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Ex-ministro Bento Albuquerque Vê Caso das Joias Superado

O ex-ministro Bento Albuquerque, figura proeminente nos altos escalões da indústria nuclear, busca distanciar-se do polêmico caso das joias sauditas que envolveu seu ex-chefe, Jair Bolsonaro. Em uma declaração à Folha durante a Semana Atômica Mundial, realizada em Moscou, ele foi enfático ao afirmar que “é uma página virada”. A manifestação ocorre enquanto o almirante […]

O ex-ministro Bento Albuquerque, figura proeminente nos altos escalões da indústria nuclear, busca distanciar-se do polêmico caso das joias sauditas que envolveu seu ex-chefe, Jair Bolsonaro. Em uma declaração à Folha durante a Semana Atômica Mundial, realizada em Moscou, ele foi enfático ao afirmar que “é uma página virada”. A manifestação ocorre enquanto o almirante participa do maior evento do setor, reafirmando sua presença no cenário energético global.

Almirante da Marinha e ex-titular das Minas e Energia no governo anterior, Bento Albuquerque, de 67 anos, foi indiciado em junho do ano passado. O episódio que levou ao indiciamento diz respeito à tentativa de desembaraçar joias ofertadas pelo governo da Arábia Saudita, após uma visita diplomática ao reino em outubro de 2021. As joias em questão se tornaram um ponto central em investigações sobre possíveis desvios e uso indevido de bens públicos.

Ex-ministro Bento Albuquerque Vê Caso das Joias Superado

Em seu depoimento, o então ministro explicou que um conjunto de colar e brincos de diamantes seria destinado a Michelle Bolsonaro, esposa do presidente à época, enquanto um outro conjunto, composto por uma caneta e um relógio, seria para o próprio então presidente. Contudo, essa versão não convenceu a Polícia Federal (PF), que deu prosseguimento às investigações. Até o momento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) não apresentou denúncia formal sobre o caso, que abrangeu outras peças de joalheria que, segundo a acusação, teriam sido desviadas com o intuito de lucro pessoal para o ex-mandatário.

“Desde meu depoimento [em 2023], nunca mais me procuraram”, reiterou Albuquerque em breve conversa após sua apresentação no VDNKh, lendário centro de eventos da era soviética situado no norte da capital russa. O evento é patrocinado pela Rosatom, a gigante nuclear russa e um dos principais players globais do setor. Adicionalmente, em julho do ano anterior, a Comissão de Ética da Presidência aplicou uma censura a Albuquerque devido ao seu envolvimento no caso, medida que não acarreta efeitos práticos diretos. Em resposta à censura, ele desdenhou: “Isso não me preocupa. Foi uma decisão política, absurda”.

Transição para a Consultoria Nuclear: A Jornada de Bento Albuquerque

Após quase cinco décadas de dedicação à Marinha e três anos e meio de atuação no governo de Jair Bolsonaro, o almirante Bento Albuquerque embarca em uma nova fase profissional. Desde o início de 2024, ele atua como consultor da área nuclear para a Diamante Energia. O nome da empresa, curiosamente “Diamante”, tem sua origem em seu principal empreendimento: o parque termelétrico Jorge Lacerda, localizado em Santa Catarina.

A Diamante Energia, contudo, não está imune a envolvimentos em tramas políticas. A companhia é liderada por Pedro, sobrinho do influente Gilberto Kassab, que preside o PSD, ao lado do empresário Jorge Nemr. Ambos estão em Moscou na companhia de Albuquerque e de outros membros da equipe da Diamante, o que adiciona camadas ao cenário em que o ex-ministro opera.

Um dos aspectos mais discutidos em torno da empresa é o projeto aprovado em 2022, que estendeu até 2040 a obrigatoriedade de compra de energia gerada pela matriz de carvão, notadamente poluente. O complexo de Jorge Lacerda, pertencente à Diamante, representa a maior instalação de seu tipo no Brasil e é diretamente beneficiário dessa medida legislativa. “Não há nenhum conflito de interesse”, defendeu Albuquerque, esclarecendo que, quando políticos catarinenses apresentaram suas reivindicações em suporte ao projeto, o parque ainda estava sob o controle da Engie Brasil, que concluiu a venda da operação para o fundo que deu origem à Diamante em 2021.

A Diamante Energia foi pauta de reportagens da Folha em duas ocasiões neste ano. Uma das matérias apontava para a inserção de emendas controversas em projetos legislativos no Congresso, o que poderia, potencialmente, facilitar a instalação de uma termelétrica a gás na região de Brasília, uma iniciativa da Diamante em parceria com o empresário Jorge Suarez. A outra revelava que o governo contratou a compra de energia compulsória gerada em Jorge Lacerda por preços significativamente acima da média — 62% mais caros — do que os pagos por outros consumidores. Em ambos os contextos, a empresa consistentemente nega qualquer tipo de favorecimento político no setor, que atualmente tem Alexandre Silveira, do PSD de Kassab, como ministro. Por sua vez, Kassab afirma não possuir qualquer envolvimento com os negócios de seu sobrinho, que se recusou a falar com jornalistas na capital russa.

Ex-ministro Bento Albuquerque Vê Caso das Joias Superado - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

O Caminho do Setor Nuclear e os Microrreatores no Brasil

A palestra de Bento Albuquerque em Moscou, proferida em inglês, focou nos chamados reatores nucleares modulares (SMRs), que são usinas atômicas de tamanho reduzido. Essas unidades podem ser embarcadas em barcaças e transportadas para regiões remotas, apresentando uma solução para a distribuição energética em locais de difícil acesso. A Diamante Energia estabeleceu uma parceria estratégica com a russa Rosatom, que já opera a primeira usina flutuante nuclear do mundo e expressou forte interesse em expandir sua presença no mercado brasileiro.

A colaboração prevê um projeto ambicioso de R$ 60 milhões, com R$ 35 milhões financiados pela Finep, agência pública de fomento. O objetivo é montar microrreatores nucleares no Brasil, oferecendo uma solução energética ainda mais prática e flexível para comunidades isoladas. A agilidade na implantação desses microrreatores é um dos seus maiores diferenciais.

Para impulsionar a colaboração com os parceiros russos e outros agentes do mercado, o deputado Julio Lopes (Progressistas-RJ), presidente da frente parlamentar do setor nuclear, defende uma mudança legislativa urgente. Segundo ele, “Não há impedimento para a participação de minoritários, mas o mercado tem receios. É preciso um decreto sobre o tema, uma medida provisória. O ministro Silveira irá anunciar isso nos próximos dias”. Ecoando a mesma necessidade, Albuquerque afirmou que “Precisamos de regulação clara”, ressaltando a importância de um arcabouço legal que fomente a segurança e o investimento no setor.

Sua atuação ativa no cenário nuclear global também o levou a se tornar interlocutor do argentino Rafael Grossi, presidente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão vinculado à ONU. Recentemente, eles estiveram juntos em Viena, onde fica a sede da agência, e Grossi também marcou presença no evento de Moscou, reforçando o alinhamento de Bento Albuquerque com as lideranças e debates globais do segmento.

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Em suma, o ex-ministro Bento Albuquerque busca selar a questão do caso das joias como um capítulo encerrado, ao mesmo tempo em que consolida sua reputação no estratégico setor nuclear, em um período de intensa movimentação e potenciais novos projetos no Brasil. Para acompanhar outras notícias e análises sobre o cenário político brasileiro, continue explorando nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Igor Gielow/Folhapress

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