Expansão de Centros de Distribuição é Impulsionada no Brasil

Economia

A expansão de centros de distribuição em território brasileiro está em ascensão, impulsionada por uma combinação estratégica de benefícios fiscais e localização geográfica vantajosa. As empresas de transporte e logística priorizam essas condições para modernizar suas infraestruturas e otimizar operações em todo o país, evidenciando um movimento robusto de crescimento no setor.

Os investimentos nesse segmento alcançaram, em média, 10% do faturamento das companhias em 2023, totalizando cerca de R$ 20 bilhões, conforme apontado por Marcella Cunha, diretora-executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL). Essa injeção de capital foca primordialmente na atualização de instalações, na implementação de novos sistemas de gerenciamento de transporte, no rastreamento avançado de mercadorias e na busca por maior produtividade. Atualmente, cada operador logístico gerencia, em média, 19 instalações, englobando armazéns, centros de distribuição, pontos de transbordo e terminais de cross docking, ressaltando a complexidade e abrangência das redes logísticas nacionais.

Expansão de Centros de Distribuição é Impulsionada no Brasil

A JSL, que se destaca como a maior operadora de logística do país, exemplifica essa dinâmica. Com uma frota impressionante de 6,4 mil caminhões e 4,3 mil implementos rodoviários, e uma receita líquida de R$ 2,38 bilhões no primeiro semestre de 2025 (data fornecida no original), a empresa opera 84 centros de distribuição, somando 1,7 milhão de metros quadrados dedicados à armazenagem. Ramon Alcaraz, CEO da JSL, atribui o crescimento da demanda a duas forças motrizes: a procura por mercados consumidores menos saturados e a adaptação estratégica das empresas frente ao panorama tributário nacional. Houve um deslocamento notável para capitais antes não tão visadas logisticamente, permitindo a aproximação de estoques dos clientes finais sem comprometer a importância dos grandes polos de consumo. Em paralelo, a emergência de regiões com novos incentivos fiscais acelerou a demanda por mais centros de distribuição, gerando uma convergência entre a descentralização logística e o ganho tributário.

Um dos municípios que mais se beneficiam desse cenário é Extrema, em Minas Gerais. Localizada a apenas 100 quilômetros da capital paulista, a cidade oferece atrativos como a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), variando de 2% a 6%, em contraste com os 18% de São Paulo. Adicionalmente, sua infraestrutura garante fácil acesso às principais rodovias do Sul e Sudeste do Brasil. A DHL Supply Chain, multinacional alemã, exemplifica o aproveitamento desses benefícios, ao inaugurar em Extrema um centro de distribuição moderno e sustentável para um varejista do setor esportivo, que demandou um investimento de R$ 70 milhões. Gabriela Guimarães, vice-presidente de operações e desenvolvimento de negócios da DHL, afirma que a empresa está à procura de outras áreas incentivadas em Minas, Espírito Santo e Santa Catarina, sempre buscando conexão com entroncamentos logísticos e portos de grande relevância.

Aproveitando Estratégias de Localização e Tributação

O Grupo Sada, um conglomerado focado em logística e transporte de veículos novos, concentrou seus aportes na construção de plataformas logísticas estrategicamente situadas perto dos maiores centros urbanos e de seus consumidores. Possui 28 centros logísticos em solo nacional, próximos aos principais hubs automotivos. Suas maiores bases operacionais incluem Igarapé (MG), Caçapava, São Bernardo do Campo e Sorocaba (SP), São José dos Pinhais (PR), Catalão (GO) e Goiana (PE). Essa abordagem, segundo Marcelo Loureiro, diretor comercial do Grupo Sada, visa entregar soluções que aceleram a logística veicular em toda a cadeia, permitindo que os clientes se dediquem aos aspectos centrais de seus negócios, como produção, corte de gastos, vendas e serviço ao cliente.

A necessidade de um atendimento mais ágil ao consumidor final também motivou a Midea Carrier, uma gigante na fabricação de eletrodomésticos e aparelhos de ar condicionado, a instalar seu mais recente centro de distribuição em Extrema. Rafael Schabbach, diretor de operações da Midea Carrier, explica que o objetivo central é encurtar os prazos de entrega para os canais de e-commerce. A empresa demonstra forte crescimento no Brasil, já tendo inaugurado três outros centros de distribuição em Itajaí (SC), Manaus (AM) e Canoas (RS). No ano anterior, a Midea Carrier investiu R$ 667 milhões em suas fábricas e planeja desembolsar mais R$ 200 milhões neste ano para novas linhas de refrigeradores e na planta de motores da Welling, em Santa Rita do Sapucaí (MG).

