Um levantamento divulgado pelo programa Fantástico evidenciou que o ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, tinha pleno conhecimento de que estava sob juramento de morte por uma facção criminosa anos antes de ser executado. A declaração, obtida em vídeo pela reportagem, remonta a 2019 e foi proferida pelo próprio ex-delegado durante uma audiência judicial, parte do processo conhecido como “Bonde dos 14”, onde ele detalhou a existência de planos de atentados contra autoridades.
Ferraz Fontes foi assassinado em uma emboscada ocorrida em Praia Grande, litoral paulista, em circunstâncias que a polícia ainda apura. Em seu depoimento de 2019 à Justiça, ele narrou a descoberta de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) havia emitido ordens específicas para a execução de algumas autoridades, incluindo seu próprio nome. “Policiais fizeram uma investigação e descobriram que havia no meio do PCC uma ordem para matar algumas autoridades, e meu nome estaria entre elas. Era uma carta entre eles determinando essas mortes”, afirmou o delegado na ocasião, indicando que a ameaça era documentada internamente pela facção.
Ex-delegado Ruy Ferraz Fontes já sabia de ordens do PCC
Apesar do risco iminente, Ruy Ferraz Fontes manteve sua posição como delegado-geral da Polícia Civil até o ano de 2022, aposentando-se apenas no ano seguinte, 2023. No entanto, as ameaças contra sua vida não cessaram com sua saída da corporação. Um relatório mais recente, de 2024, batizado de “Bate Bola”, ao qual o Fantástico teve acesso, reitera os planos de atentados. Este documento detalha alvos potenciais, novamente incluindo o nome do ex-delegado Ferraz Fontes e, de forma preocupante, o do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, conhecido por sua atuação combativa contra o crime organizado.
O promotor Gakiya corroborou a persistência dessas ordens, ressaltando que o perigo não foi dissipado com o passar do tempo. “Essas ordens nunca foram retiradas, inclusive a minha, elas estão de pé”, confirmou Linkcoln Gakiya, evidenciando a natureza contínua e a seriedade das ameaças proferidas pelo grupo criminoso. Tal cenário sugere que o assassinato de Ferraz Fontes pode estar diretamente ligado a esses mandos, uma linha de investigação prioritária para as autoridades.
As Investigações Atuais e Prisões Efetuadas
A polícia civil intensificou as investigações sobre o assassinato de Ruy Ferraz Fontes, explorando atualmente duas frentes principais de apuração. A primeira e mais provável é a de que a execução seria uma vingança do PCC, confirmando as antigas ameaças conhecidas pelo ex-delegado. A segunda linha considera a possibilidade de o crime estar relacionado a questões inerentes à atuação de Ferraz Fontes como secretário municipal na prefeitura de Praia Grande, onde desempenhou papel de destaque em sua vida pública pós-aposentadoria da Polícia Civil. O objetivo é desvendar se há alguma motivação ligada às suas ações administrativas naquele período.
Até o presente momento, as forças de segurança lograram prender quatro indivíduos sob suspeita de envolvimento no atentado contra Ruy Ferraz Fontes. Entre os detidos estão: Daeshly Oliveira Pires, que teria sido responsável por providenciar um dos fuzis empregados no crime; Luiz Henrique Santos Batista, vulgo “Fofão”, suspeito de oferecer apoio na rota de fuga dos criminosos; Rafael Dias Simões, que se entregou às autoridades e é apontado como um dos participantes diretos da execução; e Willian Marques, proprietário da residência utilizada como base operacional pelos executores e que também se entregou à polícia para prestar esclarecimentos.

Imagem: g1.globo.com
Enquanto quatro suspeitos foram presos, a investigação prossegue em busca de outros três indivíduos que permanecem foragidos. São eles: Flávio Henrique de Souza, Felipe Avelino da Silva, conhecido como “Mascherano”, e Luiz Antônio Rodrigues Miranda, este último supostamente o mandante da busca pelas armas utilizadas na emboscada que resultou na morte do ex-delegado. A busca ativa por esses foragidos é uma prioridade, pois podem deter informações cruciais para o esclarecimento completo da dinâmica e dos mandantes do crime.
Os advogados dos acusados já se pronunciaram sobre as detenções e alegações. A defesa de Willian Marques, que cedeu a casa na Praia Grande para uso dos envolvidos, expressou surpresa com a decretação de sua prisão, reiterando a disposição de seu cliente em colaborar integralmente com as diligências policiais e judiciais. O advogado de Rafael Dias Simões, por sua vez, refutou veementemente qualquer participação de seu cliente no assassinato. Não houve contato com os representantes legais de Daeshly Oliveira Pires e Luiz Henrique Santos Batista até a publicação desta matéria. Para compreender melhor as dinâmicas de organizações criminosas no país, é relevante consultar reportagens sobre as operações policiais que miram tais grupos, buscando sempre fontes de alta autoridade e credibilidade no cenário jornalístico brasileiro.
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Em suma, a morte de Ruy Ferraz Fontes, que já conhecia as ameaças de morte do PCC, desencadeou uma complexa investigação que envolve tanto o passado combativo do ex-delegado contra o crime organizado quanto sua atuação recente na vida pública municipal. As autoridades continuam empenhadas em prender os foragidos e determinar a motivação definitiva por trás deste crime brutal, enquanto buscam consolidar todas as evidências para a completa elucidação do caso e a responsabilização de todos os envolvidos. Continue acompanhando a cobertura completa dos desdobramentos desta e outras notícias em nossa editoria de Cidades, e mantenha-se informado sobre os acontecimentos que impactam São Paulo e o Brasil.
Foto: Reprodução/TV Globo
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