Curitiba recebe a Exposição Imersiva Povo Mura: narrativas indígenas, um projeto cultural que convida o público a mergulhar nas profundezas da memória e das vivências do povo Mura, originário da Amazônia brasileira. Aberta ao público a partir de segunda-feira, 27 de outubro, no Centro de Realidade Estendida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a mostra representa uma ponte cultural vital, conectando as tradições e a trajetória desse povo indígena diretamente à capital paranaense. A iniciativa, idealizada por Humberto Salgueiro, ex-aluno da PUCPR, foi concebida com a contribuição fundamental dos irmãos Darlison e Lucas Meireles, músicos e também ex-alunos da instituição, descendentes diretos dos Mura, que residem no norte do Paraná. Esta exposição inovadora é uma oportunidade gratuita para a comunidade conhecer de perto uma parcela rica e fundamental da cultura brasileira.
A experiência oferecida aos visitantes é completamente gratuita e estará disponível até o dia 11 de novembro, proporcionando aproximadamente duas semanas de imersão. A concepção por trás do projeto buscou criar um verdadeiro intercâmbio cultural, levando as narrativas do povo Mura para o sul do país. Humberto Salgueiro detalhou, em declaração à Agência Brasil, que “A gente uniu esse intercâmbio cultural de trazer lá do norte do estado a história do povo Mura, aqui para Curitiba.” Complementando a informação, ele assegurou que as sessões acontecem durante todo o dia, com horários estendidos das 9h às 21h, facilitando o acesso de diferentes públicos ao longo da semana.
Exposição Imersiva Povo Mura: Cultura Indígena na PUCPR
Para assegurar a participação nesta jornada cultural única, os interessados devem realizar o agendamento prévio da data e horário de sua visita através do site oficial do evento. A classificação etária para a exposição é livre, permitindo que pessoas de todas as idades, desde crianças a adultos e idosos, possam desfrutar do conteúdo apresentado, que aborda temas históricos e culturais com sensibilidade e didatismo. A concretização da exposição é resultado de uma parceria estratégica entre a produtora Click Arte Cultura e Educativos e o coletivo Puxirum. Este último, cujo nome tem um significado profundo na língua Mura – “trabalho coletivo” – reflete a essência colaborativa do projeto. Salgueiro ressalta o significado intrínseco de Puxirum: “O nome Puxirum que a gente traz no projeto é sobre um mutirão, um coletivo. A gente traz essa história, passada de gerações a gerações, porque é uma herança do povo Mura.” A viabilização financeira para este importante empreendimento cultural foi possível através do apoio da Lei Aldir Blanc de Incentivo à Cultura, com financiamento direto do estado do Paraná, destacando o compromisso com a preservação e difusão da cultura indígena.
A mostra integra de forma sofisticada a tecnologia imersiva com a sabedoria ancestral, fruto dos conhecimentos dos irmãos Darlison e Lucas Meireles. A tecnologia se manifesta através de projeções 360º que envolvem completamente o espectador, cenografia cuidadosamente elaborada e uma iluminação especial que simula diferentes momentos do dia e atmosferas da floresta amazônica. Além dos elementos visuais e sonoros, a exposição explora um componente olfativo marcante, com a introdução de aromas característicos da floresta, como destacou Humberto Salgueiro. Esta abordagem multifacetada foi projetada para criar uma experiência sensorial completa, onde os sentidos são aguçados e o ambiente amazônico é fielmente recriado dentro dos limites do centro de exposição.
A sinergia entre iluminação e sonorização é um dos pontos altos da Exposição Imersiva Povo Mura. Conforme Salgueiro descreveu, “A iluminação interage com o som. A gente monta a floresta, tem a cenografia das plantas.” O dia se inicia com uma iluminação diurna, acompanhada por sons provenientes do teto e das paredes, reproduzindo cantos de pássaros e ruídos de outros animais típicos do dia. Progressivamente, o ambiente é transformado para simular o entardecer e a noite, alterando os padrões de luz e os sons, que passam a incluir grilos e o murmúrio de animais noturnos. “A gente trouxe essa experiência para as pessoas verem e sentirem um ambiente bem diferente do que estão acostumadas,” afirmou o idealizador. A temática da exposição é ampla, abarcando desde a história dos Mura, a chegada dos europeus na Amazônia, até as consequências e a dispersão que esse povo sofreu ao longo dos séculos, apresentando um panorama rico e complexo de sua jornada.
A relevância do projeto vai além das paredes da PUCPR. Os idealizadores já manifestam a intenção de expandir o alcance da exposição sobre o povo Mura, com planos de levá-la inicialmente para outras cidades e regiões do Paraná, e subsequentemente para diferentes locais do Brasil. Humberto Salgueiro expressa confiança no potencial de crescimento e adaptação do conceito: “Acho que esse projeto pode expandir e trazer mais culturas para dentro dele.” Ele também reforça sua convicção de que a tecnologia contemporânea desempenha um papel crucial na facilitação e popularização do conhecimento sobre os povos originários da Amazônia. Segundo Salgueiro, o formato imersivo pode ser um poderoso catalisador: “Às vezes, fica muito mais atrativo as pessoas quererem participar de uma atração imersiva e conhecer esses povos originários, ribeirinhos, essa cultura que o nosso Brasil tem. É importante valorizar a cultura brasileira.” O povo Mura, cuja rica história e tradições são o foco desta mostra, ainda habita a Amazônia, concentrado especialmente na região de Autazes, no estado do Amazonas, próximo ao Rio Madeira.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Mais do que uma simples exibição cultural, a Exposição Imersiva Povo Mura estabelece um objetivo de educação ambiental, visando à valorização incondicional da cultura indígena brasileira. No dia da abertura oficial, foi notável o entusiasmo de estudantes de escolas públicas presentes. Eles demonstraram particular fascínio pelos cheiros do ambiente, pelas sensações evocadas pelas plantas, e tiveram a oportunidade de conhecer de perto elementos autênticos da natureza, como uma muda do Pau-brasil, a emblemática árvore que é símbolo do país. Este tipo de iniciativa é fundamental para aproximar as novas gerações das raízes culturais e da biodiversidade nacional. Para saber mais sobre os povos indígenas do Brasil e suas lutas, uma fonte relevante é o site da FUNAI.
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A Exposição Imersiva Povo Mura se firma como um evento cultural de grande importância, resgatando e celebrando a memória de um povo originário da Amazônia com uma abordagem inovadora e acessível. A valorização da cultura indígena, a educação ambiental e o uso da tecnologia para contar histórias ancestrais fazem desta mostra uma experiência imperdível em Curitiba. Convidamos nossos leitores a explorar esta e outras reportagens da nossa editoria de Cidades, mantendo-se atualizados sobre os acontecimentos culturais e sociais mais relevantes.
Crédito da imagem: Humberto Salgueiro/Divulgação