Logística Multicliente e Especialização Setorial

A ascensão do comércio eletrônico, aliada ao imperativo das empresas de manter estoques mais próximos dos consumidores para otimizar a velocidade de entregas, continua a ser um propulsor fundamental para essas movimentações logísticas, estendendo-se por regiões como o Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do país. A FM Logistic, empresa francesa que concentra 52% de suas operações em bens de consumo e 28% em cosméticos, já dispõe de uma área de armazenagem de 80 mil metros quadrados, distribuídos em centros de distribuição multiclientes localizados em São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em novembro, a empresa abrirá um novo centro de distribuição em Nova Santa Rita (RS), com um investimento que ultrapassa os R$ 10 milhões. Ronaldo Fernandes da Silva, presidente da FM Logistic do Brasil, destaca que o Rio Grande do Sul, e em especial Nova Santa Rita, firmou-se como um polo logístico vital, facilitando o acesso a diversos modais de transporte e à proximidade de importantes centros de consumo e distribuição. Para informações mais aprofundadas sobre o setor logístico e seus desafios no país, é possível consultar o site da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), entidade que representa e reúne dados importantes do segmento.

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Imagem: valor.globo.com

A Multilog, que administra centros de distribuição, recintos alfandegados e serviços de transporte, adota uma estratégia de especialização por setor. A empresa projeta um investimento de R$ 900 milhões entre 2026 e 2028, visando duplicar seu porte. Atualmente, destina recursos para infraestrutura especializada que atenda às demandas do polo de saúde em Alphaville, Barueri (SP), focando em logística para a indústria farmacêutica. Similarmente, investe no Armazém Geral Químico em Itajaí (SC), projetado para estocar e distribuir produtos como líquidos e gases inflamáveis. Djalma Vilela, presidente da Multilog, declara que o intuito é transformar cada centro de distribuição em uma vantagem competitiva para os clientes, integrando localização estratégica, infraestrutura customizada, gestão de estoque inteligente e inovação tecnológica para assegurar celeridade, segurança e eficácia logística, projetando um faturamento de R$ 3 bilhões até 2028.

Parcerias de Sucesso e Inovação Tecnológica

Muitos projetos especiais são delineados pelos operadores logísticos em colaboração, ou não, com seus clientes embarcadores. Os custos são, via de regra, distribuídos em múltiplos contratos, dependendo do número de clientes que também usufruem da mesma instalação, o que propicia ganho de escala ao operador logístico, segundo a diretora-executiva da Abol. A norte-americana Penske Logistics, com 17 operações e uma área de armazenagem superior a 380 mil metros quadrados, destaca no Brasil a central de distribuição e logística de peças que implantou em parceria com a Mercedes-Benz, em Itupeva (SP). Paulo Sarti, diretor-presidente da Penske no Brasil, descreve-o como um empreendimento de alta performance que abastece todo o território nacional e mais de 50 países, demonstrando a capacidade da empresa de entregar soluções específicas para setores com grande demanda, variados portes, prazos e complexidades de pedidos.

Para a multinacional italiana Farmina, especializada em soluções nutricionais para pets, o investimento de R$ 45 milhões na criação de seu primeiro centro de distribuição na América Latina, situado em Bragança Paulista (SP), além de garantir maior agilidade logística e aumentar a capacidade de armazenamento, abre caminho para um novo ciclo de expansão fabril. Esse novo CD permitirá que a fábrica atual aumente de duas para cinco linhas de produção, elevando a fabricação de 4 mil toneladas por mês para até 10 mil toneladas mensais, conforme detalha Marcelo Hara, diretor-geral da Farmina Pet Foods para a América Latina, que prevê investimentos adicionais de R$ 30 milhões para esse aumento produtivo. Os aportes da companhia no novo CD abrangem infraestrutura e tecnologias avançadas. As instalações mais recentes serão interligadas à fábrica por meio de um túnel, uma passagem subterrânea elevada em 16 metros. Dessa forma, os alimentos fabricados serão empacotados conforme os pedidos e seguirão rapidamente pelo túnel até o armazém, de onde serão expedidos aos 46 distribuidores parceiros, explica Hara.

A integração entre o capital humano e as tecnologias de ponta nas operações dos novos centros de distribuição em território nacional ganha relevo crescente nas estratégias dos operadores. Gabriela Guimarães (DHL) ressalta que o foco não reside na substituição, mas sim na sinergia da mão de obra humana com a automação, para gerar maior eficiência e bem-estar. Alcaraz (JSL) enfatiza que a tecnologia tem assumido, primordialmente, tarefas repetitivas e com menor grau de variabilidade. Ele cita como exemplos as rotinas administrativas de inserção de documentos em sistemas, agora executáveis por robôs, além do controle de portaria, já plenamente automatizado por totens e sistemas eletrônicos integrados aos transportadores.

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Em suma, a notável expansão dos centros de distribuição no Brasil reflete um setor logístico dinâmico e estrategicamente planejado. A confluência de incentivos fiscais, localização geográfica privilegiada e investimentos massivos em modernização e tecnologia está moldando um cenário de otimização e agilidade para empresas e consumidores. Para mais análises aprofundadas sobre o panorama econômico e de infraestrutura do Brasil, explore nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Divulgação