Um alerta sobre o consumo de plantas desconhecidas foi emitido após quatro membros de uma mesma família serem internados por ingestão de falsa couve (Nicotiana glauca) em Patrocínio, na região do Alto Paranaíba. O incidente reacendeu a importância de saber diferenciar este vegetal altamente tóxico da couve verdadeira, que é amplamente consumida, a fim de prevenir sérias complicações à saúde, incluindo óbito.
A diferenciação entre a Nicotiana glauca e a couve comum é crucial para evitar quadros de intoxicação grave. As duas plantas possuem características distintas que, se observadas atentamente, podem prevenir acidentes. Um dos perigos reside na facilidade de confusão, especialmente quando os vegetais não são comparados lado a lado, o que torna imperativo o cuidado redobrado com a procedência e identificação de qualquer planta a ser consumida.
Falsa Couve: como diferenciar planta tóxica e evitar intoxicação
Conforme informações detalhadas pela professora Amanda Danuello, especialista em química de produtos naturais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a falsa couve, ou Nicotiana glauca, apresenta particularidades físicas notáveis. Suas folhas tendem a ser um pouco mais finas e possuem uma textura aveludada ao toque. A coloração característica da planta tóxica é um verde-acinzentado ou até mesmo um verde mais vibrante, diferente da couve verdadeira, que exibe folhas mais grossas e com nervuras bastante demarcadas. A professora ressalta que a maior segurança reside em não ingerir qualquer planta que não tenha origem comprovadamente segura e identificação inequívoca.
Entendendo a Toxicidade da Nicotiana glauca
A Nicotiana glauca, que também recebe outras denominações populares como charuteira, tabaco-arbóreo ou fumo bravo, é uma planta altamente perigosa, disseminada em vastas áreas rurais e às margens de estradas em todo o território brasileiro. Sua toxicidade é atribuída à presença de anabazina, um alcaloide potente que, uma vez ingerido, pode desencadear uma série de reações adversas severas no organismo. Os efeitos da anabazina incluem paralisia muscular e respiratória, com o risco latente de levar o indivíduo ao óbito.
A especialista da UFU adverte que não apenas a presença da substância tóxica é um fator de risco, mas também a maneira como a planta é preparada influencia diretamente a gravidade do quadro de intoxicação. O consumo da falsa couve, seja ela crua ou cozida, altera a quantidade de toxina absorvida pelo corpo, podendo agravar ainda mais os sintomas e complicações. Diante de qualquer suspeita de ingestão desta planta, a recomendação é clara e imediata: buscar atendimento médico sem demora, visto que não há um antídoto caseiro e a rapidez no socorro aumenta consideravelmente as chances de recuperação e evita sequelas graves.
Incidente em Patrocínio: Família Hospitalizada
O caso que trouxe à tona o perigo da falsa couve ocorreu em Patrocínio, Minas Gerais, onde quatro integrantes de uma mesma família foram internados em estado de saúde grave. Eles haviam consumido o vegetal durante o almoço, preparado como refogado, após ter sido colhido na chácara onde residem. Entre os indivíduos afetados estão uma mulher de 37 anos, um homem de 60 anos e outros dois homens, ambos com 67 anos. Durante o atendimento de emergência, todos os quatro pacientes sofreram paradas cardiorrespiratórias, um reflexo direto da severidade da intoxicação.
A situação clínica da família foi atualizada pela Secretaria Municipal de Saúde de Patrocínio. Na quinta-feira, 9 de novembro, um dos homens de 67 anos recebeu alta médica e se encontra bem, sem ter necessitado de intubação. Contudo, a mulher de 37 anos e os outros dois homens permanecem internados, em estado grave, intubados e em coma induzido. Segundo a secretária Luciana Rocha, o tempo de recuperação é incerto e depende da estabilidade dos pacientes. Uma criança de 2 anos, que também foi hospitalizada, permanece em observação por precaução, uma vez que não consumiu a planta.

Imagem: g1.globo.com
Para investigação, amostras da falsa couve encontrada na arcada dentária da mulher, juntamente com folhas do vegetal colhidas no local, foram encaminhadas para análise na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte. A apuração desses materiais é fundamental para a confirmação laboratorial da planta causadora da intoxicação.
Ações de Resgate e Investigação
O resgate da família ocorreu por volta das 15h da quarta-feira, 8 de novembro, com a atuação conjunta do Corpo de Bombeiros, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da Polícia Militar (PM). Os socorristas foram essenciais na reversão dos quadros de parada cardiorrespiratória das quatro vítimas no próprio local da ocorrência. Após os primeiros-socorros, os pacientes foram transportados em estado grave para a Santa Casa de Patrocínio e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
A Polícia Militar detalhou que a falsa couve foi colhida muito próxima à área da cozinha da residência da família, o que reforça a suspeita de uma falha na identificação do vegetal durante a preparação da refeição. A Perícia Técnica da Polícia Civil já recolheu amostras da planta para análise e verificação da presença de substâncias tóxicas, dando início a um inquérito para investigar as causas exatas deste envenenamento acidental. A secretária de Saúde de Patrocínio, Luciana Rocha, afirmou que a pasta está acompanhando de perto o caso, garantindo a celeridade e eficácia nos cuidados à família afetada. É fundamental seguir as orientações sobre plantas tóxicas disponibilizadas por órgãos de saúde como o Ministério da Saúde.
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A ocorrência em Patrocínio serve como um grave lembrete dos perigos inerentes ao consumo de plantas silvestres e da importância vital da identificação correta. Ficar atento às características da falsa couve, ou Nicotiana glauca, e evitar a ingestão de vegetais de procedência duvidosa são medidas cruciais para a proteção da saúde. Para mais informações e notícias sobre a segurança alimentar e incidentes em nosso país, continue acompanhando a nossa seção de Cidades.
Crédito da imagem: Foto: Polícia Militar/Divulgação
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