Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma inovadora iniciativa para combate ao desmatamento ilegal. A Ferramenta Selo Verde foi criada para determinar se a produção agropecuária possui vínculo com práticas de desmatamento proibido por lei, utilizando uma metodologia robusta e dados oficiais.
A tecnologia desenvolvida permite o cruzamento de informações provenientes dos Cadastros Ambientais Rurais (CAR), registros detalhados das propriedades, com bases de dados públicas sobre desmatamento, autuações ambientais e guias de trânsito animal. O objetivo é analisar a conformidade dos produtores rurais com as legislações ambientais vigentes, promovendo maior transparência e sustentabilidade no setor.
O impacto e a amplitude da aplicação desta tecnologia se refletem nos resultados iniciais em diversos estados. Em Minas Gerais, por exemplo, a plataforma conseguiu rastrear detalhadamente mais de 1,1 milhão de propriedades. As análises em áreas com lavouras de café, cultivo de soja, florestas plantadas e rebanhos indicaram um índice de conformidade superior a 90%.
Ferramenta Selo Verde Identifica Desmatamento Ilegal na Agropecuária
O projeto teve sua origem no Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tem ganhado adesão nacional. Além de Minas Gerais, a plataforma foi implementada pelos governos estaduais do Pará e do Espírito Santo. Atualmente, está em processo de implantação em estados como Acre, Maranhão e Tocantins, expandindo sua cobertura e potencial de monitoramento pelo país.
A ferramenta é disponibilizada de forma integralmente gratuita. Tanto para os produtores que desejam comprovar sua regularidade quanto para entidades interessadas nos dados, o acesso ocorre diretamente pela plataforma Selo Verde, gerenciada pelos órgãos estaduais de meio ambiente. Segundo Raoni Rajão, coordenador do Centro Tecnológico de Modelagem Ambiental da UFMG, sua importância ambiental reside na capacidade de “separar o joio do trigo”. Ele explica que o produtor que adota práticas corretas, protegendo suas áreas de vegetação nativa e não desmatando, terá maior facilidade no acesso ao mercado, valorizando assim sua produção e incentivando um agronegócio mais responsável.
A gênese da Ferramenta Selo Verde remonta a cerca de cinco anos atrás, quando pesquisadores da UFMG publicaram um artigo sobre a temática na conceituada revista Science, um dos periódicos científicos mais importantes do mundo. Na ocasião, o estudo trouxe à luz dados preocupantes: 20% das exportações agropecuárias provenientes da Amazônia e do Cerrado para o mercado europeu apresentavam fortes indícios de associação com desmatamento ilegal.
Após sua finalização e testes, a solução brasileira despertou grande interesse no cenário internacional, especialmente na União Europeia. Em setembro, um grupo de vinte embaixadores do bloco esteve em Belo Horizonte para um contato direto com a iniciativa e outras pesquisas focadas em sustentabilidade. A embaixadora da União Europeia, Marian Schuegraf, destacou que a visita ao Brasil tem como propósito impulsionar a expansão do programa de computador por mais estados brasileiros.
Esta visita se alinha com uma importante mudança regulatória global: a partir do início de 2026, a Europa passará a aplicar uma lei que vetará a importação de produtos agrícolas ou pecuários cuja origem esteja ligada a áreas desmatadas. A medida coloca o Brasil em destaque no debate sobre a rastreabilidade e a sustentabilidade de suas commodities. Informações sobre políticas de desmatamento ilegal e seu impacto global podem ser consultadas em fontes como World Wildlife Fund (WWF), que abordam as complexidades dessa questão mundial.
A eficácia da Ferramenta Selo Verde já é uma realidade para produtores como Wandir Monteiro Silveira, pecuarista do norte de Minas. Ele já possui a certificação e reforça a importância de sua propriedade estar em conformidade. Segundo Wandir, “é cada dia mais forte a presença da sustentabilidade dentro das nossas propriedades, porque hoje é possível produzir mais em menos”. O pecuarista enfatiza que uma área menor pode gerar uma produção significativamente maior do que grandes extensões, eliminando a necessidade de novos desmatamentos e reforçando a viabilidade de um agronegócio próspero e responsável. A Universidade Federal de Minas Gerais, situada em Belo Horizonte, continua a ser um polo de inovação na busca por soluções sustentáveis que beneficiem tanto a economia quanto o meio ambiente, e sua colaboração com a União Europeia é um exemplo do reconhecimento internacional desses esforços.
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Em suma, a Ferramenta Selo Verde da UFMG representa um avanço crucial para o agronegócio brasileiro, ao oferecer um mecanismo transparente e gratuito para combater o desmatamento ilegal e promover a sustentabilidade, com crescente reconhecimento internacional e alinhamento a novas regulamentações de mercado. Continue explorando nossas matérias sobre tecnologia e inovação no agronegócio e seus impactos econômicos em nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Jornal Nacional/ Reprodução

