Como Lidar com o Favoritismo no Ambiente de Trabalho?

Economia

Como Lidar com o Favoritismo no Ambiente de Trabalho? Essa é uma pergunta crucial que um administrador de 28 anos, com formação em administração e pós-graduação em finanças corporativas, enfrentou em sua trajetória. O dilema profissional, que toca em aspectos centrais da vida corporativa, envolve a complexa decisão de permanecer em um ambiente que fere valores pessoais ou buscar novos horizontes, afetando diretamente a saúde emocional e a integridade do profissional.

O percurso profissional do administrador começou com dois anos e meio de trabalho em uma organização. Em seguida, ele embarcou na aventura de empreender, dedicando dois anos ao próprio negócio. Após essa experiência, retornou ao regime CLT em uma nova companhia. Curiosamente, foi convidado a reintegrar sua antiga organização para atuar na área de planejamento, programação e controle da produção, atraído pela promessa de crescimento, mesmo que isso implicasse aceitar um salário inicial inferior. No entanto, sua volta foi marcada por situações que se chocavam com seus princípios.

Como Lidar com o Favoritismo no Ambiente de Trabalho?

Desde seu retorno, o colaborador identificou um cenário preocupante. Seu gestor parecia demonstrar favoritismo explícito por uma colega que ocupava a mesma hierarquia, com quem supostamente mantinha um envolvimento pessoal. Essa situação se agravava pela constante partilha de informações sigilosas com a colega e o cumprimento apenas parcial da promessa de revisão salarial. Adicionalmente, a referida colega estabeleceu laços de amizade com um membro da equipe do administrador por meio da oferta de presentes, um fato que resultou em uma severa quebra de confiança interna. As tentativas do administrador de dialogar abertamente com seu gestor sobre esses problemas foram infrutíferas, pois o gerente impedia qualquer discussão mais profunda, consolidando um ambiente desafiador e tóxico.

A especialista Dani Jesus, psicóloga, ativista e criadora do Currículo Oculto, aponta que o cenário descrito configura um ambiente eticamente disfuncional. Relações de favoritismo, a ausência de transparência e as assimetrias de poder são elementos que frequentemente minam a segurança psicológica e fomentam um profundo sentimento de injustiça. A professora Amy Edmondson, da renomada Harvard Business School, ressalta que a segurança psicológica é a pedra angular para o alto desempenho coletivo. Sem ela, a autenticidade dos colaboradores é suprimida, o diálogo franco desaparece e a confiança mútua se desintegra – um quadro que reflete exatamente a vivência do profissional em questão. Para entender mais sobre este conceito fundamental no ambiente corporativo, leia sobre a importância da segurança psicológica no trabalho.

Outro aspecto fundamental que Dani Jesus destaca é a ruptura do chamado contrato psicológico. Este conceito, desenvolvido por Denise Rousseau, abrange as expectativas não formalizadas entre o colaborador e a organização, que incluem promessas de reconhecimento, respeito mútuo e oportunidades de crescimento. Quando essas promessas são rompidas, mesmo que de forma parcial, há uma erosão significativa da confiança, impactando diretamente a motivação, o engajamento e a saúde mental do indivíduo. Essa situação é frequentemente denominada “cansaço moral”, uma exaustão que advém de ser forçado a agir em discordância com os próprios valores e princípios.

Diante de um contexto tão complexo, a consultora Dani Jesus propõe duas perguntas essenciais para guiar a reflexão do profissional: “O que ainda te conecta a essa empresa?” e “O que te custa permanecer?”. A primeira questão busca identificar se o ambiente ainda oferece um espaço legítimo para o desenvolvimento técnico, o fortalecimento curricular ou a aquisição de experiência estratégica. Se houver tais benefícios, uma opção viável pode ser a criação de um plano de permanência com prazo definido, concomitantemente à preparação para uma transição a um novo ambiente profissional. Nesse ínterim, o foco principal deve ser a proteção da própria energia e bem-estar, mantendo-se o máximo possível alheio às intrigas. É fundamental documentar os fatos, limitar as interações a um escopo estritamente profissional e buscar suporte fora da estrutura hierárquica direta, seja com o departamento de RH, mentores ou colegas de confiança.

A segunda pergunta, “O que te custa permanecer?”, convida a uma avaliação profunda sobre o preço de se manter em um local que ameaça a paz ou a integridade pessoal. Em muitas ocasiões, insistir em um ambiente prejudicial pode resultar em um custo mais elevado para a saúde e a vida do que o adiamento de uma mudança. Pesquisas conduzidas pela Gallup indicam que cerca de 70% das demissões voluntárias são motivadas pela relação com o gestor direto, e não primariamente pela empresa em si. Isso ocorre porque o vínculo mais determinante para a experiência profissional é o de liderança; quando essa relação se deteriora, a própria noção de sentido no trabalho tende a se perder completamente, afetando diretamente a performance e a satisfação do colaborador.

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Imagem: valor.globo.com

A decisão de partir não precisa ser impetuosa, mas deve ser tomada de maneira consciente e estratégica. É fundamental que o profissional use essa vivência como um ponto de inflexão para o autoconhecimento: o que o levou a aceitar o convite de retorno? O que essa experiência o ensinou sobre os limites éticos e morais que ele não está mais disposto a ultrapassar? Cada etapa do amadurecimento profissional inclui momentos em que se aprende a discernir que “isso não é sobre mim, mas sobre o sistema que me cerca”. Esse clareza mental é o que permitirá prosseguir sem ressentimentos, mas com uma visão nítida do futuro desejado.

Enquanto o profissional se organiza para uma eventual transição, Dani Jesus aconselha um cuidado redobrado com o próprio bem-estar. É crucial preservar a rotina, evitar o envolvimento em conflitos internos desnecessários e manter o foco naquilo que está sob seu controle: a qualidade de sua entrega, a construção e manutenção de sua reputação profissional e a sua própria serenidade. Caso a decisão de deixar a empresa seja tomada, a saída deve ser planejada e conduzida com dignidade. As experiências que testam nossa ética, embora possam ser dolorosas no momento, são frequentemente as que mais solidificam a bússola interna, orientando as próximas escolhas de carreira com maior segurança e sabedoria.

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O desafio do favoritismo no ambiente de trabalho é real e exige uma análise criteriosa para preservar a carreira e a saúde mental. Aprofundar-se nesses dilemas éticos e encontrar as melhores estratégias é fundamental para o sucesso profissional. Continue acompanhando nosso blog para mais Análises sobre o complexo universo corporativo e explore outras dicas valiosas em nossa editoria de carreira e gestão.

Foto: Freepik

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