi, segundo ela, intercedida, e o filho recebeu alta hospitalar.

O filho de Luciene estava presente em Aparecida com a família neste dia tão significativo, porém, a convalescença ainda o impedia de acompanhar a mãe em sua intensa manifestação de fé. A família de Luciene havia enfrentado uma viagem de mais de 500 quilômetros, partindo de Paraopeba, em Minas Gerais, até o santuário, demonstrando o longo alcance e a profundidade da devoção que motiva romeiros de todas as partes do Brasil.

De uma localidade ainda mais distante, Valdivina Coelho Dantas, de 65 anos, fez sua jornada de fé. Partindo de Gurupi, no estado de Tocantins, ela enfrentou uma viagem de ônibus de 20 horas para chegar a Aparecida. Valdivina carregava um berrante, que tocaria em homenagem à santa. Diferentemente de outros, sua peregrinação não era por um pedido específico, mas puramente por agradecimento. “Só vim agradecer, não posso mais pedir nada, não me falta nada”, afirmou Valdivina, transmitindo a serenidade de quem se sente plenamente abençoada.

A fé de Valdivina era tão robusta que ela chegou a Aparecida sem um local pré-reservado para ficar, confiante de que seria acolhida por bondade divina – o que de fato aconteceu, corroborando sua convicção. Essas histórias individuais convergem para o fervor coletivo que anualmente se manifesta em Aparecida, especialmente em torno de 12 de outubro.

As missas na Basílica também atraíram uma multidão impressionante. Na manhã do último domingo, aproximadamente 150 mil fiéis acompanharam a celebração, que foi presidida por Dom Orlando Brandes, o arcebispo de Aparecida. Estima-se que cerca de 40 mil desses romeiros chegaram ao local a pé, evidenciando o sacrifício e a penitência inerentes a esta forma de devoção. Mais informações sobre o Santuário e sua história podem ser encontradas no site oficial da Nossa Senhora Aparecida.

Durante sua homilia, Dom Orlando Brandes abordou temas de relevância social e política, ressaltando a urgente necessidade de combater a pobreza e reduzir as gritantes desigualdades sociais presentes no país. O arcebispo dirigiu-se diretamente aos representantes políticos, clamando para que os eleitos pelo povo promulguem leis que realmente beneficiem a população e, em especial, os mais necessitados. Ele enfatizou a importância do voto como uma benção, um exercício fundamental de cidadania, poder popular e democracia, salientando que aqueles que foram eleitos devem olhar com mais carinho e atenção para quem os conduziu ao poder.

O arcebispo pontuou que o grande anseio da sociedade é ter sua voz ouvida e suas demandas atendidas por ações que beneficiem o coletivo, e não apenas alguns segmentos. A mensagem de Dom Orlando ressaltou o papel essencial da Igreja em inspirar não só a fé individual, mas também a consciência social e o engajamento cívico dos fiéis.

Três Séculos de Inabalável Fé: A Romaria de Aparecida

A devoção dos brasileiros a Nossa Senhora Aparecida constitui um fenômeno que move multidões ao Santuário no Vale do Paraíba durante todo o ano, com um pico significativo nas celebrações da semana de 12 de outubro, data em que a Padroeira é solenemente celebrada. A tradição se consolidou a partir de um evento singular e marcante na história religiosa do Brasil.

O epicentro dessa fé remonta ao ano de 1717, com o relato da descoberta da imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul. Os registros de comemorações e veneração à santa começaram a se difundir gradativamente a partir de então, com evidências documentais de festividades já datadas de 1745, conforme dados disponibilizados pelo próprio Santuário Nacional de Aparecida. A partir desses primórdios, a romaria a Aparecida transformou-se em uma das maiores manifestações de fé do país.

Em anos recentes, o Santuário tem contabilizado números impressionantes de visitantes. No ano de 2023, entre os dias 3 e 12 de outubro, a Casa da Mãe Aparecida acolheu um total de 320.689 devotos. Desse contingente, uma parcela substancial, precisamente 139.821 fiéis, estiveram presentes somente no dia 12 de outubro, destacando a intensa afluência de peregrinos nesta data tão significativa para o catolicismo brasileiro. O movimento expressivo sublinha a contínua relevância do Santuário como polo de fé e esperança.

As celebrações em honra a Nossa Senhora Aparecida nem sempre ocorreram exclusivamente em outubro; historicamente, festividades foram registradas em março, dezembro, maio e durante o período da Páscoa. No entanto, a data de 12 de outubro ganhou proeminência e foi oficialmente estabelecida como feriado nacional a partir de 1980, solidificando ainda mais sua posição como o principal dia de devoção e peregrinação ao Santuário.

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A devoção expressa em Aparecida é um retrato da fé profunda que permeia a sociedade brasileira, unindo pessoas em busca de esperança, cura e gratidão. As histórias de Rose, Luciene e Valdivina são apenas um pequeno vislumbre da imensa tapeçaria de crenças e milagres que o Santuário testemunha anualmente. Para aprofundar-se em questões culturais e de fé que movimentam diferentes regiões do país, explore outros artigos da nossa seção de Cidades e continue acompanhando as manifestações de fé no Brasil.

Crédito das Imagens: Rubens Cavallari/Folhapress, Mariana Zylberkan/Folhapress